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VIVENDO A PLENITUDE PENTECOSTAL - Sermão de 02/06/2024

Atualizado: 10 de jun.





Então ele mediu mais quinhentos metros e ali a água era um rio fundo o suficiente para atravessar a nado, mas fundo demais para atravessar a pé. Ezequiel 47.5


Introdução


Gostaria de introduzir essa reflexão partilhando uma parte de minha história com vocês. Eu sou um pecador que conheceu a Cristo e ao evangelho no movimento pentecostal. Ali, vivi vinte dois anos preciosos de minha vida. Colecionei aprendizados e saberes que até hoje me apoiam no exercício do meu ministério no Reino de Deus. Obviamente, o fato de hoje não fazer mais parte do movimento significa que conheci o suficiente das Escrituras para me afastar dele. Mas há uma coisa da qual eu não me afastei e jamais me afastarei.


Eu vivi uma experiência profunda com o Espírito Santo nos meus dias de pentecostalismo.


E, me perdoem nossos irmãos reformados que me ouvem, o que eu vivi não foi um "mix" de emoções, um mimetismo ou uma aculturação porque o meu ambiente exigia tal vivência. Não, em absoluto.


No ano de 1998, o Senhor Jesus encontrou esse miserável pecador que sou. Eu estava em pedaços, era um conglomerado de fragmentos, ídolos, crenças erradas e muitos pecados dos quais hoje me envergonho. Mas Ele me achou, me lavou no Seu precioso sangue e me encheu do Espírito Santo pela primeira vez.


E desde então, nunca mais fui o mesmo! É sobre isso que pretendo falar na primeira reflexão dessa nova série "O Espírito e a Igreja".


Hoje mesmo, podemos viver uma genuína e bíblica experiência pentecostal.






O TIPO DE PENTECOSTAIS QUE SOMOS



Acho muito importante iniciar essa reflexão definindo com clareza o que é o pentecostalismo, porque a percepção de boa parte de nós não reflete o que de fato representa essa tradição.



Aqui no Brasil, criou-se um 'espantalho' a respeito do que significa ser pentecostal, associando a tradição com excessos e algazarras. Afirma-se ser "pentecostal" aquele que faz acrobacias em cultos cristãos e que exibe suas línguas "super estranhas" enquanto fala alvoroçado em um microfone ou canta corinhos de 'fogo'.



Historicamente, isso nunca foi pentecostalismo e sempre foi baderna. E, sim, eu já fui um baderneiro 'puro sangue'.



O que é de fato, o pentecostalismo?


O pentecostalismo é uma tradição cristã vibrante e dinâmica que enfatiza a experiência pessoal com Deus através do Espírito Santo. Originado no início do século XX, este movimento destaca-se pela crença nos dons espirituais como manifestações contemporâneas do poder de Deus. Os pentecostais valorizam uma fé viva e prática, marcada por um profundo senso de comunidade e um fervoroso compromisso com a evangelização. Essa tradição não só revitaliza a espiritualidade individual, mas também promove transformações sociais e culturais, refletindo o impacto contínuo do Espírito Santo na vida dos crentes.


É nesse pentecostalismo que acreditamos e é esse tipo de pentecostais que somos.




JESUS PROMETE ENVIAR O ESPÍRITO SANTO



Nos dias de Seu ministério, o Senhor Jesus Cristo preparou os discípulos para a sua partida e também para a vinda gloriosa do Espírito Santo.


Dentro do plano eterno de Deus, era necessário que Cristo morresse por nossos pecados, ressuscitasse dentre os mortos, voltasse aos céus e enviasse o Consolador para reunir seus eleitos e capacitá-los no cumprimento do plano de redenção determinado pela Trindade.


Todavia, digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei. João 16.7

Neste plano, Deus havia determinado derramar abundantemente Seu Espírito sobre o seu povo. A efusão do Espírito foi prometida no Antigo Testamento, pela profecia de Joel. Essa profecia tratava-se da constituição do povo da Nova Aliança (que é a igreja) e do poder sobrenatural que cairia sobre ele como parte de sua formação e missão!


E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões. E, também, sobre os servos e sobre as servas, naqueles dias, derramarei o meu Espírito. Joel 2.28,29

Jesus se apropriou dessa profecia para preparar os discípulos para a vinda gloriosa do Espírito Santo. Primeiro, Ele soprou sobre seus apóstolos, dizendo assim: "Recebei o Espírito".


Disse-lhes, pois, Jesus, outra vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós. E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. João 20.22

Obviamente, os discípulos não receberam aqui o Espírito da mesma forma que nós recebemos hoje, porque Cristo ainda não havia sido glorificado (Jo 7.39).


Somente quando Cristo se assentasse no trono de Sua glória o Espírito seria enviado como uma efusão poderosa e vivificadora.


Quando ele falou de “água viva”, estava se referindo ao Espírito que seria dado mais tarde a todos que nele cressem. Naquela ocasião o Espírito ainda não tinha sido dado, pois Jesus ainda não havia sido glorificado. João 7.39

Na doutrina de Jesus, a vinda do Espírito Santo representava tanto a regeneração, isto é, o novo nascimento dos crentes, quanto o revestimento de poder para o serviço.


Ela é o ápice do plano de redenção, formando a Igreja e capacitando-a para viver com poder a Nova Aliança.


E eis que sobre vós envio a promessa do meu Pai: Ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder. Lucas 24.49

Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias. Atos 1.5

Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra. Atos 1.8

Estes três versículos, longe de serem uma regra normativa, apontavam historicamente para o que aconteceria no Dia de Pentecostes, que é frequentemente visto como o momento que inaugura a nova aliança em Cristo de maneira plena e poderosa.


Embora a nova aliança tenha sido estabelecida por Jesus através de Sua morte e ressurreição, o Pentecostes marca a realização e a manifestação concreta desta aliança por meio do derramamento do Espírito Santo.


E, CUMPRINDO-SE o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas, por eles, línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. Atos 2.1-4


NO QUE DIFERE NOSSA PERCEPÇÃO DA VINDA DO ESPÍRITO DOS PENTECOSTAIS CLÁSSICOS?



Essa percepção maravilhosa da efusão do Espírito no Pentecostes, contudo, não é interpretada por nós, pentecostais reformados, como algo diferente da própria conversão.


O evento de Atos 2, interpretado à luz de toda a história da redenção, nos mostra que o que se deu ali foi a inauguração da nova aliança com a regeneração dos discípulos e a sua capacitação inicial para o testemunho do evangelho.


Por isso, pentecostais reformados entendem que a morte de Jesus na cruz e a sua ressurreição permitem que, pelo ministério do Espírito, cada cristão viva o seu próprio pentecostes. Ele acontece quando há o arrependimento dos pecados e o recebimento de Jesus como Senhor e Salvador.


O batismo no Espírito é, para nós, a própria conversão. Sendo assim, cremos que todo cristão regenerado já é batizado pelo Espírito.


Paulo parece concordar com esse posicionamento escrevendo aos coríntios:


Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito. 1 Co 12.13

Esse é o motivo de não usarmos a expressão "batismo no Espírito" quando nos referimos ao revestimento de poder, para que nossa crença não se confunda com a de pentecostais clássicos.


E, diferente deles, também não entendemos que o falar em línguas pela primeira vez evidencie a realidade dessa experiência.


Essa percepção se dá por alguns pontos, que destacamos:


Primeiro, em outras passagens de Atos, onde o Espírito é derramado no avanço evangelístico da igreja, as línguas nem sempre são mencionadas (At 8.15-17 por exemplo). Isso parece demonstrar que nos primórdios da igreja, o fenômeno de línguas poderia se manifestar, mas não de forma normativa.


Os quais, tendo descido, oraram por eles, para que recebessem o Espírito Santo. (Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido; mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus.) Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo. Atos 8.15-17

Além disso, Paulo posiciona as línguas como um dos dons do Espírito, e afirma que nem todos os crentes o recebem. Se tal fenômeno fosse normativo, essa restrição não seria apontada na doutrina do apóstolo.


Têm todos o dom de curar? falam todos diversas línguas? interpretam todos? 1 Coríntios 12.30


EXISTE, ENTÃO, UMA PLENITUDE PENTECOSTAL?



Sim, certamente. Na conversão, recebemos tudo o que é necessário para nossa posição diante de Deus.


Mas não recebemos tudo o que é necessário para a vida cristã vitoriosa.


Por isso, precisamos da vida cheia do Espírito.


Não temos um nome pomposo ou teológico para essa experiência, apenas a chamamos de enchimento do Espírito, que é a expressão utilizada na Bíblia.


E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito, Ef 5.18

John Piper, renomado teólogo reformado, afirma que enquanto a vinda inicial do Espírito sobre o crente é a causa da conversão, que nos liberta da morte espiritual e nos introduz no corpo de Cristo, os crentes devem buscar contínuos novos enchimentos de poder, para viverem vidas piedosas, separadas do pecado e capacitadas para cumprirem a missão de Deus.


Na conversão o crente recebe o Espírito. Na plenitude pentecostal o crente é cheio do Espírito.


Perceba que a Igreja que foi cheia do Espírito em Atos 2 buscou um novo enchimento do Espírito em Atos 4.


A mesma igreja, na mesma cidade, mas buscando um novo mergulho sobrenatural no Deus Espírito Santo.


E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de Deus. Atos 4.31

Os cristãos devem diligentemente buscar esses novos enchimentos de poder.


Martin Llyod Jones, importante avivalista reformado, estimulava sua igreja a vencer a apatia espiritual buscando esses enchimentos do Espírito como algo distinto da conversão.


Para ele, a conversão sera "o selo do Espírito" (Ef 1.13), como garantia de salvação, segurança e propriedade de Deus. Nós adotamos essa mesma posição doutrinária.


Agora vocês também ouviram a verdade, as boas-novas da salvação. E, quando creram em Cristo, ele colocou sobre vocês o selo do Espírito Santo que havia prometido. O Espírito é a garantia de nossa herança, até o dia em que Deus nos resgatará como sua propriedade, para o louvor de sua glória. Efésios 1.13,14

Já o enchimento do Espírito, para ele, seria uma experiência subsequente, que podia ser repetida diversas vezes ao longo da vida cristã, garantindo novos ciclos de refrigério, renovação e transformação espiritual cada vez mais profunda. Isso também é uma doutrina que professamos localmente.


E os discípulos estavam cheios de alegria e do Espírito Santo. Atos 13.52

Essa vida cheia do Espírito é a que nos liberta da rotina, da apatia, da falta de paixão pelo evangelho e pela glória de Deus.


Por ela, somos habilitados a nos movermos com poder no cumprimento da missão e na busca por uma vida cada vez mais santificada. São nesses enchimento que experimentamos a dinâmica dos dons carismáticos e vivemos experiências profundas com Deus.


A Igreja precisa ser cheia do Espírito!



COMO BUSCAR ESSA EXPERIÊNCIA?



A Bíblia não nos dá um passo a passo meticuloso para sermos cheios do Espírito. Mas ela nos fala a respeito do Espírito, que é uma das Pessoas Divinas, é o nosso Deus e deve ser buscado e adorado como tal.


Desse modo, parece ser natural que o enchimento do Espírito seja resultado de uma busca desesperada por uma experiência transformadora com Deus, mediante:


  • o arrependimento,

  • a confissão de pecados,

  • a oração,

  • a obediência,

  • a comunhão,

  • e a adoração.


Todos eles se reuniam em oração com um só propósito, acompanhados de algumas mulheres e também de Maria, mãe de Jesus, e os irmãos dele. Atos 1.14

O ponto mais importante, contudo, é não cairmos no erro pentecostal de fazer dessa plenitude um fim em si mesma, com a única fidelidade de satisfazer nosso desejo de comunhão com Deus.


O enchimento do Espírito tem o propósito de nos habilitar para uma vida vitoriosa, cumprindo a missão de Deus e desenvolvendo nossa santificação. Se o nosso desejo não é o de obedecer a Deus e nos lançarmos em seu propósito, não seremos verdadeiramente cheios do Espírito.



CONCLUSÃO


Infelizmente, a maior parte dos cristãos de nossa geração não testemunharam uma legítima experiência pentecostal, mas imitações baratas, reduzindo algo de valor eterno a brincadeirinhas de quarta série, corridas, danças e balbúrdias sem valor, que só envergonham o evangelho.


Mas eu sei o que vivi... e me recordo daquela maravilhosa noite em que recebi de verdade a plenitude pentecostal enquanto cantava no coral de jovens da igreja a que pertencia.


Ali, derramei todas as lágrimas que estavam represadas dentro de mim. Chorei ardentemente desejando sentir o fogo da glória de Deus. Cheguei do culto em meu lar fervendo de amor pelo Senhor Jesus e pela Sua Palavra.


Dobrei meu joelho na cama para orar e passei horas ininterruptas orando em um idioma que não havia aprendido. Isso se repetiu por muitas noites.


O resultado disso foi uma paixão renovada pela Palavra de Deus e um desejo ardente por levar almas para Cristo pregando com poder a mensagem da cruz. Pela graça de Deus e movido por esse fogo, discipulei dezenas de pessoas, levando-as ao batismo em águas e a um compromisso com Jesus. Algumas delas estão aqui hoje servindo a Deus!


Essa chama ardeu em meu coração até me conduzir a esse momento ministerial. A Igreja Pentecostal Reformada nasceu do meu desejo de ver este avivamento ampliado, com mais e mais vidas sendo mergulhadas na vida sobrenatural que Nosso Senhor Jesus conquistou ao morrer por nossos pecados e ressuscitar para nossa justificação!


E, até hoje esse fogo não se apagou! Quando me vejo apático, cético, desconectado, eu dobro meus joelhos, peço perdão ao meu Senhor e lhe digo: "Pai, faça de novo! Não permita que a chame se apague".


São nesses momentos que me vejo novamente mergulhado nos rios do Espírito, para novas e transformadoras aventuras que podem ser vividas por todos aqueles que crêem no evangelho pleno!


Meu coração ouviu tua voz dizer: “Venha e entre na minha presença”, e meu coração respondeu: “Senhor , eu irei!”. Salmo 27.8

O Senhor nos chama para esse mergulho sobrenatural...


É o momento de abandonarmos o pecado e nos lançarmos em uma busca desesperada pelo toque transformador do Espírito!


Peça para Ele tocar no seu íntimo! Há novos e recorrentes enchimentos do Espírito reservados para a Igreja! Busque o seu nessa manhã!


Onde estão aqueles que nos ajudarão a levar o evangelho aos idosos da cidade? Onde estão aqueles que farão nascer um projeto social para tirarmos adolescentes da criminalidade? Onde estão aqueles que pregarão o evangelho em cada viela dessa comunidade?


O Espírito Santo quer encher seu coração com a Sua presença! E quando Ele te tocar, nunca mais você será o mesmo!



Pastor Sérgio Fernandes

Pastor Titular da IPR

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