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Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo? - Sermão 28/11/2021

Atualizado: 27 de fev. de 2022



Senhor, quem habitará no teu santuário? Quem poderá morar no teu santo monte? Aquele que é íntegro em sua conduta e pratica o que é justo, que de coração fala a verdade e não usa a língua para difamar, que nenhum mal faz ao seu semelhante e não lança calúnia contra o seu próximo, que rejeita quem merece desprezo, mas honra os que temem ao Senhor, que mantém a sua palavra, mesmo quando sai prejudicado, que não empresta o seu dinheiro visando lucro nem aceita suborno contra o inocente. Quem assim procede nunca será abalado! Salmos 15:1-5


Introdução


Esta é a nossa última ceia de 2021 e após um ano bastante desafiador, podermos chegar aqui é um milagre que não pode ser ignorado. Qualquer pessoa com o mínimo de temor sabe que enfrentamos um inimigo invisível que ceifou milhares de vida e estarmos vivos para agradecer deve ser motivo de gratidão. Enquanto refletia sobre isso, e também por estar lendo o livro "O Poder do Evangelho e Sua Mensagem", de Paul Washer, o Salmo 15 veio a mim como um fagulha de alegria no coração. Reconheço que toda a nossa alegria, esperança e convicção residem unicamente no evangelho que nos foi revelado na Escritura e este salmo nos faz enxergar com bastante clareza os termos do evangelho cristão. É exatamente sobre isso que desejo refletir nesta manhã com vocês!







a nossa leitura bíblica costuma ser meritória


O primeiro erro que podemos cometer ao ler um texto bíblico é igualá-lo com os atuais manuais de auto-ajuda modernos. Neste caso em particular, o salmo 15 parece, em uma leitura superficial, um passo a passo para obtermos sucesso. Sua sucessão de conselhos éticos e morais para se obter uma vida inabalável parece casar com aquilo que os coachs tem ensinado em seus seminários milionários. A Bíblia, contudo, não é um livro de fórmulas mágicas e receitas de sucesso, ela é um conglomerado de escritos que visa unicamente desvendar o que Deus fez desde a eternidade passada para resgatar para si o povo que Ele escolheu. Por isso, reduzir a leitura bíblica a um moralismo morto, desconectado da realidade e sem uma observação de todo o contexto do restante das Escrituras reduzirá e muito o impacto de sua mensagem.


Eu afirmo isso porque, num primeiro momento, um homem maduro, seja ele cristão ou não, pode ler esse salmo e se enxergar nele. Integridade, justiça, verdade, honra e misericórdia, embora sejam temas que tenham nascido na ética judaico-cristã, fazem parte de qualquer código moral da sociedade atual. Então, quando estamos carregados de mérito, de autojustiça e desconhecemos a escuridão de nosso próprio coração, podemos pensar que o simples fato de remetermos a esses princípios seria o bastante para resolvermos nossas pendências com Deus. O pecado tem essa incrível capacidade de maquiar o quão maligno é o nosso coração e ele faz isso travestindo nossa natural inclinação para o ego de virtude e até mesmo de religiosidade. A maior parte daqueles que não professam a fé em Deus se escondem dessa forma: "eu não preciso de Deus, ou de uma religião, para fazer o que é certo". E aqui reside o ponto onde precisamos entender o que de fato o salmista queria transmitir.



deus é santo, e por vivermos em seu mundo, devemos seguir suas leis e propósitos


De fato, se um homem conseguisse viver de modo perfeito e resoluto todas as virtudes que existem na lei moral de Deus, não haveria nenhum único pecado a ser imputado em sua vida. Deus é justo! Ele jamais cobrará o pecado de um homem bom. A própria Escritura afirma isso:


Portanto, guardem os meus estatutos e os meus juízos. Aquele que os cumprir, por eles viverá. Eu sou o Senhor. Levítico 18:5

A grande questão que o salmista levanta no Salmo 15 é que Deus exige daqueles que o buscam em adoração que estes guardem perfeitamente a sua lei. Ao perguntar "Quem habitará no seu santo monte?", Davi não está oferecendo uma vaga de emprego apresentando as competências desejadas. Ele está,na verdade, se lamentando sobre a impossibilidade de se atingir ideiais tão altos e com tamanha perfeição que é exigida pela santidade de Deus. O salmo 15 não é o grito de vitorioso daqueles que podem atingir os padrões de Deus, mas o lamento daqueles que reconhecem que nada tem a oferecer. A santidade de Deus exige do homem perfeição absoluta. Tiago reconheceu isso com muita clareza.


Pois quem guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos. Tiago 2:10

Então, querido irmão, eu acredito que você tenha momentos de integridade, mas você é integro o tempo todo? Eu acredito que voce seja verdadeiro, mas nunca escapa uma mentira ou uma meia verdade? Eu sei que você é generoso todo final de ano com aqueles que mais precisam, mas não costumamos ignorar a dor do nosso semelhante no restante dos dias? Da perspectiva humana, podemos até sermos considerados bons, mas da pespectiva divina, o fato de não sermos bons o tempo todo nos coloca na condição de sermos maus. É isso que Deus enxerga em nós, segundo a Escritura.


Que se conclui? Temos nós alguma vantagem? Não, de forma nenhuma. Pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado. Como está escrito: “Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus. Todos se desviaram e juntamente se tornaram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. Romanos 3:9-12

Entender isso deixa cada elemento do grande drama da redenção no seu devido lugar.


Deus é tão santo como Ele afirma ser

E eu preciso reconhecer isso para o bem da minha alma. A santidade de Deus faz com que ele sinta repulsa pela maldade latente de nosso coração. Deus é tão puro e santo que não pode conviver com nenhum resquício de impureza. Por isso, sua justa indignação contra a nossa raça humana é legítima, uma vez que o homem, no seu estado de pecado, vive um espiral de egoísmo, ódio, luxúria e carnalidade, sem render gloria ao Deus que o criou:


"Diga o seguinte a toda comunidade de Israel: Sejam santos porque eu, o Senhor, o Deus de vocês, sou santo. Levítico 19:2

O pecado é tão grave quanto a Escritura afirma que ele é

E eu devo reconhecer isso para sentir, de fato, arrependimento bíblico e sede de salvação. Qualquer tentativa de minimizar o pecado é um caminho arenoso e que nos levará a um falso evangelho, que não é o de Cristo. O pecado é mal! Ele nos destituiu da glória de Deus e ele recompensa quem vive debaixo de seu jugo apenas com a morte.


Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; e o seu ouvido não está surdo, para não poder ouvir. Mas as iniquidades de vocês fazem separação entre vocês e o seu Deus; e os pecados que vocês cometem o levam a esconder o seu rosto de vocês, para não ouvir os seus pedidos. Isaías 59:1,2

Eu sou tão mal quanto a Bíblia afirma que eu sou

E enquanto não reconhecer isso, o evangelho bíblico parecerá para mim loucura e eu serei incapaz de enxergar toda a sua beleza. A percepção do pecado em nosso coração é uma obra de Deus que, pelo Espírito Santo, nos convence de que nosso coração está em desacordo com a lei de Deus e com a sua vontade. Enquanto seguirmos o curso natural da vida, nos sentiremos bons o bastante para merecermos o bem de Deus. Mas quando somos iluminados pelo Espírito, perceberemos o quanto somos ingratos e obstinados. Somente assim compreenderemos que nada merecemos de Deus, mas tudo podemos receber dele mediante a Sua Graça, que é poderosa para salvar os pecadores.


Jesus respondeu: — Por que você me chama de bom? Ninguém é bom, a não ser um, que é Deus. Lucas 18:19

E Deus é tão bom quanto afirma ser

A ponto de ofertar graça para pecadores que merecem dele apenas a sua justiça e justa condenação pela rebeldia do seu coração. Deus não é injusto! Ele dá ao homem justiça ou misericórdia. Para aqueles que prosseguem na obstinação do seu coração, à sua justiça será dada no devido tempo, mas para aqueles que reconhecem seus pecados e buscam o perdão, a sua misericórdia nascerá como o amanhecer, trazendo luz para as suas trevas, revelando a glória do Sol da Justiça, nosso Bendito Salvador Jesus!


Pois ele diz a Moisés: “Terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia e terei compaixão de quem eu tiver compaixão.” Romanos 9:15

Irmãos e amigos que me ouvem, não há a possibilidade de respondermos essa pergunta do salmista sem temor no coração: "Senhor, quem habitará no teu santuário? Quem poderá morar no teu santo monte?" Eu não posso por mim mesmo habitar lá... por causa dos meus pecados, não sou digno de morar no monte de Deus. Como podemos nos livrar dessa horrível e assustadora condição? O Senhor do tabernáculo e o dono do monte nos revelou o que devemos fazer.



deus ofereceu seu filho como substituição pelos nossos pecados


A fim de salvar aqueles que Ele destinou para a salvação, Deus enviou Seu Santo Filho Jesus a fim de morrer para perdoar os seus pecados. A justiça de Deus exige a reparação pelos pecados cometidos e por isso, é necessário que os pecados sejam punidos. Por isso, quando Cristo sobe à cruz, Ele, que viveu uma vida perfeita e sem pecado algum, representa ali cada um daqueles que receberá de Deus o dom da salvação. Ele leva sobre si nossos pecados e sofre na cruz a punição que seria nossa. Isaías escreveu a respeito dessa obra de Jesus Cristo cerca de setecentos anos antes da sua encarnação e aquilo que ele descreveu cumpriu-se cabalmente.


Mas ele foi traspassado por causa das nossas transgressões e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu próprio caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós. Isaías 53:5,6

Os pecados de todos que serão salvos foram colocados sobre Cristo enquanto ele estava naquele madeiro. Por seis horas, enquanto sangrava e agonizava na cruz, ele sofreu o castigo que seria nosso, e esse castigo não foi somente fisico, pelo contrário, na cruz Jesus sentiu a ira de Deus e a condenação que sofreríamos se não houvéssemos sido despertados pelo evangelho e crido nEle para salvação.


Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando ainda éramos pecadores. Romanos 5:8

A morte de Cristo foi necessária para que os meus pecados fossem perdoados. Mas a boa notícia que pregamos e anunciamos é a de que a morte não pôde contê-lo. A Escritura afirma que ao terceiro dia, Jesus Cristo ressuscitou dentre os mortos e foi visto por centenas de testemunhas. A verdade história do cristianismo é que o fundador de nossa fé morreu por nossos pecados, mas ressuscitou para nossa justificação.


Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós, para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus. 2 Coríntios 5:21

Isso significa que a morte de Cristo na cruz não se resume apenas a perdoar os nossos pecados. Se a salvação fosse apenas isso, nós a perderíamos segundos após a termos recebido, pois embora o perdão nos dê uma vida nova, a nossa velha vida permanece dentro de nós e ela ainda nos conduzirá pelos perigosos caminhos do pecado. Ao morrer na cruz Cristo perdoa os nossos pecados e nos dá em troca deles a vida perfeita que Ele viveu. Por isso, todos os que recebem o dom da salvação são perdoados de suas ofensas e são revestidos com a própria justiça de Cristo.


o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou para a nossa justificação. Romanos 4:25

Desse modo, quando Deus nos chama à sua presença, não nos apresentamos mais com os trapos imundos de nossas obras carnais, pecaminosas e meritórias, mas pelos méritos daquele que nos salvou. Em nossa vida de pecados, não poderíamos nos aproximar de Deus. Mas agora, como filhos de Deus perdoados e revestidos com a justiça de Cristo, somos convidados para a mesa do banquete e com ousadia, podemos nos achegar não no monte ou no tabernáculo, mas na própria presença de Deus, o Santo dos Santos, onde podemos receber da sua graça e da misericórdia.


Portanto, meus irmãos, tendo ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, Hebreus 10:19

Portanto, aproximemo-nos do trono da graça com confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça para ajuda em momento oportuno. Hebreus 4:16

Quem Senhor, habitará no teu tabernáculo? Quem poderá morar no seu santo monte? Esse lugar foi preparado para todos aqueles que arrependidos dos seus pecados, buscaram abrigo na morte e na ressurreição de Jesus Cristo! Por isso, Ele nos chama para vivermos diante dEle! Deixe para trás a bagagem pesada desse mundo, renuncie as ilusões banais dessa vida e se apegue fortemente com aquEle que pode nos libertar da ira futura!


Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece. João 3:36

Conclusão


A consciêcia de nossa pecaminosidade não deve ser uma desculpa para nos afastarmos de Deus, mas um convite gracioso para encontrarmos nele salvação. Você pode estar hoje com a sua consciência agitada, ferida, refletindo naquilo que ouviu e talvez dizendo: "isso é para mim?". Assim como um doente procura um médico para se tratar e ser curado, busque hoje o Médico dos Médicos para receber dEle graça e salvação. Não importa quão grave seja seu estado, aquEle que subiu a cruz para salvar é poderoso para transformar o mais vil pecador. A salvação já foi conquistada na cruz. Ouça a voz do Bom Pastor e atenda o chamado que pode te salvar! Que Ele te abençoe!


Pastor Sérgio Fernandes

Pastor Titular da IPR




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