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Quantas refeições podemos oferecer com R$ 700,00?

Atualizado: 8 de abr. de 2022




Pastoreando igrejas locais há 14 anos, pude vivenciar muitas histórias. Em uma delas, me recordo de um evento que organizei em uma das igrejas que pastoreei onde o preletor convidado solicitou uma ajuda de custo no valor de R$ 700,00 para nos trazer a ministração da palavra de Deus. O deslocamento do mesmo e os possíveis custos envolvendo sua participação nem de longe justificariam o investimento. Contudo, para não entristecer os demais organizadores, trouxe o convidado e ele recebeu a ajuda solicitada. Todo mundo ficou feliz, mas fiquei com uma reflexão desde aquela noite, um pensamento que norteou algumas das decisões que tomei nos anos seguintes, inclusive, a de me desligar do pentecostalismo.


O movimento evangélico brasileiro, em especial pentecostais e neopentecostais, produziu uma categoria de oradores profissionais que tem feito do povo de Deus uma fonte recorrente de lucros (2 Pe 2.3). Eu não desmereço, com essa fala, os genuinamente chamados para tal ministério, mas a itinerância neotestamentária era tipicamente plantadora de igrejas e não tinha a finalidade de promover entretenimento religioso, como vemos nos dias hodiernos. A aura de celebridade que é dada a tais oradores profissionais leva muitas igrejas locais a desprezarem obreiros vocacionados que dão a vida pela obra de Deus. Além disso, as cifras exorbitantes cobradas mostram que, para alguns, ministério é prestação de serviço e a mensagem do evangelho, um produto a ser oferecido, algo que certamente não corresponde aos ideais que encontramos no NT. Me recordo de ter recebido “orçamentos” desses camaradas cobrando cifras exorbitantes, um deles, da minha própria cidade, pediu R$ 1200,00 para uma única ministração em um evento que eu faria. Nem Simão, o Mágico, foi tão atrevido (At 8.9-24).


O fato é que a igreja tem abraçado esse tipo de “investimento religioso” antibíblico em detrimento de outras demandas necessárias e biblicamente ordenadas. O cuidado com os pobres, por exemplo, é uma ordem divina (At 6.1,2; Gl 2.10). Para uma comparação simplória do que tenho dito, um investimento de R$ 700,00 renderia em torno de 150 refeições para moradores de rua. Uma igreja local que abra espaço para seus próprios membros vocacionados militarem na pregação da palavra poderia destinar esse recurso para atendimento social. Em qual cenário Deus seria mais glorificado? Qual deles impactaria mais a comunidade onde a igreja está inserida? Em qual deles a transformação social mediante a evangelização seria mais efetiva?


Por isso, convido você a reformar sua visão ministerial a esse respeito! Precisamos de uma compreensão holística do evangelho, vendo todas as suas implicações e a extensão da nossa vocação, em sermos tanto proclamadores da mensagem de salvação quanto servos dispostos a minimizar o sofrimento do mundo. Quando a Igreja entende o evangelho de fato, pouca importa o mensageiro, uma vez que o poder de Deus é a mensagem que pregamos (Rm 1.16,17). Se os recursos destinados a esses oradores profissionais fossem devidamente investidos em missões cristãs e ação social, a igreja veria e viveria um poderoso avivamento espiritual sacudindo nossa nação do Oiapoque ao Chuí. Essa tem sido minha oração e a prática que tenho procurado adotar nas ações que envolvem a igreja que pastoreio e os frutos que tenho colhido tem sido promissores. Ore a esse respeito, reflita! Temos a chance de mudar a história da igreja brasileira, só precisamos abrir nossas bíblias e humildemente reformarmos nossa prática religiosa a luz da Escritura.


Deus te abençoe!


Pastor Sérgio Fernandes

Pastor Titular da IPR

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