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Perseverança dos Santos - Sermão 29/08/2021

Atualizado: 30 de ago. de 2021



“Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim.” Jeremias 32.40


INTRODUÇÃO


Nos domingos anteriores, estivemos reunidos estudando a Escritura Sagrada e refletindo a respeito doutrinas da graça. Você pode ler os sermões e assistir as gravações dos cultos



Considero de muito importância você conhecer esses conteúdos de antemão antes de estudar o que pretendo, na graça de Cristo, apresentar aqui.





A experiência que me conduziu a conhecer e estudar as doutrinas da graça de Deus foi a incerteza que o antigo sistema de crença cristã produzia no meu coração. Todo cristão bíblico sabe que foi o pecado que causou a separação entre o homem e Deus e que, por conta disso, Deus precisou tratar o pecado e o pecador de modo a garantir a salvação de homens e mulheres de nossa raça. Contudo, como o sistema de crença evangélico quase não demonstrava a doutrina bíblica da justificação, a maior parte do tempo eu vivia atemorizado pela possibilidade de perder a minha salvação. Em alguns instantes, eu vivia confiante que seria salvo porque estava "indo bem espiritualmente". Mas quando algum tropeço acontecia, eu rapidamente me achava indigno de ser salvo e convivia com pesados sentimentos de culpa, mesmo tendo confessado os pecados e me arrependido de coração.


Quando conheci a doutrina bíblica da salvação, ainda em uma base pentecostal/arminiana, eu precisava conviver com uma dúvida deveras complexa. Eu sabia biblicamente que a justificação havia me dado uma boa posição diante de Deus, mas ainda considerava que a minha fraqueza espiritual poderia me tirar essa posição a qualquer momento. E o pior, eu não tinha clareza em saber se já havia passado do limite de tolerância de Deus, sem saber responder se estava salvo ou não. E quando chegava a afirmar com certeza minha salvação, isso estava profundamente enraizado no meu desempenho espiritual e muito pouco na obra de Cristo. Todos esses dilemas interiores me faziam questionar se o evangelho era, de fato, uma boa notícia.


Foi nesse tempo que comecei a olhar com mais atenção para as doutrinas da graça de Deus e percebi que eu verdadeiramente não conhecia o evangelho. Eu já conhecia o Jesus que salva, cura, batiza com o Espírito e que vai voltar, mas a sua mensagem era um enigma para mim. Na beleza das doutrinas da graça, percebi que podia descansar completamente na obra que Cristo havia consumado na cruz e que essa salvação era uma obra dEle, do começo ao fim. Isso trouxe alívio para o meu coração aflito e, ao mesmo tempo, abriu meu entendimento para abraçar a fé reformada. Dos cinco pontos das doutrinas graça de Deus, a perseverança dos santos é a coroa daquilo que Cristo fez por nós! Vamos falar sobre ele hoje!


a persevrança dos santos


A quinta verdade é a perseverança dos santos, ou graça preservadora. A Bíblia ensina que todos os eleitos são guardados pelo poder do Pai. Nenhum dos escolhidos do Pai se perderá. Nenhum daqueles pelos quais o Filho morreu perecerá. Nenhum dos que foram ou forem regenerados pelo Espírito cairá da graça. Todos quantos receberam ou receberem a graça salvadora de Deus serão conduzidos para a glória, protegidos e preservados para sempre. A ampla abrangência da salvação já está completa. Indo desde a eternidade passada e até a eternidade futura, a salvação é acertadamente vista como uma única obra da graça. Aqueles que Deus escolheu antes do princípio do tempo são aqueles que salvará para sempre quando não existir mais o tempo. Todos os eleitos perseverarão porque o próprio Deus persevera dentro deles – e os habilita a apresentarem-se inculpáveis diante do seu trono.


“Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” Filipenses 1.6

Embora seja, sem dúvida, a mais bela expressão das doutrinas da graça, também é a mais incompreendida. Por isso, dividirei esse sermão em três sessões: o que a perseverança dos santos não é, o que ela é e como podemos ter a certeza de que essa verdae bíblica é real e se concretizará na vida daqueles que tem depositado sua confiança de salvação em Jesus.


o que a perseverança dos santos não é


Nos meus anos no pentecostalismo, tratávamos a doutrina da perseverança dos santos com um absurdo desdém. Considerávamos ela como uma liberdade para pecar sem responsabilidade. Não foram poucas vezes que, em rodas de conversa, insistíamos que era uma loucura acreditar que Deus poderia conservar um cristão a salvo da condenação sem tratar com severidade o seu pecado. Era uma percepção legalista e que, no fundo, exigia que Deus nos desse o direito de pecarmos e irmos ao inferno. Loucura!


Mas essa percepção errônea se dá pelo fato de que muitos cristãos realmente tratam a doutrina da perseverança dos santos dessa forma. Ao invés de aplicarem a doutrina em suas vidas do ponto de vista positivo, observando que Deus lhes dará o poder necessário para que eles perseverem na graça, até o fim, eles entendem que Deus é indiferente aos seus pecados pessoais e que nada acontecerá com eles se permanecerem ativamente no pecado. A Bíblia nunca apresenta essa perspectiva.


Lembre-se que Jesus morreu por suas ovelhas, aqueles que o Pai lhes deu antes da fundação do mundo. Estes, quando são iluminados pelo Espírito e creem no evangelho de todo o coração, demonstrarão em suas vidas algumas caracteristicas distintivas. Vejamos:


1. Eles passam a viver com o temor de Deus nos seus corações


“Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim.” Jeremias 32.40

2. Eles abandonam o pecado e lutam para mortificá-lo dia após dia


Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado, porque nele permanece a semente divina; esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus. 1 João 3:9

3. Eles se esforçam para obedecer os mandamentos de Deus, provando com isso que o amam e são seus discípulos


Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele. João 14:21

4. Eles tem um coração pronto para viverem em comunhão com os irmãos na fé, reconhecerem seus pecados e buscarem no Jesus da igreja e na igreja de Jesus, perdão e encorajamento para vencê-los


Se andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não cometemos pecado, fazemos dele um mentiroso, e a sua palavra não está em nós. 1 João 1:7-10

Um crente que não vive com temor de Deus, não abandona seus pecados, não se esforça em buscar a Deus e obedecê-lo e não procura, com a ajuda da igreja e da graça de Cristo, purificar seu coração e a sua vida é um falso convertido. Sem que alcance de Deus o arrependimento e abandone sua vida miserável, ele deve esperar consciente a condenação eterna, porque ama mais o presente século do que a Deus. Um salvo em Cristo pode pecar, mas não amará o pecado. Pode tropeçar, mas lutará para ficar novamente de pé. Pode quebrar um mandamento, mas reconhecerá seu pecado e lutará para corrigi-lo. Sem esses emblemas, o que resta é um falso evangelho que deve ser considerado anátema.


— Nem todo o que me diz: “Senhor, Senhor!” entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, vão me dizer: “Senhor, Senhor, nós não profetizamos em seu nome? E em seu nome não expulsamos demônios? E em seu nome não fizemos muitos milagres?”. Então lhes direi claramente: “Eu nunca conheci vocês. Afastem-se de mim, vocês que praticam o mal.” Mateus 7:21-23


o que a perseverança dos é?


A perseverança dos santos é a doutrina que coroa a glória de Deus na salvação dos homens. É a garantia de que aqueles que receberam o dom da salvação serão, de fato, salvos pelo Senhor dos seus pecados e apresentados diante dEle irrepreeensíveis no glorioso dia que aguardamos. É a manifestação pura da graça de Deus, que levará homens e mulheres ao céu pelos méritos da obra de Cristo, e somente por ela, a fim de que os salvos rendam a Ele glória por sua eterna salvação.


Nesta doutrina, afirmamos que Deus completará o que começou na vida dos seus eleitos. Nenhum deles se perderá. O mesmo Deus que os salvou trabalhará para que permaneçam na graça até o fim, sem que caiam fatalmente (embora possam tropeçar na jornada e até mesmo se afastarem da comunhão por causa de seus pecados). Afirmamos isso biblicamente pelos motivos que listarei abaixo:


1. Jesus prometeu nunca lançar fora nem um único dos seus escolhidos


Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora. Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade de quem me enviou é esta: que eu não perca nenhum de todos os que ele me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. João 6:37-39

2. A segurança eterna dos crentes não reside no fato de estarmos segurando nas mãos de Cristo, mas no fato de que Ele e o Pai nos conservam firmem em suas mãos.


Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo, e da mão do Pai ninguém pode arrebatar. João 10:28,29

3. Deus fez um juramento eterno de que cumpriria os seus propósitos. E o maior propósito de Deus é a salvação dos seus eleitos


Por isso, Deus, quando quis mostrar com mais clareza aos herdeiros da promessa que o seu propósito era imutável, confirmou-o com um juramento. Ele fez isso para que, mediante duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, nós, que já corremos para o refúgio, tenhamos forte alento, para tomar posse da esperança que nos foi proposta. Temos esta esperança por âncora da alma, segura e firme e que entra no santuário que fica atrás do véu, onde Jesus, como precursor, entrou por nós, tendo-se tornado sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. Hebreus 6:17-20

4. Paulo garantiu que aqueles que foram escolhidos e predestinados seriam, por fim, glorificados. A glorificação é a transformação dos nossos corpos que se dará na manifestação de Cristo em glória. Biblicamente, é impossível que um eleito não seja glorificado.


Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou. Rm 8.28-30.

5. Paulo também ressaltou que não resta condenação alguma para aqueles que estão em Cristo Jesus.


Agora, pois, já não existe nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus. Romanos 8:1

6. No mesmo capítulo, Paulo demonstrou que, por causa da graça, não existe ninguém que possa nos condenar e não existe mais nada que possa nos separar do amor de Deus que está em Cristo.


Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. Romanos 8:38,39
Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós. Romanos 8:31-34

7. O apóstolo Judas considerava os cristãos o povo que seria "conservado" por Deus até a manifestação do Dia do Senhor


“Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, aos chamados, amados em Deus Pai e guardados em Jesus Cristo. Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória.” Judas 1, 24

8. O apóstolo João reconhece que os eleitos permanecerão na fé até o fim, como parte do plano de Deus em salvá-los e que aqueles que não são parte das ovelhas de Cristo, preferem voltar ao mundo de onde sairam.


“Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos.” 1 João 2.19

9. O apóstolo Pedro afirma que os cristãos são guardados pelo poder de Deus e que a herança que Deus preparou para eles não pode ser destruída, não murchará e não permanecerá manchada.


Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança que não pode ser destruída, que não fica manchada, que não murcha e que está reservada nos céus para vocês, que são guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para ser revelada no último tempo. 1 Pedro 1:3-5

10. O Espírito, sendo o penhor da herança, garante que Cristo voltará para buscar aquilo que lhe pertence. Todos os que receberam o Espírito participarão desse dia glorioso e estarão para sempre com Cristo nos céus!


“Que também nos selou e nos deu o penhor do Espírito em nosso coração.” 2 Coríntios 1.22

aplicando essa verdade em nossa vida cotidiana


Quando penso na doutrina bíblica da perseverança dos santos, preciso analisá-la em três perspectivas distintas para que uma má compreensão do que ela afirma não destrua a minha experiência de discipulado. Então vamos lá:


1. Os salvos em Cristo, ao aprenderem a respeito da segurança da salvação, enxergam nela uma confiança de desenvolverem sua santificação pessoal sem medo da condenação. Os ímpios, contudo, percebem nela uma oportunidade para pecarem sem responsabilidade. A Bíblia "rechaça" essa crença. Por isso, minha segurança deve ser uma inspiração para eu insistir dia após dia na minha santificação e para não me desesperar quando, eventualmente, eu errar (porque eu vou errar).

Que diremos, então? Continuaremos no pecado, para que a graça aumente ainda mais? De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós, que já morremos para ele? Romanos 6:1,2

2. A segurança de salvação deve inspirar em mim uma santa reverência por Cristo e por sua obra, não permitindo que o meu coração se ensorbebeça por meu bom desempenho espiritual e nem se abale fatalmente em meus momentos de temor e instabilidade. Eu rendo glórias a Cristo por minha salvação e reconheço na minha faliabilidade o motivo de meus fracassos pontuais.


Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar.” 1 Pedro 5.10

3. Eu me liberto da cultura de condenação que me faz levantar a voz contra aqueles por quem Cristo morreu, quando pontualmente apresentam momentos de fraqueza e instabilidade no seu discipulado. Ao adquirir consciência de que tanto eu quanto ele estamos de pé pela graça de Cristo (e que Deus nos conservará até o final), me sentirei encorajado a ajudá-lo ao invés de desprezá-lo. Assim, conseguirei cumprir a lei de Cristo e servirei bem como parte do povo de Deus.


“Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em pé, porque o Senhor é poderoso para o suster.” Romanos 14.4


conclusão


Agradeço a Deus por ter concluído com vocês essa maravilhosa jornada estudando as doutrinas da graça de Deus. Foi um tempo necessário de comunhão e reflexão para firmarmos estacas naquilo que consideramos o núcleo de nossa teologia e prática religiosa. Esperamos na graça de Cristo que essas lições, uma vez aprendidas, produzam em nós humildade, reverência, santificação e uma profunda mudança no modo como nos relacionamos com Deus e com as pessoas de Deus que compõe nossa comunidade cristã.


A Ele a glória para sempre!


Pastor Sérgio Fernandes

Pastor Titular da IPR



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