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O POVO EXCLUSIVO DE DEUS - Sermão de 25/02/2024

Atualizado: 25 de fev.






Então semearei uma safra de israelitas e os farei crescer para mim mesmo. Mostrarei amor por aquela que chamei ‘Não Amada’. E àqueles que chamei ‘Não Meu Povo’, direi: ‘Agora vocês são meu povo’. E eles responderão:‘Tu és nosso Deus!’”. Oséias 2.23


Introdução


Esss é a última reflexão da série "A Natureza da Igreja". Estivemos reunidos nas últimas semanas rememorando o fato de que, como Corpo de Cristo, somos 'geração eleita', 'sacerdócio real' e 'nação santa'. Cada título reflete parte de como Deus nos enxerga através do seu decreto soberano e pelos méritos da morte de Seu Filho em nosso favor.


Hoje, dedicaremos tempo para estudarmos o último aspecto apontado pelo apóstolo Pedro como parte de nossa natureza: nós somos 'o povo exclusivo de Deus'.


As implicações dessa afirmação, uma vez entendidas, devem mudar a forma como nos portamos sendo parte do Corpo de Cristo. É sobre isso que falaremos nessa manhã.






O CONTEXTO DA EXPRESSÃO


Como falamos anteriormente, a percepção de Pedro à respeito da Igreja era enxergá-la como a continuidade do povo de Deus, não como um organismo à parte dele. A própria expressão 'exclusivo' sugere isso.


A Igreja é o novo Israel, unindo judeus e gentios debaixo do governo do mesmo Cabeça, Cristo. Isso é perceptível pelos textos abaixo:


Primeiro, o Antigo Testamento chamou Israel de tesouro de Deus entre os povos por eles obedecerem a Deus e cumprirem sua aliança. Uma vez que Cristo instaura a nova aliança através do seu sacrifício na cruz e seu sangue derramado, todas as etnias podem obedecer a Deus e cumprirem sua aliança. Isso inclui eu e você!


Agora, se me obedecerem e cumprirem minha aliança, serão meu tesouro especial dentre todos os povos da terra, pois toda a terra me pertence. Êxodo 19.5

Segundo, o Antigo Testamento previu que aqueles que eram chamados como "desfavorecidos" ou "que não faziam parte do povo de Deus", seriam um dia chamados de "povo de Deus".


“Virá o tempo, porém, em que o povo de Israel se tornará como a areia à beira do mar, que não se pode contar. Então, no lugar onde lhes foi dito: ‘Vocês não são meu povo’, se dirá: ‘Vocês são filhos do Deus vivo’. Oséias 1.10

O contexto imediato em Oséias aponta para a restauração do povo de Israel, que havia sido rejeitado por Deus por causa dos seus pecados, mas seria restaurado à sua condição de "povo".


O apóstolo Paulo, contudo, vê no texto a futura realidade da obra consumada por Cristo, que uniria num só corpo tanto judeus quanto gentios.


Ele age desse modo para que as riquezas de sua glória brilhem com esplendor ainda maior sobre aqueles dos quais ele tem misericórdia, aqueles que ele preparou previamente para a glória. E nós estamos entre os que ele chamou, tanto dentre os judeus como dentre os gentios. A esse respeito, Deus diz na profecia de Oseias: “Chamarei ‘meu povo’ aqueles que não eram meu povo, e amarei aqueles que antes eu não amava”. E também: “No lugar onde lhes foi dito: ‘Vocês não são meu povo’, eles serão chamados ‘filhos do Deus vivo’”. Rm 9.23-26

Terceiro, o Antigo Testamento previu que Deus trataria como um "particular tesouro" (a mesma expressão aplicada à Israel antes do êxodo) aqueles que temem o Seu nome e que estes seriam poupados no Dia do Senhor.


Então aqueles que temiam o Senhor falaram uns com os outros, e o Senhor ouviu o que disseram. Na presença dele, foi escrito um livro memorial para registrar os nomes dos que o temiam e que sempre honravam seu nome. “Eles serão meu povo”, diz o Senhor dos Exércitos. “No dia em que eu agir, eles serão meu tesouro especial. Terei compaixão deles como o pai tem compaixão de seu filho obediente. Então vocês verão outra vez a diferença entre o justo e o mau, entre o que serve a Deus e o que não serve.” Ml 3.16-18

O temor do Senhor é a marca distintiva desse 'povo exclusivo'. A Igreja já não possui limites étnicos ou geográficos, como Israel. Ela se expande por todo o mundo, composta por aqueles que guardam a nova aliança no sangue de Jesus Cristo e temem a Deus de todo o coração. Paulo reconhece isso escrevendo a Tito, seu fiel discípulo.


Ele entregou sua vida para nos libertar de todo pecado, para nos purificar e fazer de nós seu povo, inteiramente dedicado às boas obras. Tito 2.14


UM POVO E UM PROPÓSITO


A formação do povo de Deus não é um mero capricho divino, mas a concretização do seu propósito para as nações.


Quando compreendemos "a razão de ser" da Igreja, percebemos que nós existimos para um propósito divino!


Vocês, porém, são povo escolhido, reino de sacerdotes, nação santa, propriedade exclusiva de Deus. Assim, vocês podem mostrar às pessoas como é admirável aquele que os chamou das trevas para sua maravilhosa luz. 1 Pedro 2.9

Deus, Nosso Pai, deseja que a Sua glória seja manifestada e conhecida por todas as nações, através do povo que Ele escolheu. Essas são as palavras que compõe o chamado de Abraão que iniciou a formação do povo de Deus, veja:


Abençoarei os que o abençoarem e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem. Por meio de você, todas as famílias da terra serão abençoadasGn 12.3.

Israel deveria, assim como Abraão, viver os preceitos de Deus para testemunhar da glória dele para todos os povos!


"Obedeçam-nas, pois, cuidadosamente, e assim todos os povos dirão: 'Vejam! Que nação sábia e prudente é esta!' Pois que grande nação tem estatutos e ordenanças tão justos como esta lei que hoje ponho diante de vocês?", Deuteronômio 4.6-8

A Igreja, como sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13,14) recebeu o mandamento divino de proclamar a grandeza de Deus no evangelho para todos os povos.


A nossa missão não se resume em crermos em Deus, mas em espalhar essa crença, contagiando corações com a boa notícia da salvação.


Jesus se aproximou deles e disse: “Toda a autoridade no céu e na terra me foi dada. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinem esses novos discípulos a obedecerem a todas as ordens que eu lhes dei. E lembrem-se disto: estou sempre com vocês, até o fim dos tempos”, Mateus 28.18-20

Como membros do Corpo de Cristo, precisamos nos esforçar para tornar o evangelho conhecido. Cada cristão possui dons e talentos que o torna apto a comunicar a fé de alguma forma: dê o seu melhor nesse propósito!



UM POVO E UMA IDENTIDADE


A nossa fé nos convida a nos tornarmos 'discípulos de Cristo', isto é, cada respirar e cada batida de nosso coração deve nos constranger a imitar Jesus e nos tornarmos mais parecidos com Ele.


“Antes vocês não tinham identidade como povo, agora são povo de Deus. Antes não haviam recebido misericórdia, agora receberam misericórdia de Deus.” 1 Pedro 2.10

Enquanto vivíamos no pecado, estávamos unidos a Adão e à sua ruína. Agora, como povo de Deus, estamos unidos à Cristo e a sua obediência.


Pelo poder da ressurreição de Jesus Cristo, somos capazes de viver a nova vida em Cristo com graça e autoridade!


Nosso cristianismo deve ser extraordinário, porque o vivemos pelo poder do Cristo invencível!


Pois, pelo batismo, morremos e fomos sepultados com Cristo. E, assim como ele foi ressuscitado dos mortos pelo poder glorioso do Pai, agora nós também podemos viver uma nova vida. Romanos 6.4

Nossa vida deve ter essa marca de identidade em Cristo: embora o crente viva uma vida comum como qualquer outro membro da sociedade, a presença de Cristo nEle e o seu empenho em glorificar a Deus tornam essa vida comum extraordinária.


Nenhum crente deve conformar-se com o pecado, com a idolatria, com uma vida repleta de vícios, sem moderação, sem equilíbrio, sem raízes profundas na graça de Cristo.


A compreensão de nossa identidade em Cristo é a forma como nos conformamos com a santidade de Deus. Eu passo a me enxergar como parte do povo do Deus Santo. E isso muda radicalmente os valores que movem minha vida.



UM POVO E UMA ORTOPRAXIA


O cristianismo enfatiza uma relação holística com Deus. A religião ensinada por Jesus não se resume em termos a fé correta (ortodoxia), mas também em vivermos de acordo com essa fé (ortopraxia).


Entendo que nosso maior desafio hoje é sermos reformados na doutrina e na vida. Não adianta ter fé reformada e vida deformada. A ortopraxia é a materalização da nossa identidade.


Se sou de Cristo, a minha vida vai comunicar isso!


Amados, eu os advirto, como peregrinos e estrangeiros que são, a manter distância dos desejos carnais que lutam contra a alma. Procurem viver de maneira exemplar entre os que não creem. Assim, mesmo que eles os acusem de praticar o mal, verão seu comportamento correto e darão glória a Deus quando ele julgar o mundo. 1 Pedro 2.11,12

Nas palavras de Pedro, o povo de Deus está inserido no meio de 'outros povos' e será assim até a vinda de Cristo em glória. Nessa relação, contudo, devemos nos empenhar em viver uma vida exemplar, para com isso atendermos o desejo de Cristo para o povo pelo qual Ele morreu:


Da mesma forma, suas boas obras devem brilhar, para que todos as vejam e louvem seu Pai, que está no céu.” Mateus 5.16


Como está a sua vida aí fora? O que as pessoas pensam a seu respeito?


  • As contas estão em dia? O nome está limpo na praça?

  • Os vizinhos vêem você como alguém exemplar?

  • Você é conhecido por sua moderação e sobriedade?

  • Sua gentileza e generosidade são percebidas e conhecidas?

  • Sua estrutura familiar demonstra a glória do evangelho?

  • Você é verdadeiro e honesto?

  • Você é reconhecido pela humildade?

  • Você tem bom testemunho?

  • As pessoas sabem que você é cristão?


A vida bíblica, reformada, é a forma como nos conformarmos com a justiça de Deus. Por sabermos que Deus é Justo, nos empenhamos em viver à luz dessa realidade, fugindo do pecado e praticando obras que expressem a justiça do Reino.



CONCLUSÃO


Como percebemos no texto, ser 'povo de Deus' não está diretamente relacionado à denominação a qual pertencemos, a nossa condição socioeconômica, a cor de nossa pele ou a nossa preferência teológica.


O que torna alguém parte do 'povo exclusivo de Deus' é a sua adesão à nova aliança. Esse é um ponto extremamente relevante porque culturamente aceitamos a idéia de que Deus aceita as pessoas por suas boas obras.


Nessa cultura, estranha à mensagem das Escrituras, pessoas boazinhas vão para o céu e pessoas más vão para o inferno.


A Bíblia, contudo, apresenta a fé no evangelho como o ponto de partida de nossa libertação e participação no povo de Deus.


Jesus lhes disse: “Vão ao mundo inteiro e anunciem as boas-novas a todos. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem se recusar a crer será condenado. Mc 16.15,16

Há nessa afirmação uma alusão ao êxodo do povo de Israel. Quando Deus libertou a nação israelita havia uma boa notícia: "Deus quer libertar seu povo do Egito", um mediador, Moisés, e um convite para que o povo o seguisse, atravessasse o mar e tomasse posse da terra prometida.


A Igreja, como povo exclusivo de Deus, tem missão semelhante.


Vejamos:


  • Temos uma mensagem, o evangelho, que chama pecadores a deixarem a escravidão do pecado e do mundo.

  • Temos um Mediador, Cristo, que nos chama para segui-lo

  • Temos no sacrifício dEle o mar que atravessamos, onde somos 'batizados' em Seu próprio sangue para tomarmos posse da terra prometida, a Nova Jerusalém.


Israel só seria povo exclusivo de Deus se deixasse o Egito e passasse pelo mar. Nós só nos tornarmos 'o povo exclusivo de Deus' se deixarmos o pecado e passarmos pelo sacrifício vicário de Jesus Cristo.


Não há outro caminho de salvação!


Você pode se julgar bom, mas a Escritura afirma que seus pecados o afastam da glória de Deus, do seu bom propósito à seu respeito (Rm 3.23). Você não pode se salvar fazendo religião da sua maneira, querendo seguir suas próprias regras éticas e morais e com isso, buscar aprovação divina.


Jesus é o nosso êxodo! Deus aceitou Seu Sacrifício, ressuscitou Jesus dentre os mortos e promete salvar os que se abrigam na salvação que Ele prometeu!


Todos que ouvem o evangelho, deixando a vida de pecados para seguir o Mediador Jesus são lavados no seu precioso sangue e recebem o perdão dos pecados.


  • Sobre estes, não há mais condenação, porque Cristo morreu em seu lugar (Rm 8.1).

  • Não há mais ira, porque ela foi derramada sobre o Filho de Deus (João 3.36).

  • Não há mais alienação, porque agora os que recebem o dom da salvação passam a fazer parte do povo de Deus (Ef 2.8).


Pois vocês sabem que não foi por meio de coisas perecíveis como prata ou ouro que vocês foram redimidos da sua maneira vazia de viver, transmitida por seus antepassados, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito. 1 Pedro 1.18,19

E quem crê no Filho de Deus tem a vida eterna. Quem não obedece ao Filho não tem a vida eterna, mas a ira de Deus permanece sobre ele. João 3.36

Que a graça de Deus toque seu coração nessa manhã e te conduza ao abrigo seguro na presença de Jesus Cristo, Nosso Senhor!



Pastor Sérgio Fernandes

Pastor Titular da IPR

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