Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui. João 18:36
Este será o primeiro ano em que a Igreja Pentecostal Reformada lidará com o período eleitoral brasileiro, tendo em vista as eleições para prefeitos e vereadores, que acontecerá em todo o Brasil, mesmo com a pandemia do coronavírus ainda não controlada no território nacional. Apesar de sermos uma pequena congregação, com pouco mais de trinta membros, já começamos a receber ligações telefônicas e convites para apoiarmos candidatos em nossa cidade. Por conta disso, achei oportuno, enquanto pastor titular da IPR, reforçar nosso posicionamento de sermos uma comunidade cristã apolítica e apartidária.
O Reino de Deus, o governo que Ele exerce sobre os corações daqueles que foram libertos da escravidão do pecado, deve levar a igreja à proclamação do evangelho da graça à todas as nações (Mc 16.15), formando comunidades de discípulos que, por imitarem o exemplo de Cristo, exercem influência espiritual nas diversas esferas nas quais estão inseridos socialmente. Como sal da terra, devem deixar as pessoas com sede de Deus, e como luz, devem demonstrar com sua vida a justiça de Deus, promovendo transformação social não mediante militância política, mas pelo único meio pelo qual o homem e a sociedade podem verdadeiramente mudar: pela fé no evangelho e no exercício de um discipulado honesto e radical.
Contudo, o Reino de Cristo não é deste mundo. Não cremos que o problema da sociedade seja a disputa de classes, mas o pecado enraizado na natureza humana, por isso, temos consciência de que os mais sinceros movimentos do povo de Deus apenas serão capazes de minimizar o sofrimento humano, mas não solucioná-lo, uma vez que vivemos em um mundo “não ideal”, decaído e amaldiçoado pelo pecado (Gn 3). Sendo assim, entendemos que o papel da igreja, enquanto organismo, é o de pregar o evangelho às nações e interceder pelos governantes (1 Tm 2.2) e, enquanto organização, desenvolver programas e ministérios que possam, de algum modo, contribuir para minimizar o sofrimento das comunidades carentes do nosso entorno, levando o evangelho também por meio de atos de justiça que glorifiquem ao Senhor (Tg 2.15,16).
Dito isto, resumo meu posicionamento como pastor titular e o de todo o nosso presbitério local nas assertivas abaixo:
· A Igreja Pentecostal Reformada reconhece a importância do trabalho das lideranças dos poderes para o pleno desenvolvimento da democracia brasileira e oramos para que sejam sensatos, justos e coerentes em suas decisões, uma vez que representam todo o povo brasileiro.
· A Igreja Pentecostal Reformada não promoverá programas políticos, não apoiará candidatos ou partidos e não cederá o seu espaço para divulgação política, mesmo se houver entre os seus membros candidatos. A nossa militância social será feita organicamente, no dia a dia, pelos programas e ministérios da igreja, junto às comunidades onde estamos inseridos e nos limites bíblicos de atuação.
· A Igreja Pentecostal Reformada não exercerá voto de cajado, liberando a consciência dos seus membros para que votem “para a glória de Deus”, instruindo-os, contudo, à terem uma consciência cidadã cristã, para que apoiem candidatos que se identifiquem com pautas que reflitam nossos valores e não elejam candidatos de partidos cujo posicionamento seja claramente o de desconstruir os ideais e valores judaico-cristãos que moldaram a nossa sociedade.
· Os membros da Igreja Pentecostal Reformada são livres para concorrer a cargos públicos nas eleições, mas devem ter consciência de que não poderão usar sua esfera de influência para angariar votos entre a membresia da igreja.
· Os líderes, presbíteros e ministros da igreja que decidirem pela vida pública serão imediatamente desligados de suas funções, uma vez que entendemos a impossibilidade de conciliar ministério e atividade política.
Que a Graça de Cristo esteja com todos!
Pr. Sérgio Fernandes
Pastor Titular da Igreja Pentecostal Reformada
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