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O PERFEITO ESTADO ETERNO - Sermão de 29/12/2024

Foto do escritor: Pastor Sérgio FernandesPastor Sérgio Fernandes

Atualizado: 29 de dez. de 2024





Desde o início, faço conhecido o fim; desde tempos remotos, o que ainda virá. Eu digo: ‘O meu propósito permanecerá em pé, e farei tudo o que me agrada’. Is 46.10


Introdução


Esse é o último sermão de 2024, o último da nossa série de reflexões #EsperançaDaIgreja e o último do tema anual deste ano, que foi #IgrejaMissional. Por feliz coincidência, pretendo refletir com vocês a respeito do último evento do calendário divino: o perfeito estado eterno.


Diversos teólogos ao longo da história da igreja tentaram nomear essa realidade futura para de alguma forma descrevê-la: "glória eterna", "nova criação", "Plenitude da Comunhão com Deus", "estado de glória", "nova jerusalém" e outros.


Milhares de nomes, contudo, não seriam suficientes para descrever a glória daquilo que Deus reservou para o seu povo.


É impossível sintetizar tudo o que a Bíblia afirma sobre essa realidade futura em um único sermão, mas pretendo de algum modo encorajar o seu coração a voltar a pensar com muita responsabilidade naquilo que foi nos foi prometido.


Vamos terminar 2024 pensando no céu.



por que o mundo é mau?



Para falarmos do céu, precisamos primeiro diagnosticar o status do mundo onde vivemos.


Você não precisa ser religioso para entender que vivemos em um mundo e em uma sociedade adoecidos. A pergunta natural é: como um universo criado por um Deus bom pode se encontrar nesse estado tão caótico?


Bem, o mundo originalmente não era assim. Deus criou tudo e viu que era muito bom!


Deus viu tudo o que havia feito e percebeu que tudo havia ficado muito bom. Passaram‑se a tarde e a manhã; esse foi o sexto dia. Gn 1.31

Quando o homem caiu no pecado, não somente nossa raça sofreu as terríveis consequências desse ato, mas toda a criação foi afetada.


Finalmente, declarou ao homem: "Visto que você deu ouvidos à voz da sua mulher e comeu da árvore da qual ordenei a você que não comesse, maldita é a terra por sua causa; com dores você comerá dela todos os dias da sua vida. Ela lhe fará brotar espinhos e ervas daninhas, e você comerá as plantas do campo. Com o suor do seu rosto, você comerá o seu pão, até que volte à terra, visto que dela foi tirado; porque você é pó e ao pó voltará”. Gn 3.17-19

O pecado não é um brinquedinho, ele é uma força devastadora. Ele rompe a comunhão com Deus, a nossa comunhão uns com os outros e com o próprio universo. Blasfêmias, desigualdades, assassinatos, guerras, fome, irreverência, vícios e toda sorte de males possuem em si mesmos uma única origem: o pecado que habita em cada um de nós.


Paulo sintetizou essa verdade em dois dos textos mais queridos por cristãos bíblicos.


(...) pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, Rm 3.23

Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, o nosso Senhor. Rm 6.23

Com a destreza de um profeta, Paulo nos mostra que o mal que assola nosso mundo é o pecado, que coloca todos em oposição à glória de Deus, trazendo como resultado a morte. Ao mesmo tempo, Ele apresenta a única solução viável para o problema: a vida eterna que está em Cristo, Nosso Senhor.


A fé cristã reformada organiza a revelação que Deus dá de si mesmo nas Escrituras em quatro pilares principais: a criação, a queda, a redenção e a restauração.


Afirmamos que Deus criou o mundo com perfeição, mas a queda do homem transtornou todo o cosmos. Deus enviou Seu Filho para redimir os homens morrendo na cruz e, por fim, toda a criação será redimida do cativeiro para a liberdade dos filhos de Deus.


Toda a criação, não por vontade própria, foi submetida por Deus a uma existência fútil, na esperança de que, com os filhos de Deus, a criação seja gloriosamente liberta da decadência que a escraviza. Rm 8.20,21

JESUS é Senhor, Salvador e Redentor, e somente nEle o homem pode ser reconciliado com Deus e reconciliado com o seu semelhante, trazendo paz, justiça e alegria.



UM REINO QUE VIRÁ



Como lemos em nosso texto introdutório, Nosso Pai Celestial conhece o fim desde o começo.


Desde a eternidade passada, Ele decidiu salvar pecadores e redimir a criação através da morte e da ressurreição do Seu Filho.


Cristo veio a nós na plenitude dos tempos (Gl 4.4), nasceu de uma virgem pelo poder do Espírito Santo, viveu sem cometer pecado algum, morreu uma morte romana e ressuscitou ao terceiro dia, sendo que os autores do Novo Testamento são testemunhas oculares de sua vida, morte, ressurreição e ascensão.


Uma pergunta talvez possa nos assombrar nesse momento: uma vez que a obra de Cristo já foi consumada, porque ainda há maldade no mundo?


Ao longo da história, teólogos tem respondido essa pergunta explicando a natureza do Reino de Jesus Cristo. Ele é um Reino que "já chegou", mas "ainda não" em sua plenitude.


O Reino já veio, porque Jesus esteve entre nós e hoje habita, por intermédio do Espírito Santo, em cada coração que se submete a Ele.


Em cada vida tocada pela cruz de Jesus Cristo, já há uma "pequena porção do céu" sendo vivida e experimentada.


Certa vez, tendo sido interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus respondeu: ― O reino de Deus não vem de modo visível. Tampouco se dirá: “Aqui está ele!” ou “Lá está!”. Porque o reino de Deus está entre vocês. Lc 17.20,21

Quando por amor a Jesus adoramos a Deus, obedecemos a Sua Palavra, servimos às pessoas em amor, socorremos os necessitados e conclamos os povos que se arrependam, estamos declarando as virtudes do Reino que já veio.


Mas sabemos que ainda há pecado, injustiças e iniquidades no mundo e problemas aparentemente insolúveis na sociedade humana.


Até mesmo nós, cristãos, enfrentamos ainda o pecado e podemos com facilidade identificar iniquidade em nossos corações. Cristãos não são heróis, são vasos de barro.


Isso se dá porque o Reino ainda não veio em plenitude. Esse é um evento futuro, que acontecerá na ocasião da vinda de Cristo.


― Então, o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: “Venham, benditos do meu Pai! Recebam como herança o reino que foi preparado para vocês desde a criação do mundo. Mt 25.34

Duas aplicações podem ser feitas a respeito disso: Primeiro, reconhecendo que o Reino ainda não veio em plenitude, nenhum cristão bíblico deposita suas esperanças na presente ordem criada. Todo o nosso universo foi manchado pelo pecado e se opõe em alguma medida à vontade soberana de Deus.


Sendo assim, filosofias, religiões, ideologias políticas e outras são apenas tentativas do coração pecaminoso do homem em tentar mascarar o nosso maior problema, que é a nossa inimizade contra Deus, porque amamos o pecado e não queremos abrir mão dele para recebermos a redenção que há em Cristo e Seu governo em nosso coração.


Jesus já afirmava isso nos dias do seu ministério.


Nosso coração é mau, arrogante e quer encontrar caminhos e soluções que não passem pela cruz de Jesus Cristo. Isso se dá porque amamos esse mundo e não queremos um Deus que governe nosso coração.


Contudo, vocês não querem vir a mim para terem vida. Jo 5.40

Segundo, reconhecer que o Reino ainda não veio em plenitude mantém meu coração confiante em Deus e minha vida aos pés de Jesus Cristo, porque ainda necessitamos que a obra da Sua graça nos faça vencer nosso próprio instinto pecaminoso e o sistema maligno que rege nosso mundo e que é a causa da desordem que vivemos.


Uma vez que já fomos salvos da culpa do pecado, vivemos confiantes pela fé no Cristo Invencível.


Uma vez que estamos sendo salvos da influência do pecado, permanecemos humildes ao pé da cruz, aprendendo com Jesus, dependendo da Sua graça e crescendo em nossa confiança dia após dia, pois Ele terminará o que começou.


Uma vez que seremos salvos da presença do pecado, mantemos nossa âncora fixada no céu, de onde virá o Salvador para nos buscar e consumar todas as coisas.


Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo‑me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus. Fp 3.13,14


A NOVA JERUSALÉM


Quando o Reino vier em Sua plenitude, o que chamarei a partir desse ponto do sermão de "O Perfeito Estado Eterno", todas as perspectivas escatológicas presentes nas Escrituras serão plenamente consumadas e todo o mal será extirpado do universo que hoje conhecemos.


Ainda no AT, o profeta Isaías escreveu a respeito da expectativa de que Deus soberanamente criaria novos céus e nova terra, restaurando a condição original do mundo onde vivemos.


Prestem atenção! Criarei novos céus e nova terra, e as coisas passadas não serão lembradas. Jamais virão à mente! Alegrem‑se, porém, e regozijem‑se para sempre no que vou criar, porque vou criar Jerusalém para regozijo, e seu povo, para alegria. Eu me regozijarei por causa de Jerusalém e terei prazer no meu povo; nunca mais se ouvirão nela voz de pranto e choro de tristeza. Isaías 65.17-19.

O apóstolo João se apropriou dessa profecia para descrever a natureza do perfeito estado eterno.


No capítulo 21, somos apresentados a essa cena gloriosa, que enche nosso coração de esperança viva:


Então, vi novos céus e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham passado, e o mar já não existia. Ap 21.1

Isaías profetizou que Deus criaria o perfeito estado eterno. João, profeticamente, enxergou a realidade desse estado de glória. A antiga ordem, que caiu por causa do pecado foi renovada e surge agora como uma nova criação, redimida (Rm 8.20,21).


É interessante pensar que João estava exilado na ilha de Patmos, cercada pelo Mar Egeu de todos os lados. Ali, João se via separado dos seus irmãos e da igreja a qual pertencia. Mas no novo céu, ele não vê o mar, porque ele reconhece que ali não existe separação.


Vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia dos céus, da parte de Deus, preparada como uma noiva adornada para o seu esposo. Ap 21.2

No Antigo Testamento, Jerusalém sofreu o julgamento de Deus e foi destruída. No Novo Testamento, foi profetizado por Jesus a queda da cidade, o que aconteceu no ano 70 d.C pelo exercito romano. João está enxergando aqui que após o julgamento de Deus, virá a restauração. A Nova Jerusalém, uma nova cidade onde Deus habitará com seu povo, representa a Igreja glorificada, que se unirá para sempre com Cristo, Seu esposo.


Para nós crentes, a jornada será repleta de desafios, guerras e batalhas, inclusive contra a nossa própria imperfeição. Mas guarde isso no seu coração: em Deus, há restauração depois da guerra. A obra da graça em nós ainda não acabou!


Ouvi uma alta voz que vinha do trono e dizia: ― Eis que o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos; o próprio Deus estará com eles e será o Deus deles. Ap 21.3

A voz que fala vem do trono. É a voz do próprio Deus. Consegue imaginar o coração de João ouvindo a voz daquele que lhe salvou? E era uma voz com promessa de restauração.


Por causa do pecado, o homem foi expulso do Jardim do Éden e da presença de Deus. Aqui, João enxerga a redenção completada. Tendo sido o pecado vencido e o mal extirpado do universo, Deus agora viverá entre os homem para sempre!


A marca do perfeito estado eterno é a presença de Deus conosco!


Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem aflição, nem choro, nem dor, pois as coisas antigas já passaram. Ap 21.4

Ao completar a redenção do universo, Deus o reestabelecerá como na criação original: sem morte (porque já não existe o pecado), sem aflição, choro ou dor (porque a comunhão com Deus foi plenamente restaurada pelo sangue do Cordeiro).


E cada um dos eleitos de Deus estará diante do Seu trono glorioso.


Aquele que estava assentado no trono disse: ― Vejam, eu farei novas todas as coisas! E acrescentou: ― Escreva isto, pois estas palavras são verdadeiras e dignas de confiança. Ap 21.5

A voz falou novamente. Precisamos pedir para o Senhor nos falar Sua Palavra outra vez. A voz que te chamou do pecado para a conversão quer te chamar novamente, de uma fé morta e infrutífera para uma chama ardente de santificação e renovação.


A palavra agora era sobre a conclusão da redenção, aquilo que chamamos de restauração.


A redenção é uma renovação completa. Assim como um pecador salvo em Cristo é uma "nova criatura", o mundo onde vivemos será renovado e se tornará "uma nova criação".


E Deus estabeleceu o acesso a esse perfeito estado eterno pela fé no evangelho.


Ninguém entrará nessa cidade por sua bondade, porque somos pecadores que merecem sofrer a ira de Deus.


Ninguém entrará nessa cidade por pertencer a uma determinada denominação religiosa, porque a redenção não está no poder do braço do homem, mas no sangue do Deus Encarnado pregado na cruz.


Somente a redenção que há em Cristo abre os portais do céu. Pecado ou pecador algum estarão dentro do perfeito estado eterno.


Somente aqueles que lavaram as suas vestiduras no sangue do Cordeiro.


Nela jamais entrará algo impuro, nem aqueles que praticam abominação e mentira, mas unicamente aqueles cujos nomes estão escritos no livro da vida do Cordeiro. Ap 21.27


CONCLUSÃO


Como vimos, o perfeito estado eterno é o resultado da obra soberana de Deus em enviar Seu Filho Jesus Cristo para nos resgatar e redimir toda a criação.


O céu é sobre Jesus.


A beleza do céu não são as ruas de ouro, mas aquele que está assentado no trono.

A glória do céu não é o brilho do rio da água da vida, mas a presença daquele que é a Fonte de Águas Vivas, Jesus, Nosso Senhor.


O céu é "céu", por causa de Jesus!


Um trono sem Cristo é um inferno, uma masmorra com Cristo é o céu.


Mas no perfeito estado eterno, a glória do Filho se conectará com a glória da nova criação, tornando esse ambiente superior à criação original. E estaremos nEle e com Ele pelos séculos dos séculos.


Jesus centralizou essa realidade em uma das suas afirmações mais conhecidas:


Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém pode vir ao Pai senão por mim. João 14.6

Quando o homem foi expulso do Éden, ele perdeu o caminho de acesso à árvore da vida. Jesus é o caminho que nos dá o acesso a ela novamente.


“Quem tem ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao vitorioso, darei o fruto da árvore da vida que está no paraíso de Deus.” Ap 2.7

Quando o homem sucumbiu a tentação, ele trocou a verdade de Deus pela mentira do diabo. Em Cristo, a mentira é derrotada novamente pela verdade.


E o anjo me disse: “Escreva isto: Felizes os que são convidados para o banquete de casamento do Cordeiro”. E acrescentou: “Essas são as palavras verdadeiras de Deus”. Apocalipse 19:9 (NVT)

Quando o homem caiu no pecado, ele recebeu como consequência a morte. Mas, no Filho de Deus, temos vida novamente, e vida com abundância.


E disse ainda: “Está terminado! Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A quem tiver sede, darei de beber gratuitamente das fontes da água da vida. Ap 21.6

Se você quer o céu, precisa se render ao dono dEle! Não dá para chegar ao céu sem passar pela cruz e bater continência ao capitão da nossa salvação.


Neste último culto de 2024, abandone o pecado, renda-se à Cristo e o receba como Senhor e Salvador.


Que Ele nos abençoe, até que venha outra vez.


Pastor Sérgio Fernandes

Pastor Titular da IPR

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