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O maior milagre do livro de Jonas - Sermão 25/07/2021

Atualizado: 28 de jul. de 2021




Mas isso desagradou extremamente a Jonas, e ele ficou irado. E orou ao Senhor, e disse: Ah! Senhor! Não foi esta minha palavra, estando ainda na minha terra? Por isso é que me preveni, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade, e que te arrependes do mal. Jonas 4:1,2


Introdução


Eu acredito que seja motivo de muita alegria atingirmos nossos objetivos pessoais: concluir uma faculdade, se casar, ter filhos, obter estabilidade. Todos nós desejamos de, alguma forma, dar certo na vida. Para o obreiro cristão, sem dúvida alguma não existe motivo de maior satisfação do que ver a vontade de Deus cumprida na sua vida. Eu oro diariamente pelo crescimento da nossa amada igreja local e me sentiria gratificado de, em três anos, sermos 120 membros congregando. Imagino a minha alegria se, em um dia, pudesse levar à Cristo 120 mil pessoas. Seria algo extraordinário. Jonas conseguiu isso com uma única pregação. E, pasme, não ficou feliz.


O último capítulo de Jonas parece-se com aqueles filmes sem final feliz, onde algo totalmente inesperado e anticlimático acontece. E é justamente nesse cenário controverso onde observamos a manifestação do maior milagre que há no livro. Me acompanhe, por gentileza.



um avivamento genuíno


Avivamentos são operações do Espírito que provocam conversões e arrependimento em massa, levando igrejas, cidades e nações à obediência a Palavra do Senhor. Eles não podem ser produzidos por vontade humana; acontecem pela determinação soberana de Deus e carregam consigo a marca de impactarem de modo significativo as gerações onde ocorreram. A conversão de Nínive é um dos relatos bíblicos mais significativos sobre um genuíno avivamento, por trazer as marcas que identificam quando eles acontecem:


  • A palavra de Deus foi anunciada com pode, Jn 3.4;

  • O povo ouve a pregação, teme a Deus e se arrepende, Jn 3.5;

  • A onda de conversão atinge todos os segmentos da sociedade, Jn 3.6;

  • Há conversões profundas, que promovem mudança de mente e atitude para com Deus e para com os homens, Jn 3.7-10;

Como pentecostais reformados, precisamos ter o cuidado de não considerar a alegria de nossas reuniões como avivamentos no real sentido do termo. Cultos alegres e espontâneos podem acontecer em igrejas locais que estão vivendo dias de apatia e frieza espiritual. O avivamento, quando ocorre, transforma de modo profundo os que dele participam, a ponto dessa mudança atingir cada detalhe de suas vidas. Como estudante da Bíblia há 23 anos, posso afirmar que minha geração não testemunhou nenhum avivamento acontecendo em solo brasileiro há muitos e muitos anos. Há fagulhas, sinais, mudanças graduais, mas avivamento, ainda não.


a insatisfação do profeta


Jonas demonstra um profundo rancor ao observar a conversão daqueles bárbaros pagãos. Com isso, fica explícito o motivo de sua fuga para Társis: ele queria evitar que a cidade se convertesse e escapasse do juízo de Deus. É fato que a experiência no mar e no peixe já havia moldado o coração do profeta no sentido de obedecer sua vocação e chamado, mas ainda faltava naquele coração uma das marcas dos homens piedosos: a compaixão.


Assim falou o Senhor dos Exércitos, dizendo: Executai juízo verdadeiro, mostrai piedade e misericórdia cada um a seu irmão; e não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intente o mal cada um contra o seu irmão, no seu coração. Zacarias 7:9-10

Vivemos em uma geração de cristãos que valoriza a moral, os bons costumes, a vida ordeira, mas que infelizmente tem perdido a sensibilidade a respeito da graça de Deus e da misericórdia que Ele tem por cada um de nós. Não falo isso como alguém imune ao problema. Na experiência do pastorado e na gestão dos times da igreja, muitas vezes me sinto fragilizado ao me deparar com a preguiça espiritual, as desculpas, as pirraças e a falta de zelo e comprometimento de membros do corpo. A vontade é orar como Elias pedindo que fogo do céu desça e consuma o povo. Mas devo me lembrar sempre que a misericórdia que me sustenta deve ser externada por mim em cada um dos meus relacionamentos. Da mesma forma que Deus me ama e me aceita, em Cristo, apesar da dureza do meu coração, eu devo sinceramente ser longânimo com cada um dos meus irmãos, até aqueles que eu gostaria que fossem consumidos pelo fogo do céu.


E os seus discípulos, Tiago e João, vendo isto, disseram: Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez? Voltando-se, porém, repreendeu-os, e disse: Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E foram para outra aldeia. Lucas 9:54-56

Jonas desejava que o mal acontecesse à Nínive. Muitas vezes nós desejamos que Deus faça justiça com aqueles que consideramos os seus inimigos. É fato que o julgamento divino virá e Deus trará juízo à toda obra. Mas enquanto Cristo não vem, a Igreja deve, como Ele, servir às pessoas, proclamar o evangelho completo e servir as pessoas, alertando-as sobre fim e, ao memso tempo, ministrando-lhes para lhes curar as feridas e lhes mostrar o tamanho da misericórdia divina. Uma igreja compassiva causa um poderoso impacto no mundo


E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e afáveis.1 Pedro 3:8

o deus revelado em jonas


Irado pela conversão dos ninivitas, Jonas ora ao Senhor. É incrivel como uma pessoa repleta de ódio pode orar. E mais incrível ainda é verificar que mesmo assim Deus decide responder ao profeta (Jn 4.2-4). Em sua oração, Jonas ressalta os atributos que se associam a misericórdia de Nosso Criador. Vejamos:


Ele orou ao Senhor e disse: — Ah! Senhor! Não foi isso que eu disse, estando ainda na minha terra? Por isso, me adiantei, fugindo para Társis, pois sabia que tu és Deus bondoso e compassivo, tardio em irar-se e grande em misericórdia, e que mudas de ideia quanto ao mal que anunciaste. Agora, Senhor, peço que me tires a vida, porque para mim é melhor morrer do que viver. E o Senhor disse: — Você acha que é razoável essa sua raiva? Jonas 4:2-4

Como cristãos bíblicos, precisamos compreender todo o conselho de Deus e nunca nos limitamos a uma compreensão reduzida a respeito de Nosso Senhor. Como pentecostais reformados, ressaltamos o atributo da santidade de Deus e a sua justa ira contra o pecado e o pecador obstinado, mas nunca podemos perder de vista que este mesmo Deus é misericordioso e compassivo. Nas palavras de Jonas, Ele É:


  • Bondoso;

  • Compassivo;

  • Tardio em irar-s;

  • Grande em misericórdia;

  • Se arrepende do mal;

Em toda a Bíblia, há um testemunho constante do amor de Deus e de sua ira, de sua justça e de sua misericórdia. A complexidade desse tema ressalta o quão diferente o Senhor é de nós e de como devemos temê-lo e honrá-lo como Ele É, na grandiosidade do seu ser.

Por isso, o Senhor espera, para ter misericórdia de vocês, e se levanta, para se compadecer de vocês, porque o Senhor é Deus de justiça. Bem-aventurados todos os que nele esperam. Isaías 30:18

deus ensina uma lição para jonas


Então Jonas saiu da cidade e sentou-se num lugar a leste da mesma. Ali construiu um abrigo, sentou-se na sombra, para ver o que aconteceria com a cidade. Então o Senhor Deus fez crescer uma planta por cima de Jonas, para que fizesse sombra sobre a sua cabeça, a fim de o livrar do seu desconforto. E Jonas ficou muito contente por causa da planta. Mas no dia seguinte, ao amanhecer, Deus enviou um verme, que atacou a planta, e ela secou. Quando o sol nasceu, Deus fez soprar um vento leste muito quente. O sol bateu na cabeça de Jonas, de maneira que ele quase desmaiou. Então pediu para morrer, dizendo: — Para mim é melhor morrer do que viver! Então Deus perguntou a Jonas: — Você acha que é razoável essa sua raiva por causa da planta? Jonas respondeu: — É tão razoável que até quero morrer! Jonas 4:5-9

Jonas havia sido liberto da morte por Deus, apesar do seu pecado. Mesmo assim, não era capaz de aceitar que Deus estava livrando a cidade de Nínive do mesmo destino. Ainda esperançoso de que o juízo divino fosse derramado sobre o povo, Jonas estabelece um amigo do lado de fora da cidade e aguarda, ansioso, pelos acontecimentos que se dariam. Como mensageiro divino, Jonas poderia estar abrigado nos melhores cômodos da cidade, mas a dureza do seu coração o mantinha do lado de fora.


Infelizmente, muitas pessoas vivem com o coração de Jonas: orgulhosas, cheias de si, carrancudas, indiferentes. Podendo desfrutar do melhor, contentam-se com a solidão e o sol queimando a cabeça. Deus, entretanto, insistentemente chama a atenção do profeta e lhe proporciona mais um sinal miraculoso para despertar seu coração: a fim de protegê-lo do sol, Ele faz com que uma planta cresça rapidamente e lhe proporcione sombra. Aquele milagre fez o profeta sorrir como há muito ele não conseguia. Vejam, contudo, que Jonas não fez esforço algum para criar aquela planta. Ela nasceu porque Deus quis e Deus podia fazer com ela o que bem entendesse. A planta era de Deus e não de Jonas.


No dia seguinte, a Escritura afirma que o mesmo Deus operou segundo milagre, enviando um verme para consumir a planta fazendo ela secar. Sem a proteção divina, sobrou para Jonas o sol escaldante e o abafado vento do deserto. Atormentado com o calor, Jonas questiona a Deus e pede a morte. Parafraseando, ele afirma: "porque o Senhor destruiu aquilo que eu amo? Que direito o Senhor tem de fazer isso?".


Aqui, Deus de modo sábio desmascara o pecado do profeta: ele ficaria feliz em ver a destruição da cidade, mas ficou triste em ver a destruição da planta. Que lição extraímos disso?


o que move o nosso coração?


Muitas vezes, como Jonas, nos sentimos impelidos a lutar com Deus quando as coisas que desejamos não acontecem. Você percebe a lealdade do seu coração para com Deus nessas coisas mínimas:


- Você impõe condições para servir ao Senhor?

- Impõe critérios para estar reunido com os irmãos?

- Impõe critérios sobre a contribuição regular na sua igreja local?

- Se ira quando não recebe uma oportunidade?

- Se frustra quando alguma oração não é respondida como lhe convém?


Jonas não estava preocupado com a salvação do povo, mas demonstoru muita insatisfação quando Deus permitiu que o seu bem-estar fosse tirado. Deus esperava que Jonas tivesse compaixão do povo, mas ele decidiu sofrer por causa de uma planta. Do mesmo modo, somos uma geração de crentes que deseja as melhores roupas, os melhores lugares, oportunidades recorrentes, reconhecimento, aplausos e, nessa busca desenfreada, permanecemos indiferentes àqueles que, como o povo de Nínive, caminha a passos largos da condenação. Deus tinha um único Filho e fez dele um missionário. E da mesma forma, Ele nos envia ao mundo para demonstrarmos compaixão e servirmos às pessoas, a fim de levá-las ao conhecimento de Cristo e ao arrependimento de pecados. Temos chorado por não faltar um celular melhor, uma roupa melhor, uma casa melhor. Mas deveríamos chorar pela conversão das nações. Não podemos ficar indiferentes a uma sociedade que está mergulhada em ardilosas mentiras ideológicas e caminhando aos passos largos para a condenação.


E Jesus lhes disse outra vez: — Que a paz esteja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês. João 20:21

O que move o seu coração? Cristo não derramou seu sangue na cruz para satisfazer nossas paixões egoístas, mas para salvar homens e mulheres da condenação. A misericórdia demonstrada em cada gota do sangue de Jesus deve fazer nosso coração arder de paixão pelos perdidos, a fim de nos conduzir a um serviço fiel e abnegado cujo único objetivo seja levar o arrependimento às nações. Se você não se preocupa com a salvação eterna das pessoas, você é o Jonas de nossos dias.


cristo em jonas


Finalizo a mensagem e essa série em dois tempos. O primeiro, mostrando os paralelos entre Jonas e Cristo, vívidos demais para serem ignorados.


  • Jonas e Cristo foram profetas de Deus;

  • Jonas foi enviado aos gentios; Jesus, às ovelhas perdidas da casa de Israel;

  • Ambos pregarama arrependimento;

  • Jonas desobedeceu, Cristo foi fiel até a morte;

  • Jonas foi de peixe, Jesus, de jumento;

  • Jonas viu a conversão de Nínive, Jesus viu a conversão de todos os eleitos;

  • Jonas passou três dias no peixe, Jesus, no seio da terra;

  • Jonas viu o seu trabalho e se entristeceu, Jesus viu e se alegrou;

  • Não sabemos o que se deu com Jonas após esses fatos;

  • Jesus morreu por nossos pecados, ressuscitou dentre os mortos, assentou-se à destra de Deus e brevemente voltará para julgar vivos e mortos.



o maior milagre do livro


O segundo fato, é percebercomo Jonas é um livro marcado por ações sobrenaturais e milagres extraordinários: a tempestade no mar, o livramento de Jonas, sua permanência vivo na barriga do peixe, a conversão em massa dos ninivitas, o crescimento e a morte sobrenatural de uma planta, o vento soprando forte na cabeça do profeta. Mas o maior milagre registrado no livro é o fato de Deus poder usar um missionário tão obstinado e errante.


Deus usa pessoas imperfeitas porque, se não fosse assim, Ele não poderia usar ninguém além de si próprio. Que Ele nos ajude, contudo, a observarmos o exemplo que a história de Jonas nos traz e, pela graça, mortificarmos nossos pecados e paixões para servirmos a Ele, dia após dia, com mais amor, mais compaixão e mais temor. Que nosso coração seja movido por aquilo que move o coração de Deus: a salvação do povo que Ele de antemão escolheu!


Que Ele te abençoe!



Pastor Sérgio Fernandes

Pastor Titular da IPR


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