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O Deus Triúno - Sermão de 24/03/2024

Atualizado: 24 de mar.





A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vocês. 2 Coríntios 13.13


Introdução


Um dos grandes desafios que temos como uma igreja bíblica independente é sermos coerentes com a história de nossa religião e, ao mesmo tempo, sermos capazes de driblar a tentação de nos rendermos ao espírito de nosso tempo.


Fazemos parte de uma geração acostumou-se com uma comunicação rápida e acessível, rasa e sem profundidade alguma. Haja vista o sucesso que o Tik Tok faz.


O cristianismo, contudo, não encaixa-se nesse formato. Ele é profundo, milenar e tão rico em sua mensagem que qualquer tentativa de simplificá-lo vai gerar inevitavelmente uma religião diferente da que foi deixada pelo Senhor Jesus.


Hoje, quero dedicar um tempo para um dos assuntos mais instigantes de nossa fé. A revelação da triunidade de Deus.


Historicamente, a Igreja adora um único Deus, que se revela em três pessoas distintas e coexistentes, o qual invocamos como Pai, Filho e Espírito Santo.


Minha intenção hoje é condensar esse aspecto fundamental de nossa fé em um sermão de domingo de manhã.


Que Deus me ajude nessa missão.






UMA FÉ MONOTEÍSTA



Os cristãos, assim como os judeus e os muçulmanos, compõe aquilo que a história chama de "as religiões abraâmicas", pelo fato de todas elas terem sua origem na pessoa de Abraão.


Quando Deus chamou Abraão, seu propósito era revelar a singularidade da fé monoteísta ao mundo, separando para si uma nação que invocaria o único Deus verdadeiro.


Então, o Senhor disse a Abrão: ― Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa do seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei. “Farei de você um grande povo e o abençoarei. Tornarei famoso o seu nome, e você será uma bênção. Abençoarei os que o abençoarem e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem; por meio de você, todos os povos da terra serão abençoados”. Gn 12.1-3

Abraão deu início à nação israelita. Essa, quando organizou-se como nação, guardou de todo o coração essa revelação, sendo a única nação do mundo antigo a invocar um único Deus.


Os israelitas foram, historicamente, o primeiro povo monoteísta do mundo.


― Ouça, Israel: o Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor. Dt 6.4

Essa crença era parte vital da fé israelita, a ponto de ser enumerada nos dez mandamentos.


Não era uma questão trivial, mas fundamental para Israel, de onde emanavam todos seus valores éticos e morais.


― Eu sou o Senhor, o seu Deus, que o tirou do Egito, da casa da escravidão. Não tenha outros deuses além de mim. Não faça para você nenhum ídolo na forma de qualquer coisa no céu, na terra ou nas águas debaixo da terra. Ex 20.2,3

Israel, contudo, experimentou várias ondas de apostasias nacionais, trocando a adoração a um único Deus e invocando os deuses das nações. Por isso, a nação foi severamente repreendida e castigada por Deus.


"Isso aconteceu porque os israelitas tinham pecado contra o Senhor, o seu Deus, que os tinha tirado do Egito, da terra da escravidão. Tinham seguido outros deuses, adorando os ídolos dos povos ao seu redor." 2 Rs 17.7,8

Deus tratou ao longo da história a infidelidade da nação, libertando-os de adorarem outros deuses. Quando Jesus é introduzido na história bíblica, Israel já é uma nação liberta da idolatria.


"Eu lhes darei um coração que me conheça, para que saibam que eu sou o Senhor. Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus, pois eles se voltarão para mim de todo o coração." Jeremias 24.7

Por isso, os cristãos, assim como Israel, adoram um único Deus.


A religião cristã é a consumação da esperança israelita, pois, na Pessoa de Jesus, a revelação de nossa fé agora está completa.


Por isso, você pode observar que nosso espaço de culto não possui nenhuma imagem ou ícone que possa nem sequer sugerir que exista mais alguém digno de nossa atenção ou adoração. Nós nos únimos aos vultos piedosos do passado e, com eles, afirmamos nossa crença em um único Deus verdadeiro.


"Ao Rei eterno, o Deus único, imortal e invisível, sejam honra e glória para todo o sempre. Amém." 1 Timóteo 1.17


UM ÚNICO DEUS, TRÊS PESSOAS



Como afirmamos anteriormente, há uma coerência entre a fé israelita e a fé cristã, sendo que para Israel a religião aguardava sua plena consumação na manifestação do Messias e para nós, a revelação já está completa porque o Messias já veio, que é Cristo, Nosso Senhor.


O artigo oitavo de nossa confissão de fé afirma a nossa crença de que na unidade de Deus existe uma pluralidade composta por três pessoas distintas e coexistentes.


Conforme esta verdade e esta palavra de Deus, cremos em um só Deus, que é um único ser, em que há três Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Essas são, realmente e desde a eternidade, distintas conforme os atributos próprios de cada Pessoa. 


escolhidos de acordo com a pré-conhecimento de Deus Pai, pela obra santificadora do Espírito, para a obediência a Jesus Cristo e a aspersão do seu sangue: Graça e paz lhes sejam multiplicadas. 1 Pedro 1.2

Desse modo, a Igreja adora o único Deus Verdadeiro, reconhecendo que Ele se revelou a nós na Pessoa do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Três pessoas, uma só substância divina, um único Deus.


"Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo," Mateus 28.19

A expressão teológica que utilizamos para descrever a natureza de nosso Deus é "Trindade". Embora nossa mente finita não seja capaz de entender como pode Deus ser composto por três pessoas e existir como um único Deus, todo o testemunho bíblico aponta para essa realidade.


É um artigo de fé fundamental e não crer nele nos afasta da verdadeira religião.


"Assim que Jesus foi batizado, saiu da água. Naquele momento os céus se abriram, e ele viu o Espírito de Deus descendo como pomba e pousando sobre ele. E uma voz dos céus disse: 'Este é o meu Filho amado, em quem me agrado.'" Mateus 3.16,17

A doutrina cristã da Trindade exige que a Igreja não confunda as pessoas e não misture a substância. O Pai não é o Filho, o Filho não é o Espírito e o Espírito não é o Pai. Mas os três são o Único Deus Verdadeiro.


Pela fé, recebemos a revelação desse mistério e invocamos a Deus reconhecendo o papel de cada pessoa no plano eterno de salvação.



O PAI QUE NOS PREDESTINOU


Na perspectiva reformada, a obra de salvação é entendida como sendo realizada em conjunto pelas três pessoas da Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. No entanto, cada pessoa da Trindade desempenha um papel distinto nessa obra.


No plano de salvação, foi o Pai quem elegeu e predestinou os salvos para pertencerem a Cristo Jesus. As Escrituras Sagradas afirmam que na eternidade passada Deus nos escolheu e desenhou o plano perfeito para que chegássemos à fé em Jesus.


"Pois Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade," Ef 1.3,4

Embora a escolha na eternidade defina quais seres humanos receberão o dom da salvação, a eleição por si só não salva pecador algum.


Era necessário que um sacrifício substitutivo fosse feito para resgatar os homens de seu estado de condenação. E quem determinou isso foi também o Pai, que enviou o Filho para morrer em nosso favor.


"Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna." João 3.16

Essa realidade graciosa nos leva a um profundo sentimento de louvor, devoção e reverência ao Deus que nos escolheu sem merecermos. Foi essa verdade que inspirou o apóstolo Paulo a invocar o "amor de Deus Pai" na benção apostólica (2 Co 13.13).


Você já adorou a Deus Pai pelo Seu amor? Quando foi a última vez que vc se dirigiu ao Pai agradecendo por sua salvação? Faça isso nesse momento.


Deus é Amor, nós não somos.


Quando pensamos nos pecadores indignos que naturalmente somos, e na obra de Cristo que nos tornou filhos de Deus perdoados, entendemos a bela afirmação bíblica: "Deus é Amor".



O FILHO QUE MORREU POR NÓS


Como afirmamos anteriormente, Deus nos amou a ponto de nos escolher e nos predestinar para a salvação. Esse amor eterno enviou Jesus, o Deus Filho, para consumar a salvação em nosso tempo.


É papel de Jesus Cristo morrer pelos pecadores eleitos.


Sem esse sacrifício, nenhum eleito seria perdoado por Deus. Foi na cruz que Deus, o Filho, se ofereceu em nosso lugar. Toda a ira destinada ao pecador foi colocada sobre Cristo. E todo o amor que o Pai sente pelo Filho foi direcionada para nós!


"assim também Cristo foi oferecido em sacrifício uma única vez, para tirar os pecados de muitos; e aparecerá segunda vez, não para tirar o pecado, mas para trazer salvação aos que o aguardam." Hebreus 9.28

O fato é que a obra de Cristo em nosso favor estende-se além da cruz. Deus, o Pai, aceitou o sacrifício de Jesus e garantiu seu efeito salvador o ressuscitando dentre os mortos.


Agora, Cristo vive à destra de Deus e é o mediador pelo qual nos aproximamos de nosso Pai Celestial. Sem essa mediação, carne nenhuma poderia se aproximar do Criador.


"Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus," 1 Tm 2.5

Por isso, cristãos bíblicos não repousam sua segurança ou esperança em si mesmos, mas na Pessoa Bendita de Jesus. Ele morreu em nosso lugar e nos garantiu acesso ao Pai.


Toda a religião cristã é exercida "em Cristo", porque por Ele vivemos e nEle existimos.


É a singularidade da obra de Jesus que nos permite acesso confiante ao trono da graça de Deus, de onde socorro e misericórdia.


Portanto, visto que temos um grande sumo sacerdote que adentrou os céus, Jesus, o Filho de Deus, apeguemo‑nos com toda a firmeza ao que confessamos, pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer‑se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, ainda que sem pecado. Assim, aproximemo‑nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade. Hebreus 4.14-16

É por isso que Paulo fala da "graça de Jesus Cristo". Sem o sacrifício feito na cruz, jamais poderíamos conhecer o amor do Pai. Agora que Cristo morreu, cada gota de sangue que Ele derramou é a melodia que nos recorda que somos indignos, mas profundamente amados !



O ESPÍRITO SANTIFICADOR


A obra que Cristo consumou na cruz garantiu a salvação de todos os eleitos de Deus. Mas cada eleito é um pecador morto em delitos e pecados (Ef 2.1) que precisa de uma ação sobrenatural de Deus para que receba a fé salvífica no coração (vv.8).


É papel do Espírito ministrar de forma eficaz essa revelação no coração dos eleitos. Sem que o Espírito faça essa obra, ninguém pode chegar a fé. Por isso, a obra do Espírito envolve, primeiro, injetar vida espiritual em nossa morte. Ele nos vivifica para sermos capacitados a crer em Jesus Cristo.


Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, Ef 2.1

Vivificados pelo Espírito, recebemos dEle em nosso coração a revelação do evangelho, pela pregação da palavra de Deus (Rm 10.17). É essa obra sobrenatural que nos convence de nossa falência espiritual e nos convence a crermos em Jesus como Senhor e Salvador.


"Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo." Jo 16.8

Essa obra sobrenatural não apenas vivifica o coração do crente e o convence a respeito da urgência da fé em Jesus, mas também atua continuamente em nossa transformação para nos tornarmos cada dia mais parecidos com Jesus.


Esse trabalho do Espírito, que chamamos de santificação, durará toda a vida do crente e embora não seja completo nesse lado da eternidade, amadurecerá em nós o fruto do Espírito para vivermos de modo santo e agradável a Deus.


E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito. 2 Coríntios 3.18

O Espírito nos ajuda em nossas fraquezas (Rm 8.26). Podemos recorrer a Ele nos momentos de aflições, de batalha contra o pecado, buscando graça e sabedoria para vencermos a jornada da fé.


É por isso que Paulo cita "a comunhão do Espírito".


Por Deus, o Espírito, fortalecemos nossa comunhão com a Trindade e nossa comunhão com nossos irmãos. Essa experiência profunda de unidade é o que nos move na direção da santificação.



CONCLUSÃO


Como vimos, a Igreja de Jesus adora o Senhor em sua Trindade. Pai, Filho e Espírito Santo trabalham a fim de reunir os eleitos de Deus aos pés de Nosso Senhor Jesus Cristo.


Há no Novo Testamento essa percepção viva da presença de Deus. Pelo ministério do Espírito Santo, Deus está ativo e agindo no mundo para manifestar a graça de Deus.


Essa talvez seja a crítica que eu possa fazer à muitos de nossos irmãos, que parecem estar estacionados numa escola teológica ao invés de estarem aos pés de Jesus Cristo.


Nossa relação de salvação não é com uma tradição, é com o Deus Vivo e Verdadeiro. Queremos ser uma igreja bíblica e queremos ser uma igreja fundamentada na fé histórica. Mas muito mais do que isso, queremos ser uma igreja crente, cheia do Espírito, que vive uma experiência profunda com o Senhor.


Como pentecostais reformados, celebramos e proclamamos a vitória do Cristo Invencível, que morreu por nossos pecados e ressuscitou para nossa justificação.


E nos recordamos que a Igreja que creu no Cristo Ressuscitado esperou pela promessa do Pai e recebeu a plentiude do Espírito (At 1.5,8; 2.1-4).


O Deus que ressuscitou Jesus dentre os mortos é o mesmo que enviou o Espírito ao Seu povo.


Nós precisamos ir além do saber teológico. Precisamos subir ao cenáculo para sermos cheios do Espírito.


Essa realidade é possivel e real graças ao ministério contínuo do Espírito, que prepara a Igreja para o breve retorno de Jesus.


  • Que nos liberta da escravidão do pecado;

  • Que nos liberta da falsa religiosidade;

  • Que dinamiza nossa vida de oração;

  • Que abre nossa compreensão da Escritura;

  • Que nos capacita a sermos discípulos de Jesus;

  • Que nos dá renovação contínua para cumprirmos a grande comissão;


Nessa manhã, invoque de todo o coração o Deus Triúno e deseje ardentemente uma experiência profunda com Ele! Que Ele te abençoe!



Pastor Sérgio Fernandes

Pastor Titular da IPR

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