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IGREJA DEFORMADA - Sermão de 21/01/2024

Atualizado: 22 de jan.





Contudo, assim como surgiram falsos profetas entre o povo de Israel, também surgirão falsos mestres entre vocês. Eles ensinarão astutamente heresias destrutivas e até negarão o Mestre que os resgatou, trazendo sobre si mesmos destruição repentina. Muitos seguirão a imoralidade vergonhosa desses mestres, e por causa deles o caminho da verdade será difamado. Em sua ganância, inventarão mentiras astutas para explorar vocês, mas eles já foram condenados há muito tempo, e sua destruição não tardará. 2 Pedro 2.1-3


Introdução


Na primeira reflexão dessa série, aprendemos que a Igreja de Jesus Cristo é um organismo espiritual, sem ruga ou mácula, composto por homens e mulheres que foram resgatados de sua vida de pecados pelo precioso sangue de Jesus Cristo.


Esse organismo espiritual invisível se reúne em assembleias locais, para prestarem culto a Deus, praticarem a comunhão e aprenderem o evangelho da graça de Cristo. Chamamos esses ajuntamentos de "igrejas locais". A Igreja Pentecostal Reformada é uma igreja local.


É nesse ponto onde precisamos com humildade reconhecer que nem todo ajuntamento é uma verdadeira igreja de Jesus.


Para não sermos uma igreja "deformada", precisamos reconhecer pelas Escrituras quais os emblemas da verdadeira igreja e identificar quais deformidades tem atingido a igreja nos dias atuais.


Esse estudo exigirá de nós humildade para reconhecermos em nossa própria prática de fé pontos "deformados" que exigem um ajuste para podermos viver um cristianismo vivo e extraordinário.






AS MARCAS DA VERDADEIRA IGREJA


A Igreja é diversa por natureza. Ao longo dos dois mil anos de cristianismo, o corpo de Cristo é dividido em diversas tradições que, embora divirjam em assuntos secundários, tem conduzido pecadores à cruz de Jesus Cristo pela proclamação do mesmo evangelho.


Contudo, ressaltamos que as Escrituras apresentam com clareza as marcas que compõe uma legítima igreja local. O artigo 30 da confissão de fé da Igreja Pentecostal Reformada afirma o seguinte:


As marcas para conhecer a verdadeira igreja são estas: ela mantém a pura pregação do Evangelho, a pura administração dos sacramentos como Cristo os instituiu e o exercício da disciplina eclesiástica para castigar os pecados. Em resumo: a verdadeira igreja se orienta segundo a pura Palavra de Deus, rejeitando tudo que se mostra contrário a essa Palavra e reconhecendo Jesus Cristo como o único Cabeça. Assim, com certeza, é possível conhecer a verdadeira igreja; e a ninguém convém separar-se dela.


Que seja amaldiçoado qualquer um, incluindo nós, ou mesmo um anjo do céu, que anunciar boas-novas diferentes das que nós lhes anunciamos. Repito o que disse antes: se alguém anunciar boas-novas diferentes das que vocês receberam, que seja amaldiçoado. Gl 1.8,9

Como podem se orgulhar disso? Deveriam lamentar-se e excluir de sua comunhão o homem que cometeu tamanha ofensa. Não cabe a mim julgar os de fora, mas certamente cabe a vocês julgar os que estão dentro. Deus julgará os de fora. Portanto, eliminem o mal do meio de vocês. 1 Coríntios 5.2,12,13

Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e o abençoou. Em seguida, partiu-o em pedaços e deu aos discípulos, dizendo: “Tomem e comam, porque este é o meu corpo”. Então tomou o cálice de vinho e agradeceu a Deus. Depois, entregou-o aos discípulos e disse: “Cada um beba dele, porque este é o meu sangue, que confirma a aliança. Ele é derramado como sacrifício para perdoar os pecados de muitos. Mateus 26.26-28

Esses aspectos podem parecer simples, mas uma análise cautelosa dos mesmos nos ajuda a entendermos as principais deformidades presentes no movimento evangélico brasileiro.



A PREGAÇÃO DE UM "OUTRO EVANGELHO"


O evangelho é o fato histórico incontestável da encarnação, vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. As marcas de sua presença em nossa mundo são sentidas de forma extraordinária até hoje. Após dois mil anos de história, pessoas do mundo todo continuam a confessar Jesus como Salvador e Senhor.


Aquilo que Cristo fez, o seu sacrifício vicário e a sua ressurreição se tornaram, pelo ministério dos apóstolos, a "doutrina do evangelho", que proclama o perdão dos pecados e a justificação para aqueles que se abrigam na graça de Jesus.


O evangelho trata, exclusivamente, do modo como Deus declara justos os pecadores pela fé em Jesus, formando através deles a Sua Igreja.


Agora, porém, conforme prometido na lei de Moisés e nos profetas, Deus nos mostrou como somos declarados justos diante dele sem as exigências da lei: somos declarados justos diante de Deus por meio da fé em Jesus Cristo, e isso se aplica a todos que creem, sem nenhuma distinção. Pois todos pecaram e não alcançam o padrão da glória de Deus, mas ele, em sua graça, nos declara justos por meio de Cristo Jesus, que nos resgatou do castigo por nossos pecados. Deus apresentou Jesus como sacrifício pelo pecado, com o sangue que ele derramou, mostrando assim sua justiça em favor dos que creem. No passado ele se conteve e não castigou os pecados antes cometidos, pois planejava revelar sua justiça no tempo presente. Com isso, Deus se mostrou justo, condenando o pecado, e justificador, declarando justo o pecador que crê em Jesus. Romanos 3.19-26

Infelizmente, muitas comunidades locais abandonaram a pregação do evangelho bíblico. Seja pelo avanço do liberalismo teológico, pelas pressões culturais e sociais ou pela ação do espírito do anticristo, essas comunidades tem se rendido ao espírito de nosso tempo, abandonando a fé histórica por "outro evangelho".


Isso é muito perigoso! Se a mensagem não for fielmente pregada como ensinam as Escrituras, não existe promessa de salvação.


Vejamos algumas deformidades que podem ser percebidas no movimento evangélico brasileiro e que constituem 'um outro evangelho'.



  • A teologia da prosperidade, que enfatiza que o resultado da salvação em Cristo é a prosperidade financeira e a melhora na qualidade de vida está presente na maior parte das novas comunidades que proliferam a cada dia. A teologia da prosperidade serve para enriquecer líderes religiosos e empobrecer os fiéis de suas igrejas. Pois o amor ao dinheiro é a raiz de todo mal. E alguns, por tanto desejarem dinheiro, desviaram-se da fé e afligiram a si mesmos com muitos sofrimentos. 1 Timóteo 6.10

  • O legalismo religioso é muito presente no Brasil, em especial, em igrejas de tradição pentecostal. A máxima legalista é o entendimento de que a fé em Jesus não é suficiente para salvação. Você precisa crer e ainda fazer diversas outras coisas para ser salvo. O #SolaFide da tradição reformada foi a ousada proclamação de que a salvação é somente pela fé. E, no entanto, sabemos que uma pessoa é declarada justa diante de Deus pela fé em Jesus Cristo, e não pela obediência à lei. E cremos em Cristo Jesus, para que fôssemos declarados justos pela fé em Cristo, e não porque obedecemos à lei. Pois ninguém é declarado justo diante de Deus pela obediência à lei”. Gálatas 2.16

  • A Hipergraça, uma heresia recente que apregoa que a morte de Cristo aboliu a necessidade de arrependimento, confissão e santificação tem avançado na igreja, em especial pela forte presença legalista de algumas comunidades. A hipergraça é um falso evangelho que desidrata de nossa religião o convite vocacional para uma vida santa e piedosa. Pois a graça de Deus foi revelada e a todos traz salvação. Somos instruídos a abandonar o estilo de vida ímpio e os prazeres pecaminosos. Neste mundo perverso, devemos viver com sabedoria, justiça e devoção, enquanto aguardamos esperançosamente o dia em que será revelada a glória de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo. Tt 2.11-13



A PURA ADMINISTRAÇÃO DOS SACRAMENTOS


O batismo e a ceia são os únicos sacramentos instituídos por Cristo ao Seu povo. E devem ser ministrados segundo as orientações deixadas por Ele nas Escrituras.


No artigo 35 de nossa confissão, afirmamos: Pelo batismo, somos recebidos na igreja de Deus e separados de todos os outros povos e outras religiões para pertencer totalmente a ele, tendo sua marca e seu estandarte. O batismo nos serve para testemunhar que ele será eternamente nosso Deus e misericordioso Pai. Batismo não é banho, é o sacramento insere o novo convertido no seio da Igreja. Deve ser ministrado por ministros devidamente qualificados à pessoas que demonstrem verdadeiro arrependimento e fé.


Embora respeitemos as tradições que praticam o pedobatismo (inclusive as reformadas), reconhecemos à luz das Escrituras que o batismo deve ser ministrado àqueles que já fizeram sua confissão de fé e foram formados discípulos de Cristo.


Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinem esses novos discípulos a obedecerem a todas as ordens que eu lhes dei. E lembrem-se disto: estou sempre com vocês, até o fim dos tempos”. Mateus 28.19,20

A Ceia do Senhor é o sacramento que afirma minha contínua comunhão com Jesus Cristo.


O artigo 36 de nossa confissão de fé diz o seguinte: Cremos e confessamos que nosso Salvador Jesus Cristo ordenou e instituiu o sacramento da Santa Ceia para alimentar e sustentar aqueles que ele já fez nascer de novo e incorporou à sua família, que é a sua Igreja.


A ceia deve ser ministrada à cristãos devidamente batizados, que demonstram em suas vidas às marcas de Cristo e que com sinceridade tem se esforçado para viverem vidas honrosas e livres de pecados.


Pois eu lhes transmiti aquilo que recebi do Senhor. Na noite em que o Senhor Jesus foi traído, ele tomou o pão, agradeceu a Deus, partiu-o e disse: “Este é meu corpo, que é entregue por vocês. Façam isto em memória de mim”. Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança, confirmada com meu sangue. Façam isto em memória de mim, sempre que o beberem”. Porque cada vez que vocês comem desse pão e bebem desse cálice, anunciam a morte do Senhor até que ele venha. 1 Coríntios 11.23-26

Na doutrina bíblica, a ceia deve ser ministrada "em memória de Cristo". Somente quem nasceu de novo pela ação do Espírito, foi introduzido à igreja pelo batismo pode fazer isso.


A moda atual de servir a ceia a não batizados é um ultraje a história de nossa fé e deve ser recusada por igrejas que desejam preservar a fé apostólica.



A FALTA DE DISCIPLINA E DISCIPULADO BÍBLICO


Um outro aspecto importante do cristianismo é a necessidade de um comprometimento integral com a doutrina e a ética cristã. Por toda a história da Igreja, o povo de Deus foi conhecido por sua vida piedosa e vida em comunidade.


Por medo de perderem seus "fregueses", muitas comunidades ignoram as instruções bíblicas para que as igrejas zelem pela qualidade de vida seus membros.


Não é um assunto secundário, porque o evangelho não é uma mensagem qualquer.


Esse zelo é demonstrado na vida comunitária da igreja, onde os membros do corpo de Cristo contribuem uns com os outros para seu crescimento na fé, instruindo e advertindo uns aos outros a uma vida de santificação.


Alguns exemplos de deformidades que surgem quando não existe genuína disciplina bíblica.


  • O movimento de "desigrejados" é uma realidade que não pode ser ignorada. Milhares de pessoas deixaram igrejas locais para supostamente "viverem a fé em casa". Reconhecemos que muitos desses deixaram comunidades doentes para se livrarem de lobos e falsos mestres, mas a vida cristã não é uma caminhada solo, é uma vida em comunidade com outros peregrinos. Não existe cristianismo à parte de uma igreja local. E não deixemos de nos reunir, como fazem alguns, mas encorajemo-nos mutuamente, sobretudo agora que o dia está próximo. Hb 10.25

  • As igrejas em formato de franquias explodiram no Brasil na última década, firmadas em técnicas de marketing poderosas para atrairem fiéis. Em seus púlpitos há pouquíssimo evangelho, mas sobram jargões motivacionais como "venha viver o novo", "o melhor ainda está por vir", "pare de sofrer" e outros. A explosão evangélica no Brasil é resultado da militância dessas instituições que, embora se apresentem com templos lotados e luxuosos, são desidratados do verdadeiro evangelho de Jesus Cristo. São comunidades que, como Laodicéia, pensam ter muito, mas são "pobres, cegas e nuas". Sai dela, povo meu! Você diz: ‘Sou rico e próspero, não preciso de coisa alguma’. E não percebe que é infeliz, miserável, pobre, cego e está nu. Apocalipse 3.17


conclusão


São as Escrituras Sagradas que formam o povo de Deus, por isso, toda comunidade de fé deve se sujeitar à autoridade bíblica em sua proclamação, prática religiosa, doutrinas e costumes.


Isso significa ser "reformado"... olhar para a Escritura e adequar nossas práticas para que tudo o que fizermos seja feito "para glória de Deus"


Cristo morreu pelo Seu Povo sangrando em uma cruz. Ele promete conduzir Suas ovelhas à pastos verdejantes, à comunidades onde seu nome é glorificado e o seu evangelho proclamado com poder e autoridade, onde elas poderão crescer na fé, servindo e sendo servidas, para a glória de Deus.


Não podemos ser cristãos "deformados" frequentando igrejas "deformadas". Deus nos chama para uma reforma radical pelo evangelho de Jesus Cristo.


Por isso, é nosso dever como cristãos buscarmos nas Escrituras um verdadeiro conhecimento de nossa fé para fazermos parte de igrejas bíblicas, que pregam o evangelho bíblico e cultuam de forma bíblica.


Que Deus nos ajude, com humildade, a sermos uma legítima comunidade cristã reformada. Esse é o nosso propósito e a nossa declaração de missão!



Pastor Sérgio Fernandes

Pastor Titular da IPR

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