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Herança - Sermão de 05/06/2022

Atualizado: 15 de jun. de 2022



Disse o Senhor a Abrão, depois que Ló separou-se dele: "De onde você está, olhe para o Norte, para o Sul, para o Leste e para o Oeste: Toda a terra que você está vendo darei a você e à sua descendência para sempre. Tornarei a sua descendência tão numerosa como o pó da terra. Se for possível contar o pó da terra, também se poderá contar a sua descendência. Percorra esta terra de alto a baixo, de um lado a outro, porque eu a darei a você". Gênesis 13:14-17


Introdução


O que acontece quando uma pessoa é tocada pela graça de Deus? Um escolhido de Deus pode sofrer, enfrentar lutas ou aflições ou tudo na sua vida irá de vento em popa? Essas são perguntas naturais que fazemos quando refletimos na grandeza do Todo Poderoso. A história de Abrão segue um interessante curso depois que ele chega em Canaã e invoca o nome do Senhor. Ele possuía uma privilegiada posição diante de Deus e um propósito eterno para a sua vida, mas como qualquer outro ser humano que foi eficazmente chamado por Deus, ele precisaria passar pela escola divina onde aprenderia a confiar no Senhor, desenvolver sua santificação e cumprir aquilo que estava projetado para a sua vida.


Na mensagem de hoje, discorrerei sobre dois capítulos de Gênesis, abrangendo simultaneamente duas histórias: a descida de Abrão ao Egito e o seu retorno a Canaã, onde ele se separou de Ló e ouviu mais uma vez a voz do Senhor. Embora seja tentador debruçar individualmente em cada uma dessas etapas, eles possuem uma interligação e funcionam melhor quando lidas em conjunto. O meu desejo sincero é que o Espírito Santo nos ilumine na compreensão da Escritura e nos ajude a, como Abrão, aprendermos a confiar de todo o coração nesse Deus invisível, mas real!





A primeira prova de fé de Abrão


Em Gênesis 12, a partir do versículo 10, a história de Abrão dá uma guinada radical. Nos versículos anteriores, ele é tocado pela graça de Deus, recebe as promessas e invoca o nome do Senhor. Um período de alegria e refrigério está tomando conta de seu coração. Há muitas coisas novas e sensacionais para descobrir sobre esse Criador que o chamou para um propósito tão grande e majestoso. Eu até acredito que até esse instante, Abrão estava naquele clima da fé menina que enxerga "vitória" em tudo o que acontece. Até esse momento, o patriarca não havia sido submetido a nenhum teste de confiança. Foi então que no versículo 10 somos informados que algo abalou o mundinho de Abrão: houve uma grande fome na terra.


Houve fome naquela terra, e Abrão desceu ao Egito para ali viver algum tempo, pois a fome era rigorosa. Gênesis 12:10


Pode parecer sem nenhuma importância essa informação, uma vez que seria natural que um homem buscasse melhores condições de vida diante de um cenário que não está muito favorável para ele. Mas há um significativo contraste nas atitudes de Abrão entre os versos 8 e 10. Em Gn 12.8, ele invoca o Senhor. Agora, ele toma uma decisão sem considerar a vontade do Deus que o chamava. Ele visualiza o desafio para a sua fé e ao invés de exercitá-la, ele simplesmente segue seus próprios olhos e desce ao Egito, onde aparentemente não havia escassez de alimentos. Ali, ele elabora um audacioso plano para ocultar que Sarai é sua mulher, temendo pela própria vida (e não pela vida dela). Vários evento fatídicos acontecem:


  • Sarai é levada para o harém de faraó, Gn 12.15

  • Toda a cada de Faraó é punida por causa dessa desobediência, Gn 12.17;

  • O seu plano tolo é descoberto e ele é ferozmente repreendido por faraó, Gn 12.18,19;

  • Ele é expulso do Egito, com sua reputação ferida, Gn 12.19,20.


Há entre os comentaristas bíblicos duas percepções sobre o que levou Abrão a agir dessa forma diante do seu primeiro desafio de fé. Para alguns, o medo de Abrão diante da dificuldade foi mais forte do que sua confiança em Deus e ele então age por impulso a fim de preservar sua vida e família. Outros parecem acreditar que, na verdade, Abrão já possuía consciência plena de propósito e temendo morrer e com isso não ver a promessa cumprida, ele tenta dar "uma ajuda" para Deus, forçando uma situaçao como se o Senhor não fosse poderoso o bastante para preservá-lo mesmo em meio a fome. Não importa qual posicionamento represente melhor a realidade dos fatos, em ambos existem erros que nós, eleitos do Senhor, podemos cometer.


O primeiro deles é nos concentrarmos e nos intoxicarmos tanto com os desafios da vida a ponto deles nos tirarem por um tempo da rota que Deus nos propõe. Os eleitos não podem ser destruídos, mas podem ficar distraídos com lutas e circunstâncias. Quantos irmãos perdem anos de suas vidas tentando eliminar problemas com os quais deveriam simplesmente aprender a conviver? Essas dificuldades sugam sua fé, suas energias e eles não se dão conta que o tempo vai passando e o espiral de problemas nunca se encerra. No mundo tereis aflições (Jo 16.33). É assim que a vida desse lado da eternidade funciona.


Precisamos simplesmente aprender a viver com eles e resistir. Dores, percas, traições, decepções, desencontros são matérias onde cada um de nós será experimentado na escola da fé. Por isso, ao invés de gastarmos energias tentando entender os "porquês" e buscarmos uma vida leve e sem dores, nós não investimos nossas energias em buscar a Deus com maturidade, dizendo assim: "Senhor, mais uma provação chegou, o que o Senhor pretende me ensinar agora?". Se for para descer, desça aos pés do Criador!


O sofrimento foi bom para mim, pois me ensinou a dar atenção a teus decretos. Salmos 119:71

O segundo é tentarmos ajudar Deus no cumprimento de suas promessas. Fazemos isso de tantos modos e de tantas formas. Geramos religiosidade ao invés de experimentarmos santificação. Forçamos um moralismo morto nas pessoas ao invés de confiarmos que Deus operará a renovação de seus entendimentos para que cresçam na fé. Forçamos portas que não deveriam se abrir. Lutamos para ocupar espaços que nunca por determinação de Deus seriam nossos. Os resultados disso são, como o de Abrão, sempre desastrosos. O vaso não diz para o oleiro como este deve moldá-lo. Não é papel do homem interferir nos planos eternos de Deus.


Como são grandes as riquezas, a sabedoria e o conhecimento de Deus! É impossível entendermos suas decisões e seus caminhos! "Pois quem conhece os pensamentos do Senhor? Quem sabe o suficiente para aconselhá-lo?. "Quem lhe deu primeiro alguma coisa, para que ele precise depois retribuir?". Pois todas as coisas vêm dele, existem por meio dele e são para ele. A ele seja toda a glória para sempre! Amém. Romanos 11:33-36


de volta a canaã


Abrão sai do Egito ferido e desmoralizado. Embora tivesse muitas riquezas (Gn 13.2), era do conhecimento de todos que ele foi repreendido por um homem pagão. Em sua volta a Canaã, algo acontece dentro do seu coração e ele se dirige ao lugar onde haviam anteriormente acampado, entre Betel e Ai, no último altar que havia erigido. Ali, ele invocou novamente o nome do Senhor (Gn 13.3,4). Eu acredito que nesse ato de adoração, Abrão externa o seu arrependimento e desejo urgente por mudança. Foi uma oração de entrega, um redirecionamento espiritual, um reposicionamento naquilo que Deus pretendia com ele.


Do Neguebe, prosseguiram em sua jornada, acampando ao longo do caminho em direção a Betel. Por fim, armaram as tendas entre Betel e Ai, onde haviam acampado anteriormente, e onde Abrão havia construído um altar. Ali, Abrão invocou o nome do Senhor outra vez. Gênesis 13:3,4

Abrão, contudo, mal podia imaginar que na escola de Deus sua fé seria colocada à prova pouco tempo depois. A Escritura afirma que seus rebanhos e os de seu sobrinho Ló eram numerosos demais para dividirem a mesma terra. O que fazer diante desse cenário? Eu espero que Abrão haja como um "tiozão" e peça para Ló ir embora, afinal, a promessa foi feita para ele e não para seu sobrinho. Mas as dores que a passagem pelo Egito lhe causaram e o reencontro com Deus no altar mudaram o seu coração. Ele agora não tem medo das circunstâncias e nem quer ajudar ao Senhor na concretização do seu plano eterno. Sua atitude é digna de nota:


Como pacificador, Abrão desconstrói as barreiras para que seu relacionamento com Ló não seja perdido diante do problema. Pessoas são importantes e devemos, sendo possível, ter paz com todos (Rm 12.18).

Então Abrão disse a Ló: "Não haja conflito entre nós, ou entre nossos pastores. Afinal, somos parentes próximos! Gênesis 13:8

Se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens. Romanos 12:18

Como homem de fé, Abrão não é sucumbido pelo medo e nem tenta ajudar ao Senhor. Ele pede que seu sobrinho escolha para onde ir, mesmo sabendo que poderia lhe sobrar a pior parte das terras.

A região inteira está à sua disposição. Escolha a parte da terra que desejar e nos separaremos. Se você escolher as terras à esquerda, ficarei com as terras à direita. Se preferir as terras à direita, ficarei com as terras à esquerda". Gênesis 13:9


Abrão permaneceu em Canaã com sua confiança renovada em Deus. Ele sabia que não importava o lugar, mas sim quem havia prometido estar com ele.


Assim, Abrão continuou na terra de Canaã, e Ló mudou suas tendas para um lugar próximo de Sodoma e se estabeleceu entre as cidades da planície. Gênesis 13:12


Herdamos do pensamento evangélico do século XX que a fé em Deus nos dá imunidade para os problemas. Pelo contrário, o custo do discipulado é muito alto. Somos testados em cada relação social, em cada conversa, em cada sonho, enfim, em todo o tempo nossa fé é colocada à prova e muitas vezes a aprovação de Deus à nosso respeito acontecerá em momentos de dores, em percas, em abandono, em solidão.


Ló em momento algum considerou abrir mão de seu patrimônio para permanecer com "o homem que recebeu a promessa de salvação". Ló desceu sozinho para Sodoma. Mas Deus ficou com Abrão em Canaã. Na presença do Eterno, perder é ganhar!



a promessa renovada


Quando Ló desce para Sodoma, o Senhor aparece novamente a Abrão e lhe ordena que olhe para todas as direções e promete lhe dar toda a terra que a vista de Abrão pudesse alcançar. Além de uma herança terrena, Deus lhe promete uma grande descendência, tão numerosa quanto o pó da terra. O coração dele certamente ardeu em um êxtase de alegria e gratidão.


O tropeço no Egito havia ficado para trás, assim como a tristeza pela despedida de Ló. Uma única palavra do Senhor e todas as dores foram aliviadas. A resposta natural de Abrão é expressa em seu gesto devocional favorito: ele ergue mais um altar ao Senhor, agora em Hebrom.


Então Abrão mudou seu acampamento para Hebrom e se estabeleceu junto ao bosque de carvalhos que pertencia a Manre. Ali, construiu mais um altar ao Senhor. Gênesis 13:18


Embora não tenha ficado com a melhor porção da terra, Abrão ficou com algo melhor: a própria palavra do Senhor. Ló, com sua visão terrena, alcançou uma prosperidade que anos depois destruiria a sua família.


Abrão, contudo, permaneceu "na promessa" e sua fé tornou-se o modelo para todos aqueles que são chamados pela graça a servirem ao Deus vivo e verdadeiro. Coloquemos os nossos olhos naquilo que é do céu! O que vem de lá é sempre melhor!


Uma vez que vocês ressuscitaram para uma nova vida com Cristo, mantenham os olhos fixos nas realidades do alto, onde Cristo está sentado no lugar de honra, à direita de Deus. Pensem nas coisas do alto, e não nas coisas da terra. Colossenses 3:1,2


A herança de Abrão e a Herança de Cristo


Quando Moisés escreveu Gênesis, ele tinha como objetvo primário dar uma identidade nacional aos israelitas que haviam saído do Egito. Os relatos do livro posicionam a nação na linha do tempo da história mundial e oferecem aos israelitas um modelo para sua peregrinação. Assim como Abrão, eles foram chamados por Deus, passaram pelo Egito, saíram de lá repletos de despojos e agora precisariam viver pela fé no Deus invisível, com santidade e reverência. A luz dos acontecimentos aqui narrados, cada israelita tomaria consciência de que estava tomando posse da terra que lhe pertencia, a herança que Deus havia reservado para eles.


Profeticamente, os eventos que envolvem a história de Abrão olham para o futuro, para o seu descendente, Jesus Cristo, Nosso Senhor. Assim como Deus chamou Abrão e lhe fez uma promessa, a respeito de uma herança eterna, assim também aconteceu com Cristo!


Quando o Unigênito foi gerado pelo Pai, na eternidade passada, Ele recebeu a promessa de que receberia as nações por HERANÇA e as extremidades da terra por sua possessão. No santo e eterno propósito do Pai, Cristo herdaria homens e mulheres de todo povo, raça, tribo e nação para pertencerem a Ele e viverem para a sua glória!


"Eu constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião."O rei diz: "Proclamarei o decreto do Senhor . Ele me disse: ‘Você é meu Filho, hoje eu gerei você". Peça, e eu lhe darei as nações por herança e as extremidades da terra por sua possessão. Salmos 2:6-8

Para cumprir suas promessas na vida de Abrão, Deus graciosamente o exercitou em toda escola de dores e provações. E para que Cristo recebesse a sua herança, Ele precisou levar sobre si o pecado de todos aqueles que foram destinados a salvação! O Filho não foi poupado de dores e aflições: ao Senhor agradou moê-lo (Is 53.10). Ele foi ferido pelos nossos pecados, levando sobre si a ira de Deus e creditando a nós a sua vida perfeita, a fim de obtermos a justificação (vv.11). Ele ofereceu sua alma como oferta pelo pecado, mas Deus o ressuscitou ao terceiro dia! Ele viu cada um de seus eleitos e o penoso trabalho que fez para resgatá-los e ficou satisfeito! Nós somos a herança de Cristo!


Todavia, ao Senhor agradou esmagá-lo, fazendo-o sofrer. Quando ele der a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos. Ele verá o fruto do trabalho de sua alma e ficará satisfeito. O meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si. Isaías 53:10,11


Com seu sangue vertido na cruz do Calvário, Cristo comprou para Deus todos aqueles pelos quais Ele foi enviado para morrer! Pela sua obra consumada na cruz, todo o povo de Deus será resgatado dos seus pecados e adotado na família divina. Em nossa união salvífica com Cristo, participamos dos seus sofrimentos e também participaremos de sua glória! Cristo é a herança da igreja!


e cantavam um cântico novo, dizendo: "Digno és de pegar o livro e de quebrar os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra." Apocalipse 5:9,10

O próprio Espírito confirma ao nosso espírito que somos filhos de Deus. E, se somos filhos, somos também herdeiros; herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo, se com ele sofremos, para que também com ele sejamos glorificados. Romanos 8:16,17

O Senhor é a porção da minha herança e o meu cálice; tu sustentas a minha sorte. Salmos 16:5


Conclusão


Querido amigo, a existência humana não se encerra com a morte. O Deus Eterno nos fez imortais! Até que Cristo venha, todos nós iremos encarar a realidade da morte e com ela, experimentaremos o juízo! É o que lemos em Hebreus 9.27,28.


E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disso, o juízo, assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez por todas para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, não para tirar pecados, mas para salvar aqueles que esperam por ele. Hebreus 9:27,28

Você espera por Cristo? Fez dEle a sua herança? Ou ainda vive segundo o curso dessa sociedade, aprisionado pelos seus pecados, sem paz, sem alegria e sem Deus no mundo?


Você tem depositado toda a sua energia na brevidade dessa existência, mas esta vida é apenas o primeiro capítulo da infinita história de Deus. Onde você estará no próximo capítulo? Banido eternamente da presença do Eterno Senhor, porque preferiu os prazeres passageiros que o mundo oferece ou abraçado para sempre com aquEle que te amou e entregou Sua vida na cruz por você?


O mesmo Salmo 2 que nos afirma que Deus entregou as nações por herança para Seu Filho nos ensina o que fazermos para que este Filho seja a nossa eterna herança!


Sirvam o Senhor com temor e alegrem-se nele com tremor. Beijem o Filho para que não se irrite, e não pereçam no caminho; porque em breve se acenderá a sua ira. Bem-aventurados todos os que nele se refugiam. Salmos 2:11,12

Venha correndo as pés de Cristo! Beije o Filho nessa manhã! Lave seus pecados em seu precioso sangue e receba o dom da vida eterna! Que Ele te abençoe ricamente!


Pastor Sérgio Fernandes

Pastor Titular da IPR

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