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Eleição Incondicional - Sermão 08/08/2021

Atualizado: 9 de ago. de 2021



“Reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição, porque o nosso evangelho não chegou até vós tão somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós e por amor de vós.” 1 Tessalonicenses 1.4-5


INTRODUÇÃO


No domingo anterior, estivemos reunidos estudando a Escritura Sagrada e refletindo a respeito da primeira das doutrinas da graça: a depravação total. Você pode ler o sermão e assistir a gravação do culto aqui. Considero de muito importância você conhecer esse conteúdo de antemão antes de estudar o que pretendo, na graça de Cristo, apresentar aqui.


Uma das lembranças que possuo dos meus tempos de escola é a experiência dos trabalhos em equipe. Quase sempre eu era o primeiro aluno a ser procurado para os grupos, por ser reconhecido pela minha dedicação aos estudos. O mesmo não acontecia nas aulas de educação física. Eu sempre fui ruim nas atividades físicas, e nessas ocasiões, eu era sempre o último a ser escolhido. Observo nessa minha vivência que, em termos humanos, a prioridade de escolha se dava pelo potencial. Em situações em que eu me destacava, era o primeiro; nas demais, o último. A decisão a meu respeito era meritória.





Um dos aspectos do evangelho da graça que me despertam uma especial atenção diz respeito a escolha que Deus fez a nosso respeito. Há um vasto testemunho nas Escrituras a respeito desse assunto: Deus fez escolhas desde antes da fundação do mundo e as conduz soberanamente na história. Os eventos de nossa realidade não são uma sucessão de fracassos humanos e improvisos divinos, pelo contrário: o Criador tem o pleno controle dos tempos e das épocas, e Ele tem feito decisões soberanas que tem conduzido a história em direção a consumação de todas as coisas. Deus fez escolhas e dentre elas está a salvação eterna de Seus filhos. Isso inclui a mim e a você.


a eleição incondicional


A Eleição Incondicional é a doutrina que ensina que Deus escolhe certos indivíduos para a serem objetos de sua graça salvadora. Sua escolha não se baseou em boas obras ou pela fé prevista. A eleição foi feita exclusivamente pela escolha de Deus, por sua graça.

O Pai escolhe, o Filho salva e o Espírito Santo regenera.


“Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia.” João 15.16,19

Das cinco doutrinas da graça, essa é a que recebe mais ataques e mais ressalvas, tanto de cristãos quanto de não cristãos, que a consideram injusta. Na mentalidade popular, Deus tem a obrigação de oferecer oportunidades iguais a todos, e caso não faça, ele seria um déspota injusto que não merece crédito e nem nossa devoção. Então, precisamos definir alguns termos biblicamente para sustentarmos nossa posição.


deus é justo


O primeiro ponto que estabelecemos na discussão sobre a eleição incondicional é a justiça de Deus. O testemunho da Escritura nos apresenta um Senhor que é justo em tudo aquilo que faz. Vejamos!


Ele é a Rocha, as suas obras são perfeitas, e todos os seus caminhos são justos. É Deus fiel, que não comete erros; justo e reto ele é. Deuteronômio 32:4

Se Deus é justo, ele jamais oferecerá injustiça a criatura alguma. Em todos os seus caminhos, vemos a sua retidão. Ele é fiel e não comete erros. A justiça deve ser medida pelos padrões de Deus e não pelos nossos. Isso significa que tudo o que Deus faz é justo e essa é a vara pela qual medimos o que é justo ou não. Em contraste, a Bíblia afirma a nosso respeito exatamente o contrário.


Como está escrito: "Não há nenhum justo, nem um sequer; Romanos 3:10

Deste modo, é natural que o homem decaído se levante contra a sabedoria e a justiça de Deus, uma vez que por causa do pecado ele é incapaz de compreender e de aceitar seus retos caminhos. O homem no estado do pecado não aceita a Soberania de Deus e por isso, se levanta com ira todas as vezes que Deus se revela como Ele É, assentado no seu trono e reinando soberano.


Este Deus justo e soberano jamais dará à humanidade pecadora injustiça.


Graça e justiça


A rebelião da raça humana colocou o homem em rota de colisão com a santidade e a ira de Deus. Ele não nos deve nada! Este universo é dEle. Ele nos criou para a sua glória e nós demos as costas para Ele. Por isso, ao tratar a rebelião de nossa raça, Deus nos oferece apenas duas coisas: a uns, Ele demonstra a sua justiça e a outras, Ele oferece livremente sua graça.


E esse não foi o único caso; também os filhos de Rebeca tiveram um mesmo pai, nosso pai Isaque. Todavia, antes que os gêmeos nascessem ou fizessem qualquer coisa boa ou má — a fim de que o propósito de Deus conforme a eleição permanecesse, não por obras, mas por aquele que chama — foi dito a ela: "O mais velho servirá ao mais novo". Como está escrito: "Amei Jacó, mas rejeitei Esaú". Romanos 9:10-13

Segundo lemos no texto, a escolha soberana a respeito de Jacó aconteceu antes que ele e seu irmão nascessem. Sendo assim, não baseou-se em obra alguma, mas na pura determinação de Deus. A própria Escritura explica essa escolha com uma forte expressão: "eu amei a Jacó, mas rejeitei a Esaú" (vv.13). Sendo assim, a Jacó Deus demonstrou sua graça. E a Esaú, sua justiça. A nenhum deles foi dada injustiça. Ao escrever sobre isso, Paulo antevê a rejeição dos pecadores a respeito dessa doutrina e então ele responde a argumentação comum quando a soberania de Deus na eleição é pregada.


Pois ele diz a Moisés: "Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão". Portanto, isso não depende do desejo ou do esforço humano, mas da misericórdia de Deus. Pois a Escritura diz ao faraó: "Eu o levantei exatamente com este propósito: mostrar em você o meu poder, e para que o meu nome seja proclamado em toda a terra". Portanto, Deus tem misericórdia de quem ele quer, e endurece a quem ele quer. Romanos 9:15-18

De uma mesma massa (a nossa raça humana), Deus soberanamente escolheu alguns para serem vasos para honra e outros para serem vasos para desonra. Assim como o barro não pode dizer para o oleiro de que modo ele será modelado, assim o homem não pode questionar ao Senhor por seus caminhos misteriosos.


Mas quem é você, ó homem, para questionar a Deus? "Acaso aquilo que é formado pode dizer ao que o formou: ‘Por que me fizeste assim?'". O oleiro não tem direito de fazer do mesmo barro um vaso para fins nobres e outro para uso desonroso? E se Deus, querendo mostrar a sua ira e tornar conhecido o seu poder, suportou com grande paciência os vasos de sua ira, preparados para destruição? Que dizer, se ele fez isto para tornar conhecidas as riquezas de sua glória aos vasos de sua misericórdia, que preparou de antemão para glória, Romanos 9:20-23

Na santa eleição divina, o homem nunca recebe injustiça. Ou ele recebe justiça, ou graça. Deus é sempre justo!


“O Senhor fez todas as coisas para determinados fins e até o perverso, para o dia da calamidade.” Provérbios 16.4


como deus nos elege?


A eleição é uma doutrina bíblica bem estabelecida e isso é reconhecido em todas as tradições cristãs sérias. O que muda é o entendimento do modo da eleição. No pensamento cristão dominante, Deus nos elege por sua presciência, isto é, ao saber de antemão os fatos futuros, Deus escolhe aqueles que Ele viu que terão fé em Jesus. Essa doutrina se chama eleição condicional, isto é, Deus escolhe os homens porque eles crêem. Os que defendem esse posicionamento o fazem baseado no verso abaixo:


escolhidos de acordo com a pré-conhecimento de Deus Pai, pela obra santificadora do Espírito, para a obediência a Jesus Cristo e a aspersão do seu sangue: Graça e paz lhes sejam multiplicadas. 1 Pedro 1:2

Essa posição defende que Deus e o homem dividem papéis na salvação. Deus salva aqueles que querem ser salvos. A salvação aqui, portanto, é vista como uma recompensa dada a quem creu. Se ninguém cresse, niguém seria salvo.


A posição reformada, contudo, levanta um importante contraponto a este posicionamento: como Deus poderia escolher aqueles que teriam livremente fé em Jesus se, pela própria revelação da Escritura, o pecado tornou o homem incapaz de buscar a Deus e compreendê-lo (Rm 3.10,11)? Se até mesmo a fé que nos salva é um dom de Deus (Ef 2.8), como o homem poderia buscá-lo sozinho sem antes ser encontrado por Ele? Por isso, nossa posição se chama "eleição incondicional", porque acreditamos que Deus nos escolheu por amor, porque quis nos escolher e sem considerar nenhuma obra ou nenhuma fé prevista, porque não teríamos isso para lhe oferecer.


Assim, hoje também há um remanescente escolhido pela graça. E, se é pela graça, já não é mais pelas obras; se fosse, a graça já não seria graça. Romanos 11:5,6



em que tempo aconteceu a eleição?


A escolha de Deus para a salvação se deu antes dos tempos eternos, na eternidade pretérita. Embora existam posicionamentos distintos a respeito da ordem dos decretos de Deus que levou a escolha de uma multidão da raça humana para a salvação, é senso comum que essa ação aconteceu antes da criação.


“Que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos.” 2 Timóteo 1.9

Embora a eleição tenha sido definida na eternidade passada, ela precisa ser confirmada em nosso tempo. Por isso, como ninguém conhece a Noiva a não ser o Noivo, é nosso papel pregar insistentemente a todos os homens, buscando que se arrependam, sabendo que o evangelho triunfará no coração daqueles aos quais Deus de antemão escolheu. Desse modo, ao invés de desestimular a evangelização, a doutrina da eleição garante que dentre todos os povos da terra, Deus chamará eficazmente pecadores para serem seus filhos. Aleluia!


“Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna.” Atos 13.48

qual o propósito da eleição?


O própósito da eleição em Cristo é formar um povo santo e irrepreensivel na presença de Deus. O sinal que evidencia nossa eleição é justamente nossa fé viva em Jesus e a mortificação diária do pecado. Uma eleição que não considera esses fatores não é verdadeira e não se respalda biblicamente.


Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. Efésios 1:4

Portanto, irmãos, empenhem-se ainda mais para consolidar o chamado e a eleição de vocês, pois se agirem dessa forma, jamais tropeçarão, e assim vocês estarão ricamente providos quando entrarem no Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. 2 Pedro 1:10,11


a eleição dispensa que eu creia?


Não, de forma alguma. Todos aqueles que foram eleitos por Deus na eternidade precisarão exercer fé salvadora em Jesus. Por isso, o dever da igreja é pregar o evangelho até aos confins da terra, para que as ovelhas de Cristo ouçam a boa notícia da salvação e recebam por ela a fé salvífica como dom do Espírito.


“Quem dentre vós me convence de pecado? Se vos digo a verdade, por que razão não me credes? Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por isso, não me dais ouvidos, porque não sois de Deus.” João 8.46-47

como saber se sou eleito?


A eleição e a reprovação são duas faces da mesma verdade bíblica, mas elas não devem ser motivo de pavor para o pecador, mas de encorajamento para a fé. O desejo de Deus é o de que todos se salvem (1 Tm 2.3,4), embora a sua justiça precise ser vindicada por causa da nossa rebelião. Spurgeon sintetizou isso muito bem ao mostrar a soberania de Deus e a responsabilidade humana caminhando ladeadas na obra da salvação. O pecador não deve se ocupar em saber se foi escolhido ou não, mas deve abraçar a oferta universal de salvação e assim, confirmar pela fé e pela mortificação que é mais um dos salvos. O princípe dos pregadores disse assim:


Quem crer e for batizado será salvo. Aquele que crê não será condenado‟. Aquele que crê será salvo, mesmo que seus pecados sejam muitos. Aquele que crê não será condenado, sejam seus pecados mui poucos e sejam suas virtudes muitíssimas! Confie em Jesus AGORA!

conclusão


Pela morte e ressurreição de Jesus Cristo, por seu sangue derramado na cruz do Calvário, homens e mulheres podem ser resgatados da sua vã maneira de viver a fim de experimentarem, por Cristo, uma nova vida de salvação, perdão e reconciliação. Jesus morreu especificadamente por aqueles que o Pai escolheu e estes irão, em vida, aceitar a oferta graciosa de Jesus na cruz. Que sejamos nós estes que participam da promessa de salvação e que confirmemos isso com uma fé operosa em Jesus.


Que Ele nos abençoe!



Pastor Sérgio Fernandes

Pastor Titular da IPR



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