Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito por meio do profeta: “A virgem ficará grávida e terá um filho que receberá o nome de Emanuel.” (Emanuel quer dizer “Deus está conosco”.), Mateus 1.22,23
Introdução
Nas quatro semanas de dezembro, cristãos de diversas tradições celebram em seus calendários um período chamado de Advento. Nessa época, refletimos a respeito do nascimento de Jesus Cristo, suas implicações para a concretização do plano eterno de Deus e também sobre a expectativa perene de seu breve retorno.
No advento, nossos sentimentos mais profundos giram em torno da qualidade de nossa fé. Se Cristo veio, nasceu e morreu, que tipo de vida devo viver enquanto aguardo o seu breve retorno?
Qual o impacto que a presença de Deus trouxe e traz a minha vida?
Nesta reflexão, desejo meditar com vocês sobre um tradicional texto bíblico do advento e como ele conecta o Antigo e o Novo Testamento no anúncio glorioso de que, em Cristo, Deus está conosco!
O contexto do Advento
A expansiva secularização da sociedade afastou de muitos de nós as perspectivas bíblicas sobre o nascimento de Jesus Cristo. Boa parte das pessoas entende essa época do ano apenas no contexto de uma celebração familiar, troca de presentes e decoração iluminada. Embora não negligenciemos a beleza cultural desse tempo, firmamos nossas percepções em algo de valor eterno:
O advento é a concretização das promessas feitas por Deus a Israel à respeito do nascimento do Messias. A primeira delas foi feita no Éden, após a queda de Adão, pai de toda a nossa raça:
Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela. Este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar. Gênesis 3.15
O Antigo Testamento não é apenas a porção das Escrituras que registra as inúmeras intervenções históricas de Deus a fim de separar um povo para si e preservá-lo.
O AT é o testemunho de que a esperança de Israel estava consolidada nas promessas da vinda de um Messias que salvaria o povo dos seus pecados. Essa expectativa foi materializada em dezenas de profecias que prepararam os israelitas a reconhecerem o Seu Salvador.
Uma dessas promessas, talvez a mais conhecida, anunciava que o Messias nasceria de uma forma extraordinária. Proferidas pelo profeta Isaías cerca de 700 anos antes do advento, essas palavras confirmavam o caráter sobrenatural da vinda daquEle que nos salvaria de nosso estado de perdição.
Portanto, o Senhor mesmo lhes dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel. Isaías 7.14
Isaias proferiu essas palavras ao Rei Acaz. O Reino de Judá vivia um tempo de grande aflição espiritual e com o risco eminente de ser invadido pelo império assírio.
Os inúmeros pecados de Acaz lançaram a nação em um tempo de trevas espirituais.
A resposta dada por Deus ao rei foi que haveria de nascer nos seus dias, de uma moça jovem, uma criança e que antes dela completar seu terceiro ano de vida, a nação de Judá seria libertada.
É surpreendente pensar na forma como Deus resolve os conflitos do seu povo: para uma nação que precisava de sucesso na guerra, Ele promete como sinal de libertação o nascimento de um menino.
Deus é sempre glorioso nos seus propósitos soberanos.
A chegada daquele menino simbolizaria para a nação que Deus, de fato, estaria com eles!
Nos caminhos da fé, precisamos ter corações dilatados e olhos espirituais abertos para percebermos os misteriosos caminhos de Deus,
afinal, há momentos em que Deus aparece de uma forma inesperada!
Os apóstolos de Cristo, lendo as Escrituras, viram nessa profecia uma dupla aplicação: a primeira, imediata, contemporânea aos dias de Isaías e a segunda, futura, prevendo o nascimento glorioso do Messias.
“Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel.” (“Emanuel” significa: “Deus conosco”.), Mateus 1.23
Assim como Deus prometeu a uma nação em crise o nascimento de um menino, o mesmo Senhor promete à humanidade alienada de Sua glória uma semelhante resolução: A vinda de uma criança ao mundo seria um farol luminoso de esperança!
Vivemos hoje no mundo uma crise social sem precedentes. O individualismo reina nos corações. O materialismo, a desigualdade, o secularismo conseguem nos demonstrar o quanto temos falhado como humanidade.
Mas, veja, foi em contexto histórico similar que Cristo veio até nós!
O advento nos lembra que Deus aparece e intervém em nosso pior momento. Se este tem sido para você um tempo de dores e lágrimas, de batalhas espirituais sem fim, lembre-se, Deus está conosco!
A SOBRENATURALIDADE DO ACONTECIMENTO
Quando Mateus finalmente escreve seu evangelho narrando os fatos a respeito do nascimento de Jesus, ele tem a nobre missão de provar aos seus compatriotas que Ele era o Messias.
Para esse evangelista, era fundamental que cada um de seus leitores reconhecesse que Jesus nasceu como o cumprimento das profecias do AT a fim de trazer salvação ao Seu povo.
O nascimento de Jesus Cristo foi assim: Maria, a sua mãe, estava comprometida para casar com José. Mas, antes de se unirem, ela se achou grávida pelo Espírito Santo. Mateus 1.18
Mateus evoca o aspecto sobrenatural desse evento para chamar a atenção dos israelitas à pessoa bendita de Jesus Cristo. A sua concepção virginal é uma das doutrinas basilares de nossa fé. Por crermos que Jesus nasceu de uma virgem pelo poder do Espírito Santo, afirmamos:
O cumprimento cabal das profecias do AT sobre Ele. Deus é um Deus de Palavra. Se Ele falou, está falado!
Sua divindade: Por ter sido gerado no ventre da virgem pelo Espírito, Jesus é totalmente divino e totalmente humano. Esse é o tipo de Salvador prometido nas Escrituras e que precisávamos para sermos salvos.
Sua redenção e completa salvação: Como Deus, Jesus pode perdoar os pecados e como homem, pode oferecer-se no lugar dos seus eleitos como um sacrifício substitutivo, satisfazendo a justiça de Deus.
José, com quem Maria estava para casar, sendo um homem justo e não querendo envergonhá-la em público, resolveu deixá-la sem que ninguém soubesse. Enquanto ele refletia sobre isso, eis que lhe apareceu em sonho um anjo do Senhor, dizendo (...), Mateus 1.19,20
Obviamente, em uma sociedade com altos valores morais como a israelita, a gravidez surpreendente de uma virgem prometida em casamento causaria um alvoroço social. José procurou resguardar sua amada noiva das tensões de uma exposição pública desses fatos a deixando secretamente.
Mas Deus novamente revelou a sobrenaturalidade da encarnação com uma mensagem angelical dada a José em um sonho. Assim como a Lei foi dada à Moisés no Sinai mediante a ação dos anjos (Gl 3.19), a Palavra encarnada, Cristo, foi revelada a nós também com ação dos anjos de Deus.
Há na presença de Deus uma realidade sobrenatural e transformadora!
UM NOME SALVADOR
José, filho de Davi, não tenha medo de receber Maria como esposa, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e você porá nele o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles. Mateus 1.20,21
Note nesse verso os quatro nomes que aparecem: José, Maria, o Espírito e Jesus. São figuras centrais no plano de salvação. José e Maria, como descendentes de Davi (Mt 1.16; Lc 1.23), compõe um casal legítimo para serem os pais do Filho de Davi, o Messias prometido (Mt 1.1). O Espírito opera em todo o contexto da encarnação, trazendo o infinito Filho de Deus ao ventre finito da virgem, para Deus estar conosco!
E é notável que Maria e José não puderam escolher o nome do bebê. Na cultura israelita, os nomes refletiam a missão, o caráter ou a condição do nascimento de uma criança. O Deus Soberano, que governa todas as coisas, nomeou Seu Filho Amado:
"JESUS, PORQUE ELE SALVARÁ O SEU POVO DOS PECADOS DELES".
A religião moderna criou vários tipos de "cristos", para atender as mais diversas demandas de seus corações idólatras e materialistas. Há o Jesus psicólogo, curandeiro, administrador, coach... a coisa está tão confusa que descemos ao ponto de inventarmos o Jesus comunista e justiceiro social.
A religião de Deus, contudo, ainda apregoa o Jesus das Escrituras, cujo papel é nos salvar de nossos pecados!
UM DEUS CONOSCO
Ora, tudo isto aconteceu para se cumprir o que foi dito pelo Senhor por meio do profeta: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel.” (“Emanuel” significa: “Deus conosco”.), Mateus 1.22,23
Israel, por causa de sua desobediência, testemunhou por diversas vezes o favor de Deus abandonar a nação, como uma forma do Pai Celestial discipliná-los para que se arrependessem e voltassem para Ele.
A nação reconhecia que só viveriam vidas plenas, prósperas e concretas se a presença de Deus estivesse com eles.
Isso torna a mensagem do advento tão preciosa aos meus olhos. Queridos, falhamos como seres humanos. Nossos horríveis pecados fazem separação entre nós e nosso Deus, para que Ele não nos ouça. O pecado nos lançou em uma situação de morte espiritual irremediável.
Mas Deus favoravelmente importou-se com o Seu Povo.
Para uma nação em trevas, Deus faz nascer a luz!
Para uma nação no pecado, Deus fez nascer o Salvador!
Para uma nação escrava, Deus fez nascer o libertador!
Para uma nação sem esperança, Deus fez nascer a Esperança Viva!
E veja que amor gracioso, Deus não esperou a nossa ida à Ele, porque o pecado nos alienou da glória de Deus (Rm 3.23). Ele próprio veio! E veio na figura inesperada de um doce e meigo menino, que nasceu para morrer a fim de libertar dos pecados todos os que irão receber o precioso dom da salvação (Ef 2.8).
O advento nos lembra que não há esperança de salvação à parte de Deus! Assim como Ezequiel profetizou no vale de ossos secos para que aqueles mortos revivessem (Ez 37), Jesus desceu a nós, profetizou a palavra transformadora do evangelho para nos tirar da morte espiritual, nos dar uma nova vida e permanecer para sempre conosco!
Há esperança para você! Há esperança para a sua casa! Há perdão disponível! Há uma vida nova repleta de amor, fé e alegria!
Deus está conosco!
conclusão
A graça de Deus é sempre inesperada e surpreendente! Assim como é inesperado que o Soberano Deus venha a nós como um bebê, também é inesperado que misericordiosamente Ele salve pecadores como nós!
Essa é a mensagem do advento! Deus enviou Cristo para salvar os pecadores! Ele sofreu na cruz do Calvário a ira destinada ao Seu Povo, perdoando os seus pecados e ressuscitou ao terceiro dia, declarando sem culpa diante de Deus todos que o confessam como Senhor e Salvador.
O evangelho de Mateus começa com o Messias vindo! E termina, com o Messias permanecendo!
O Emanuel está com todos aqueles que o reconhecem como Salvador!
E eis que estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos. Mt 28.20
Não saia daqui sem a presença do Deus Conosco! Que Ele te abençoe!
Pastor Sérgio Fernandes
Pastor Titular da IPR
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