Chamados para o crescimento - Sermão de 05/12/2021

Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fazia crescer; de modo que nem o que planta nem o que rega são alguma coisa, mas unicamente Deus, que efetua o crescimento. 1 Coríntios 3:6,7

introdução

A ambição do crescimento faz parte de nossa natureza humana. Todos sonhamos em aprimorarmos nossas competências, desenvolvermos habilidades e, com isso, atingirmos novas conquistas e ideiais. O crescimento é algo planejado por Deus e deve ocupar parte de nossos pensamentos e projetos pessoais. A Igreja de Cristo, da mesma forma, foi concebida para o crescimento, tanto na esfera individual, onde discípulos são instruídos e emancipados para viverem para a glória de Deus quanto coletivamente, quando nosso trabalho em conjunto, como corpo, atinge nossa comunidade levando salvação e transformação.

É claro que ao falar de crescimento, eu não quero me distanciar das perspectivas bíblicas sobre o tema. Crescimento é uma obra de Deus, inclusive, É Ele quem determina o quanto iremos crescer, tanto como discípulos quanto como igreja local. Por isso, ao trabalhar essa série de quatro reflexões, tenho em mente dois erros que não quero cometer nos anos em que me for confiado o pastorado na Igreja Pentecostal Reformada.

O primeiro erro é o de tentar forçar o crescimento da igreja com um pragmatismo nocivo e anticristão. Muitas igrejas estão cheias de pessoas vazias, porque elas foram introduzidas em suas fileiras sem um discipulado e acompanhamento que as levasse a uma experiência genuína de conversão. Deus não quer números, ele quer uma comunidade repleta de salvos que expressem a imagem de Cristo de tal forma que a comunhão desses salvos seja um luzeiro para a comunidade, mostrando que viver para a glória de Deus é possível.

O segundo erro é pensarmos que devemos estar satisfeitos com o que já atingimos, sem possuirmos uma ambição saudável pela evangelização dos perdidos e o avanço no crescimento de nossa comunidade local. Muitas igrejas, ao atingirem um tamanho razoável em que seja possível "pagar as contas" se esquecem de sua vocação missionária e deixam de lado todos os esforços para crescerem e atingirem mais famílias. E muitas vezes, vestem-se de desculpas cristãs para justificarem sua estagnação: "Deus está limpando", "Deus sabe o que faz", "Não fomos além porque Deus sabe que não teremos estrutura para isso"... quando na verdade a estagnação da comunidade acontece por falha de gestão, acolhimento, discipulado e emacipação dos discípulos.

Quero com a graça de Cristo trabalhar esses aspectos ao longo da série. Espero nEle instigar seu coração a sonhar com o crescimento, assim como eu próprio sonho!

Deus nos formou para o crescimento

O crescimento faz parte do plano divino para a humanidade. Quando o homem foi criado à imagem de Deus, foi impresso em sua consituição este ideal, confirmado pelas palavras proferidas pelo Criador a seu respeito. Como parte do plano de Deus, foi dado ao homem o papel de cultivar e cuidar do mundo recém criado e também de frutificar e crescer numericamente. Obviamente, Deus sabia que a multiplicação do homem na face da terra geraria novas demandas, novos desafios e que todo esse processo de crescimento contínuo contribuiria para que o homem se tornasse aquilo para o qual ele foi criado.

Então disse Deus: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais grandes de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão". Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Deus os abençoou, e lhes disse: "Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra". Gênesis 1:26-28

Embora o homem tenha caído e sucumbido ao pecado, ainda assim ele cumpriu parcialmente os ideias para o qual foi criado, tendo se desenvolvido, enchido a terra e criado formas de gerir seu crescimento e desenvolvimento. Em todas as gerações humanas que já existiram, vimos o crescimento, os avanços tecnológicos e o povo eleito de Deus sendo alcançado pela palavra e anunciando à sua geração as grandezas do Senhor e seu poder para salvar. Não importa o quão maligna seja uma geração ou sociedade, o povo de Deus nasce, cresce, floresce e frutifica, deixando uma marca naquela geração à respeito da bondade e misericórdia de Deus.

nosso crescimento em Cristo como discípulos

O cristão, individualmente, deve crescer em sua santificação, para a glória de Deus. Nosso crescimento não é uma possibilidade, ele é certo, uma vez que o Soberano cumprirá o que prometeu e levará muitos filhos à glória! A Escritura deixa claro que aquilo que a graça começa, a graça termina!

Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou. Que diremos, pois, diante dessas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Romanos 8:29-31

Esse crescimento acontece quando decidimos nos submeter às disciplinas bíblicas, de modo a acolhermos a vontade de Deus para nossa vida e mortificarmos os pecados que ainda residem em nossos membros. Por isso, quando aceitamos de bom grado a vontade de Deus, conforme revelada na Escritura, a santificação é um processo alegre, prazeroso e transformador.

Assim, meus amados, como sempre vocês obedeceram, não apenas em minha presença, porém muito mais agora na minha ausência, ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor, pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele. Filipenses 2:12,13

Contudo, quando nos apegamos ao pó da terra e não nos submetemos ao senhorio de Cristo, Ele conduzirá seu plano conosco por caminhos que envolvem a disciplina e muitas tribulações. Todas essas coisas fazem parte do "pacote" divino para desenvolvermos nossa musculatura espiritual e sermos discípulos mais crentes, mais humildes, mais zelosos e mais santos na presença do Senhor.

E vocês se esqueceram da exortação que lhes é dirigida, como a filhos: "Filho meu, não despreze a correção que vem do Senhor, nem desanime quando você é repreendido por ele; porque o Senhor corrige a quem ama e castiga todo filho a quem aceita." É para disciplina que vocês perseveram. Deus os trata como filhos. E qual é o filho a quem o pai não corrige? Hebreus 12:5-7

Nesta obra, Deus, inclusive, pode trazer a luz nossos pecados ocultos, a fim de nos libertar deles. Muitos cristãos vivem vidas vazias, repletas de traumas, sem alegria, sem envolvimento com a comunidade, sem crescimento espiritual, porque encobrem de Deus e dos homens às suas transgressões. Todos nós temos pecados dos quais não nos orgulhamos, mas há um risco quando cultivamos esses segredinhos sem prestarmos contas a Deus. Para corrigir isso e favorecer nosso crescimento, Deus pode trazer luz a esses segredos, para ao expor a ferida, mostrar, na graça, o poder necessário para nos libertar e transformar.

Puseste as nossas iniquidades diante de ti e, sob a luz do teu rosto, os nossos pecados ocultos. Salmos 90:8

Essa obra será realizada por toda nossa jornada antes da eternidade. Não haverá um único dia em que não lutaremos contra o pecado, contra o mundo, contra Satanás e contra nós mesmos. Esse esforço, que lembra a rotina de exercícios de um atleta, é o caminho preparado por Deus para nosso desenvolvimento, até atingirmos a glorificação, o momento em que receberemos de Deus um novo corpo e a sua obra santificadora será completa e permanente em nossa vida.

Tudo faço por causa do evangelho, para ser também participante dele. Vocês não sabem que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Corram de tal maneira que ganhem o prêmio. Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado. 1 Coríntios 9:23-27

nosso crescimento em Cristo no âmbito familiar

Discípulos transformados pela graça de Cristo irão compor famílias que também estão sendo transformadas. A pior coisa que pode acontecer no cristianismo é quando discípulos crentes não replicam seus valores em suas famílias, dando mal testemunho do evangelho para a sua vizinhança. Por isso, lares que são liderados por cristãos devem ser modelo de bons vizinhos, amigos das pessoas, honestos, puros, a fim de viverem em harmonia, para que não sejam motivo de escândalo para o Reino de Deus.

Se alguém não cuida de seus parentes, e especialmente dos de sua própria família, negou a fé e é pior que um descrente. 1 Timóteo 5:8

Uma igreja forte é composta por famílias fortes. Precisamos ser esse modelo de núcleos familiares para trazermos o zêlo de Deus e a paixão do evangelho de casa para nossos cultos. Por isso, lares sem culto doméstico, sem leitura familiar da Bíblia e sem oração são aberrações aos olhos de Deus e devem mudar seu procedimento a fim de honrar Nosso Senhor e Salvador.

nosso crescimento em Cristo como comunidade

Conforme a igreja local cresce e alcança e discipula pessoas, ela começa a crescer como comunidade, tornando-se um luzeiro cada vez mais brilhante para a cidade onde ela está plantada. Este crescimento transformará nossas famílias e, com famílias fortes, a própria igreja local também cresce, floresce e frutifica para a glória de Deus. Nós observamos isso nas Escrituras com o testemunho dado pelos apóstolos sobre algumas das igrejas do NT.

E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por meio dos apóstolos. Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, o Senhor lhes acrescentava, dia a dia, os que iam sendo salvos. Atos 2:42-47

Lucas descreve que a Igreja apostólica trazia consigo os emblemas de um genuíno cristianismo, acompanhado da afirmação que por viver essa vida transformada, o próprio Senhor acrescentava a ela aqueles que haviam de ser salvos. Esse é o modelo que almejamos vivenciar, para a glória de Deus. Além disso, escrevendo aos coríntios, Paulo demonstra que a ação conjunta da igreja foi responsável por socorrer outras igrejas cristãs, algo somente possível pelo engajamento individual dos discípulos e o seu senso de comunidade:

Ora, quanto à assistência a favor dos santos, não é necessário que eu escreva a vocês. Porque conheço a boa vontade de vocês, da qual me orgulho diante dos macedônios, dizendo que os irmãos da Acaia estão preparados desde o ano passado. E o zelo de vocês tem estimulado muitos deles. 2 Coríntios 9:1,2

Por fim, Paulo destaca a identidade notável dos crentes de Tessalônica, mostrando que eles foram identificados de modo distintivo das outras comunidades cristãs. Enquanto lemos nas demais epístolas sobre "aos amados que estão em Roma" (Rm 1.7), à "igreja que está em Corinto" (1 Co 1.2; 2 Co 1.1), as "igrejas da Galácia" (Gl 1.2), ele chama carinhosamente essa comunidade de "igreja dos tessalonicenses". Era uma igreja diferente. Quem sabe um dia não seremos chamados de "igreja dos pentecostais reformados campineiros". Aleluia!

Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo. Que a graça e a paz estejam com vocês. Sempre damos graças a Deus por todos vocês, fazendo menção de vocês em nossas orações e, sem cessar, lembrando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da fé que vocês têm, da dedicação do amor de vocês e da firmeza da esperança que têm em nosso Senhor Jesus Cristo. 1 Tessalonicenses 1:1-3

Conclusão

Como vimos, Deus tem um plano epecífico para a sua Igreja, no sentido de conduzir os eleitos à maturidade, levando-os a transformarem suas famílias para a glória de Deus, a fim de que essas famílias transformadas constituam uma comunidade cristã santa, operosa e voluntaria para o louvor do nome de Jesus Cristo. Nas próximas semanas, desejo de coração desenvolver o modo como a nossa comunidade pode cumprir esse propósito para a glória de Deus. Que Ele nos abençoe!

Pastor Sérgio Fernandes

Pastor Titular da IPR