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A piedade no emprego - Sermão de 02/10/2022

Atualizado: 11 de fev. de 2023




Todos os que estão sob o jugo da escravidão devem considerar seus senhores como dignos de todo o respeito, para que o nome de Deus e o nosso ensino não sejam blasfemados. Os que têm senhores crentes não devem ter por eles menos respeito, pelo fato de serem irmãos; pelo contrário, devem servi-los ainda melhor, porque os que se beneficiam do seu serviço são fiéis e amados. Ensine e recomende essas coisas. Se alguém ensina falsas doutrinas e não concorda com a sã doutrina de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino que é segundo a piedade, (1 Timóteo 6:1-3)


Introdução



A falta de ensino e reflexão tem levado os cristãos a duas perspectivas prejudiciais com relação a questão. A primeira é ver o trabalho somente como uma forma de pagar as contas e por alimento na mesa, nesse caso a atividade profissional é somente um meio de sobrevivência. Os que são afetados por essa visão geralmente entendem que em um “mundo perfeito” não precisaríamos trabalhar.


Essa forma de pensar sobre o trabalho pode produzir a falta de vontade em exercer sua função e a motivação passa a ser unicamente o salário. A segunda, totalmente oposta à primeira, porém igualmente prejudicial, é ter no trabalho uma obsessão. Entronizar o trabalho acima de quase tudo, deixando que ele dite o ritmo da vida. A obsessão pelo trabalho nos leva a abstenção do descanso, falta de tempo para a família, prejuízo nos relacionamentos pessoais, falta de tempo para oração e leitura bíblica, dentre outros problemas.


Neste precioso texto, Paulo exorta como Cristãos Piedosos devem obedecer preceitos da Escritura em suas relações de trabalho, de modo a adornar a sua profissão de fé, recomendar o Santo Evangelho a quem servem, e acima de tudo, glorificar o Senhor Jesus em todo seu viver.

“Quão intensamente prática é a Bíblia! Ela não somente nos revela o caminho para o Céu, mas também é repleta de instruções a respeito de como devemos viver aqui na terra”. ­(A. W. Pink)

Deus deu a Sua Palavra a nós para ser uma lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho, ou seja, para a regulação de nossa caminhada diária. Ela torna conhecido como Deus nos obriga a comportar-nos em todas as variadas relações da vida.

Alguns são solteiros, outros casados; alguns são filhos, outros pais; alguns são mestres, outros servos. A Escritura fornece preceitos e regras definidas, motivos e encorajamentos para cada um, semelhantemente. Ela não somente nos ensina como devemos comportar-nos na igreja e em casa, mas igualmente no trabalho, na oficina e na cozinha, fornecendo exortações necessárias para empregadores e empregados.


Uma vez que uma parte considerável da maioria de nossas vidas será gasta em serviço, é tanto para o nosso bem e para a glória de Deus que nós atendamos a essas exortações”. (Tim keller – livro Fé e Trabalho)

Abraham Kuyper, aborda aspecto do trabalho como chamado divino. Além de cuidar da criação, o trabalho a orienta e estrutura. Nessa visão reformada, o objetivo do trabalho é desenvolver uma cultura que honre a Deus e capacite os seres humanos a prosperar. Claro que devemos amar o semelhante, mas o cristianismo nos oferece lições específicas sobre a natureza humana e o que estimula seu pleno desenvolvimento. Devemos nos assegurar que nosso trabalho seja realizado de acordo com essa compreensão. Portanto, trabalhar fielmente significa agir sob uma "cosmovisão" cristã.



O apóstolos Paulo consideram os patrões em três situações:



(1) O patrão crente.

(2) O patrão incrédulo.

(3) O patrão per verso.


Em todos os casos, os empregados recebem conselhos e ensinos da Palavra para se humilharem sob cada um deles. Porém, antes de falar em particular sobre os três casos, vamos refletir o dever geral daqueles que são empregados:


1. Você deve ver a si mesmo como é, ou seja, como em pregado e não como não filho nem esposa. Você está em uma posição inferior a eles, portanto, considere-se como estando abaixo e se contente com essa posição.

"Por três coisas se alvoroça a terra; e por quatro que não pode suportar", uma delas é: "Pelo servo, quando reina" (Provérbios 30:21-22).

Não é apropriado, em sua posição, falar ou agir como alguém que reina.


2. Considere que sendo um empregado, o que está aos seus cuidados não é seu, mas de seu empregador. Ora, por que não é seu, você não deve dispor disso como quiser; e por que que é do seu senhor, você deve ser fiel. Assim aconteceu com José (Genesis 39:8-9).

“Mas se você fizer o contrário, saiba que você receberá a retribuição de Deus pelo mal que faz, pois para com Deus não há acepção de pessoas" (Colossenses 3:25).

3. Quanto à sua obra e emprego, você deve fazê-lo como para o Senhor, e não para os homens; e, de fato, quando os empregados trabalham e fazem tudo em obediência ao Senhor, sabem que o lugar em que estão agora é o lugar onde Cristo os colocou e no qual espera que eles sejam fiéis.

"Vós, servos", Paulo diz, "obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração. como a Cristo; não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus" (Efésios 6:5-6).

Medite na Palavra de Deus dirigida aos empregados:


(1.) Os empregados devem ser obedientes; mas


(2.) não como se servisse apenas aos homens. Os empregados devem servir como se estivessem diante dos olhos do Senhor, no trabalho que realizam para seus empregadores.


(3.) O trabalho deles nesse serviço é a vontade e a mandamento de Deus. Pelo que concluo que a sua obra, em seu lugar e posição, como um empregado, é realmente um mandamento de Deus, e é tão aceitável para ele quanto a pregação ou qualquer outra obra feita para Deus; e o empregado deve ter certeza de que receberá uma recompensa pelo seu trabalho tanto quanto aquele que é preso ou queimado por amor do Evangelho.


Portanto, o apóstolo diz aos empregados:


"E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens, sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis" (Colossenses 3:23-24).

E agora falaremos sobre os três tipos de patrões mencionados anteriormente.


Em primeiro lugar, sobre o patrão crente;


Paulo diz:

"E os que têm senhores crentes não os desprezem, por serem irmãos; antes os sirvam melhor, porque eles, que participam do benefício, são crentes e amados" (1 Timóteo 6:2).

Os empregados, se não cuidarem de seus corações, considerarão tanto os seus senhores irmãos a ponto de esqueceram da relação que há entre eles como patrões e empregados. Embora eles devam se lembrar de que são irmãos, ainda assim, não devem se esquecer da outra relação. Considere a sua posição como empregado, enquanto lembra que seu patrão e você são irmãos, e faça o seu serviço com fidelidade, humildade e mansidão, porque ele é um patrão fiel, amado e participante da bênção celestial.


"Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, perversas contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais" (1 Timóteo 6:3-5).

Em segundo lugar, sobre os senhores incrédulos;


Paulo fala em 1 Timóteo 6:1:

"Todos os servos que estão debaixo do jugo estimem a seus senhores por dignos de toda a honra, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados" 1 Timóteo 6:1

Os empregados que convivem com patrões incrédulos devem ser muito vigilantes, fiéis e confiáveis. Eles devem ser diligentes:


(1.) Em consideração à condição de seu senhor, porque ele é incrédulo, e tende a olhar com maus olhos para você e suas ações, e muito mais porque você é cristão, como no caso de Saul e Davi (1 Samuel 18:8-9 etc.);


“Saul ficou indignado com essas palavras. "O que é isso?", disse ele. "Atribuem a Davi dezenas de milhares, e a mim, apenas milhares? Só falta o declararem rei!" Daquele momento em diante, Saul começou a olhar para Davi com suspeita. (1 Samuel 18:8,9)

(2.) por que professam ser submissos à Palavra de Deus: pois, por sua profissão de fé, você demonstra Deus e sua palavra para o seu patrão, e ele não tem outra opção, senão blasfemar contra eles, se você se comportar de forma indigna daquilo que afirma e diz ser. Portanto, Paulo ordena a Tito:


"Exorta os ser vos a que se sujeitem a seus senhores, e em tudo agradem, não contradizendo, não defraudando, antes mostrando toda a boa lealdade, para que em tudo sejam ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador (Tito 2:9-10).

Aquele empregado que trabalha na família de um incrédulo e realiza o seu serviço diante de Deus, como um mandamento divino, adorara a doutrina de Deus, se não salvar o seu mestre por esse meio. Mas se ele agir de modo contrário, será uma pedra de tropeço para o incrédulo, desonrará a Deus, ofenderá os crentes e trará culpa sobre sua própria alma.


Em terceiro lugar, sobre o senhor perverso;


eu o distingo do incrédulo, não porque ele não possa sê-lo, mas porque nem todo incrédulo se enquadra nessa categoria. Você deve servir fielmente a tal pessoa má e irada pelo tempo em que estiver nesse emprego, como se servisse ao patrão mais agradável e sensato do mundo:

"Vós, servos, sujeitai-vos com todo o temor aos senhores, não somente aos bons e humanos, mas também aos maus" (1 Pedro 2:18).

E se o seu senhor perverso permanecer irado por causa de sua religião ou por que ele menospreza o seu trabalho, você deve se esforçar ao máximo para trabalhar fielmente para Deus, pois ele sabe que você é um sofredor por fazer o bem, tão verdadeiramente quanto se fosse chamado diante dos homens deste mundo para testemunhar sobre os assuntos da sua fé. Por isso, Pedro acrescenta esse encorajamento aos empregados, à exortação anterior:

"Porque é coisa agradável, que alguém, por causa da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente. Porque, que glória será essa, se, pecando, sois esbofeteados e sofreis? Mas se, fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis, isso é agradável a Deus" (1 Pedro 2:19-20).

Assim, se console em relação à sua condição, considerando que Deus lhe vê como viu Jacó na família de Labão; e corrigirá todas as falhas e lhe recompensará por seu comportamento fiel, sábio e piedoso ao servir o seu patrão. Portanto, seja paciente e abundante em fidelidade no desempenho de sua posição e chamado, até que Deus lhe ofereça um caminho para outro trabalho;

...e quando você for libertado aproveite a ocasião (1 Coríntios 7:21).

CONCLUSÃO


Deve-se destacar que os Cristãos piedosos são aplicados e exemplificados nas Escrituras por muitos exemplos notáveis. Veja como o Espírito se agrada em tornar conhecida a devoção de Eliézer, ao orar para que o Senhor Deus pudesse dar-lhe “bom encontro, e faz e beneficência ao meu senhor Abraão!” (Gênesis 24:12), e observe como ele fielmente isentou a si mesmo e como ele falou sobre seu senhor. Jacó poderia dizer: “E vós mesmas sabeis que com todo o meu esforço tenho servido” (Gênesis 31:6); você pode declarar o mesmo? Apesar de estar entre os pagãos, o seguinte é registrado a respeito de José: “Vendo, pois, o seu senhor que o SENHOR estava com ele, e tudo o que fazia o SENHOR prosperava em sua mão, José achou graça em seus olhos” (Gênesis 39:3-4), que testemunho foi esse! A Escritura também narra a infidelidade do servo de Eliseu e o terrível juízo que veio sobre ele (2 Reis 5:20-27). Por fim, que todos os servos e empregados lembrem-se que o lugar de servo foi honrado e adornado para sempre pela obediência voluntária e perfeita do Filho de Deus encarnado!


A forma como trabalhamos deve testemunhar quem somos e para onde vamos. Muitos de nós passamos mais tempo no trabalho do que em casa ou na igreja, precisamos refletir sobre as formas de adoração nesse tipo de ambiente. Devemos buscar glorificar a Deus em todas as esferas de nossa vida, não podemos confinar nossa espiritualidade a um ambiente especifico. Somente quando adoramos ao Senhor com toda a nossa vida, brilhamos de tal maneira diante das pessoas que, vendo nossas obras, darão glória a nosso Pai que está nos céus.


“Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças” faça isto da melhor maneira que você puder. (Eclesiastes 9:10)


Pastor Daniel Andrade

Pastor Adjunto da IPR

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