Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus. Mateus 5:48
Introdução
No mês de fevereiro, nos debruçamos no estudo do evangelho da graça de Deus, procurando termos uma posição unânime a respeito dessa que é a doutrina mais importante da nossa fé.
Uma vez que nós objetivamos que esse seja um ano de maturidade espiritual, conhecer o evangelho é fundamental para atingirmos nossos ideais. Afinal, uma das benção do evangelho é que Ele nos habilita a fazermos parte da família divina.
Por isso, a busca pela maturidade espiritual deve nos estimular a enxergarmos a Deus como nosso Pai Celestial e a nós mesmos como seus filhos perdoados.
Nos três domingos que ainda teremos em março, dedicaremos nossos esforços para compreendermos esses temas à luz da Escritura. Espero de coração que essa jornada nos aproxime de Abba e nos estimule a nos reconhecermos filhos amados e fiéis à Ele, para a glória do Seu nome!
Uma palavra introdutória
Eu tenho consciência que, ao tratar da paternidade de Deus, muitos cristãos enfrentam barreiras emocionais cruéis pelo fato de terem tido maus pais ou até mesmo a ausência de um núcleo familiar. Como posso amar a Deus como Pai se tive um pai terreno que não me amou ou não se importou comigo.
Por isso, definir o papel de "pai" biblicamente é um bom ponto de partida para nossa reflexão. No plano eterno de Deus ao dar à humanidade a família nuclear, composta por um homem e uma mulher que se unem a fim de procriarem e dividirem juntos um projeto de vida, os papais seriam os responsáveis pela provisão, amparo, proteção e liderança amorosa do lar.
Essa forma de paternidade deveria dar aos filhos um testemunho da natureza de Nosso Pai Celestial.
O fenômeno moderno de pais ausentes, que abandonam seus filhos, que abusam deles, que destroem suas vidas emocionais não corresponde ao ideal de Deus para a sociedade humana e é reflexo da secularização da sociedade.
Homens fracos geram uma sociedade fraca! O caos social em que vivemos, em que homens tem sido conduzidos a negarem as próprias características da sua masculinidade, que envolvem amor, serviço e liderança piedosa, tem deixado como marca uma geração de pessoas orfãs de uma das experiências mais transformadoras que podem existir: serem amadas e protegidas pelo amor de um pai.
Eu glorifico a Deus por ter tido um bom pai... o exemplo que ele me deixou me ajudou a ser o homem que sou hoje e a entender com bastante clareza a paternidade de Deus.
a paternidade de deus no antigo testamento
É normal que nos primeiros passos de nossa jornada de fé, vejamos a Deus como um Libertador Poderoso no Antigo Testamento e um Pai Amável no Novo Testamento. Contudo, toda a Escritura dá testemunho de que Deus se revelou à humanidade como um Pai zeloso, amoroso e fiel. Essa revelação é mais clara no NT mas ela também está presente em todo o Antigo Testamento.
Ao todo, em 14 passagens bíblicas, a palavra "pai" é associada a Deus nessa porção da Escritura.
No AT, a paternidade de Deus é exclusiva do povo de Israel. Ele se revela como o pai dos judeus. Vejamos algumas passagens que mostram isso.
Então dirás a Faraó: Assim diz o Senhor: Israel é meu filho, meu primogênito. Êxodo 4:22
A paternidade de Deus é demonstrada, em especial, no ato histórico da libertação da nação israelita.
Espera-se que um pai proteja a sua prole; e Deus protegeu Israel, livrando-o do jugo da escravidão no Egito, com poder, maravilhas e sinais gloriosos. Aos israelitas, Deus mostrou-se como um Pai amoroso, fiel, paciente, libertador e condutor, apesar da constante desobediência da nação.
Recompensais assim ao Senhor, povo louco e ignorante? Não é ele teu pai que te adquiriu, te fez e te estabeleceu? Deuteronômio 32:6
Assim como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem. Salmos 103:13
Mas tu és nosso Pai, ainda que Abraão não nos conhece, e Israel não nos reconhece; tu, ó Senhor, és nosso Pai; nosso Redentor desde a antiguidade é o teu nome. Isaías 63:16
Virão com choro, e com súplicas os levarei; guiá-los-ei aos ribeiros de águas, por caminho direito, no qual não tropeçarão, porque sou um pai para Israel, e Efraim é o meu primogênito. Jeremias 31:9
a paternidade de deus no Novo testamento
Enquanto no AT a paternidade de Deus é revelada como sendo exclusiva da nação israelita, o Novo Testamento o apresenta como o pai de todos os eleitos, aqueles que pela obra soberana de Deus recebem a Cristo como Senhor e Salvador.
No NT, a paternidade de Deus extrapola os limites geográficos de Israel e se estende à Igreja, que é composta por pessoas de todos os povos, mediante a obra perfeita de Cristo consumada em prol dos pecadores.
Enquanto no AT o conceito de paternidade era nacional, no NT ele se torna individual: Deus se torna o Pai Celestial de todos os que crêem em Jesus como Senhor e Salvador.
Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome; João 1:12
Esse amor paternal se estende não indistintamente, ele tem como base a obra de Cristo consumada na cruz. As pessoas não nascem naturalmente filhos e filhas de Deus.
É necessário que a redenção de Cristo seja aplicada nos corações para que pecadores se tornem parte da família divina.
Os discípulos de Cristo são essas pessoas que foram lavadas pelo sacrifício da cruz! Eles reconhecem a Deus como Pai! E essa é a forma pela qual Jesus nos orienta a nos dirigirmos a Ele em nossas orações!
Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; Mateus 6:9
Quais as aplicações da paternidade de Deus em nossa relação com ele?
Quando não compreendemos a paternidade de Deus, teremos dificuldades consideráveis em desenvolvermos nossa maturidade espiritual e nosso relacionamento com Ele!
Muitos cristãos tratam Deus como um Senhor severo que está sempre pronto para puní-los quando erram, mas Jesus desejou ardentemente que a nossa compreensão sobre Deus partisse da premissa de que Ele é o Pai Celestial.
Ele é o Pai AMOROSO, que AMA SEUS FILHOS!
Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso o mundo não nos conhece; porque não o conhece a ele. 1 João 3:1
Ele é o Pai glorioso, que conduzirá seus filhos à glória eterna
Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação; Efésios 1:17
Ele é o Pai Santo, que nos SEPARA E NOS GUARDA PARA VIVERMOS EM SUA PRESENÇA
E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. João 17:11
Ele é o Pai Justo, que nos justifica pela fé em Cristo para sermos adotados como filhos
Pai justo, o mundo não te conheceu; mas eu te conheci, e estes conheceram que tu me enviaste a mim. João 17:25
Ele é o Pai perfeito, que nos inspira PARA VIVERMOS UMA VIDA DE RETIDÃO.
Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus. Mateus 5:48
Ele é o Pai misericordioso, que CONSOLA SEUS FILHOS em suas tribulações!
Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação; 2 Coríntios 1:3
Ele é o Pai Gracioso, que atende nossas orações e nos sustenta nos mares revoltos da vida
Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação. Tiago 1:17
CONCLUSÃO
A compreensão da paternidade de Deus é revigorante na construção de uma verdadeira identidade cristã. Somos filhos de Deus porque temos, nEle, um verdadeiro Pai Celestial.
Um dos aspectos mais gloriosos da paternidade de Deus é a escolha soberana que ele fez a nosso respeito para nos tornar seus filhos adotivos.
A Escritura afirma que Deus é o Pai que escolhe seus filhos!
Apesar de nossa displicência com Ele e pecados horríveis que ofendem a Sua santidade, Deus decidiu escolher dentro de nossa raça multidões que terão o privilégio de chamar-lhe de Pai.
E esse Pai amoroso, que nos escolheu para sermos membros de Sua família, nos deu, em Cristo, o caminho bíblico da salvação!
O apóstolo Paulo louva a Deus na segunda epístola aos tessalonicenses enquanto refletia sobre essa verdade gloriosa.
Mas devemos sempre dar graças a Deus por vocês, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus os escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade. Foi para isso que também Deus os chamou mediante o nosso evangelho, para que vocês alcancem a glória de nosso Senhor Jesus Cristo. 2 Tessalonicenses 2:13,14
Deus nos escolheu para sermos seus filhos perdoados. E para isso se tornar real, Ele sacrificou Seu Filho Unigênito.
Deus moeu o seu Filho na Cruz para te carregar em Seu colo...
Deus virou as costas para Cristo para fixar Seus olhos em você!
Deus abandonou Cristo na cruz para acolher você no Seu Reino.
E Ele não fez isso por causa do teu valor, mas por causa do tamanho do teu pecado!
Ao erguer Jesus Cristo na cruz, Ele atraiu a atenção de homens e mulheres para que se arrependam e creiam nEle de todo o coração!
Cada pecador arrependido se torna, segundo a Escritura, um filho de Deus perdoado...
Você, que está ouvindo essa reflexão, estará um dia diante de Deus! Você pode não crer nEle, mas vive no universo dEle e está debaixo das leis espirituais que Ele estabeleceu.
Agora, resta saber como você estará diante dEle?
Você estará diante dEle como um filho perdoado, aos pés do Pai Celestial, agradecendo a Ele pela dádiva da salvação conquistada na cruz?
Ou estará diante dEle como um pecador impenintente, diante do Justo Juiz, para receber a sentença pelo pecador que você é e pelos muitos pecados que praticou?
Deus promete amar, cuidar, proteger, livrar e salvar Seus Filho mediante a morte de Cristo na cruz! Nenhum filho dEle se perderá!
Você pode ter entrado nessa casa como um pecador impenitente. Mas pela promessa do santo evangelho, você pode sair daqui hoje como um filho perdoado!
Você pode não ter tido o amor de um pai. Pode ter sido amado pelo seu pai terreno e talvez hoje ele não esteja mais aqui para te abraçar! Mas há um Pai lá no céu que está chamando homens e mulheres para fazerem parte de sua família!
Aceite o convite amoroso do Pai e se renda aos Seus braços de amor!
Pastor Sérgio Fernandes
Pastor Titular da IPR
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