top of page
Buscar

A Inércia do Templismo - Sermão de 11/07/2024

Atualizado: 11 de ago.




Não se deixem enganar por aqueles que lhes fazem falsas promessas e repetem: ‘O templo do Senhor está aqui! O templo do Senhor está aqui!’. Jeremias 7.4


INTRODUÇÃO


No último domingo, passei uma das experiências mais angustiantes da minha vida. O que para mim foi motivo de muito nervoso, certamente será de risos para vocês.


Precisei sair de nosso culto para prestigiar um evento de trabalho. Eram as bodas de 60 anos de um dos clientes que atendo em minha agência de publicidade. Uma boa parte dos convidados era composta de cidadãos norte-americanos.


E lá estava eu, no meio dos gringos, pensando que minha presença passaria desapercebida.


Qual foi a minha surpresa quando os americanos começaram a tentar puxar conversa comigo, em inglês.


"Hi Sergio", "Do You Speak English", "Nice to meet you"... e eu, dentro de mim: "The Book is on the table"...


Foi um sufoco. Estar no meio de americanos não fazia de mim um fluente em inglês.


As vezes, podemos imaginar que o lugar onde estamos ou as pessoas que conhecemos podem nos oferecer algum tipo de segurança ou proteção. Isso não é uma verdade absoluta.


Foi o que aconteceu com Israel. A nação estava tão convicta de que a presença do templo do Senhor garantiria sua proteção que se esqueceram do que era mais importante: obedecer o Deus que era invocado dentro do templo.


Esse é o assunto da reflexão de hoje. Vamos falar de uma segunda doença eclesiástica: o templismo.





O CONTEXTO DO LIVRO DE JEREMIAS


O livro do profeta Jeremias é um dos mais tristes das Escrituras.


As Escrituras nos contam que Deus tratou Israel com benevolência, elegendo esse povo para pertencer a Ele. Também o protegeu com amor, perdoando diversas vezes sua inconstância e os restaurando a uma posição de honra. Mas a resposta do povo, infelizmente, sempre era de maior desobediência.


"E eu vos introduzi numa terra fértil, para comerdes o seu fruto e o seu bem; mas, depois de terdes entrado, profanastes a minha terra, e da minha herança fizestes uma abominação."  Jeremias 2:7

O livro de Jeremias retrata mais um período sombrio na história de Israel, marcado pela desobediência e idolatria do povo judeu. A paciência de Deus havia chegado ao limite e o juízo seria iminente, trazendo a destruição da nação.


Jeremias, autor desse livro, era profeta e sacerdote.


Como sacerdote, ele conhecia profundamente a Lei do Senhor, a ponto de ver e discernir a falsa religião praticada por seus compatriotas.


Sua vivência com os ritos judaicos lhe deram um olhar apurado para identificar os pecados da nação e denunciá-los para que o povo se arrependesse.


De nada adianta me oferecerem incenso doce de Sabá; fiquem com seu cálamo perfumado, importado de terras distantes! Não aceitarei seus holocaustos; seus sacrifícios não têm aroma agradável para mim”. Jeremias 6.20

Como profeta, ele tinha consigo a Palavra de Deus, e por causa dela foi perseguido e humilhado.


Além de sofrer com a desobediência obstinada das pessoas, ele foi confrontado por falsos profetas que tentavam convencer o povo de que Deus estava satisfeito com suas vidas medíocres e sem fidelidade.


"Porque tanto o profeta como o sacerdote estão contaminados; até na minha casa achei a sua maldade, diz o Senhor." Jeremias 23:11

A maior frustração de Jeremias era a indiferença espiritual da nação, mesmo diante das inúmeras advertências deixadas por Deus atavés do seu ministério.


"Ah, entranhas minhas! Ah, entranhas minhas! Estou sofrendo dores em meu coração! O meu coração faz um barulho dentro de mim; não posso calar-me, porque tu, ó minha alma, ouviste o som da trombeta, o alarido da guerra." Jeremias 4:19

"Oxalá a minha cabeça se tornasse em águas, e os meus olhos numa fonte de lágrimas! Então choraria dia e noite pelos mortos da filha do meu povo." Jeremias 9:1

A ira de Deus se acendeu de tal modo contra a nação de Israel que Deus ordenou que Jeremias não mais intercedesse pelo povo. 


O cativeiro babilônico tornou-se inevitável e por setenta anos, Deus trataria o seu povo em terra estranha, para libertá-los da idolatria.


"Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor ou oração, nem me importunes, porque eu não te ouvirei." Jeremias 7:16

"Porque assim diz o Senhor: Certamente que passados setenta anos em Babilônia, vos visitarei, e cumprirei sobre vós a minha boa palavra, tornando-vos a trazer a este lugar." Jeremias 29:10

Até esse ponto, sinto ser necessária uma primeira aplicação pessoal do texto:


A nossa crença na soberania de Deus pode, em uma análise simplista, reduzir ou desidratar a nossa consciência a respeito da responsabilidade de nossas ações.


O fato de Deus ser soberano não torna nossa fé mecânica, pelo contrário, torna nossa fé real.


Por isso, devemos nos submeter em temor e obediência ao Deus a quem haveremos de prestar contas.


Israel deixou esse princípio de lado e seguiu por um perigoso caminho de idolatria e inércia espiritual.



UM PROBLEMA CHAMADO TEMPLISMO


Uma das denúncias feitas por Jeremias era a falsa confiança que Israel tinha a respeito da presença do templo do Senhor em Jerusalém.


Para os israelitas, como o templo era um símbolo da presença de Deus, eles julgavam que Deus jamais permitiria que a cidade e o próprio templo fossem destruídos.


Sustentados por essa premissa, eles passaram a adotar práticas imundas de idolatria e desobediência aos mandamentos de Deus.


Não se deixem enganar por aqueles que lhes fazem falsas promessas e repetem: ‘O templo do Senhor está aqui! O templo do Senhor está aqui!’. Jeremias 7.4

Os israelitas cometeram um pecado que hoje nós chamamos de templismo. Vou explicar:


Templismo refere-se à prática ou atitude de colocar uma confiança excessiva e supersticiosa em um templo ou em atos religiosos associados a ele, em vez de em uma verdadeira devoção a Deus.


No contexto bíblico, especialmente em relação ao profeta Jeremias, templismo é a crença equivocada de que a mera presença do templo ou a realização de rituais religiosos garante a proteção e o favor de Deus, independentemente da conduta moral e espiritual do povo.


Acreditam mesmo que podem roubar, matar, cometer adultério, mentir e queimar incenso para Baal e para todos os seus outros novos deuses e depois vir aqui, se apresentar diante de mim em meu templo e dizer: ‘Estamos seguros!’, para depois voltar a praticar todas essas coisas detestáveis? Jeremias 7.9,10

Israel fez do templo um amuleto da sorte. Isso soa familiar para você?


Eles se tornaram inertes, apáticos, sem compromisso com Deus e com a sua missão de serem um luzeiro para as nações.


  • Eles não queriam Deus, queriam proteção.

  • Não queriam adorar, queriam ser mimados.

  • Não queriam obediência, queriam privilégios.

  • Estavam ocupados com seus prazeres, desprezando a santidade de Deus.

  • Estavam conformados com seus pecados, confiando no templo do Senhor e não no Deus do templo.


O final dessa história é triste. Ele pode ser contado em duas passagens:.


Em janeiro do nono ano do reinado de Zedequias, rei de Judá, Nabucodonosor, rei da Babilônia, chegou com todo o seu exército para cercar Jerusalém. Dois anos e meio depois, em 18 de julho, no décimo primeiro ano do reinado de Zedequias, foi aberta uma brecha no muro da cidade. Jeremias 39.2

Os babilônios queimaram Jerusalém, incluindo o palácio real e as casas do povo, e derrubaram os muros da cidade. Nebuzaradã, capitão da guarda, deportou para a Babilônia o restante do povo que havia ficado na cidade, os desertores que tinham passado para seu lado e todos os outros sobreviventes. Jeremias 39.8-10.

O povo colheu com rigor o mal que havia semeado. Vejam:


  • A Bíblia permite que sejamos fracos.

  • Ela permite que sejamos vulneráveis e frágeis diante das adversidades da vida.

  • Ela reconhece que nem sempre teremos sucesso em nossa obediência a Deus.


Mas ela não autoriza tratarmos Deus e Sua Palavra com indiferença.


Não devemos brincar com um Deus Santo...



O TEMPLISMO É UM MAL ATUAL


Uma coisa impensável é imaginarmos a figura de cristãos protestantes não praticantes. Mas essa é uma realidade que aumenta a cada dia.


Imagino eu: como alguém pode ficar indiferente ao Filho de Deus pregado na cruz? Como alguém pode conhecer a urgência do evangelho sem colocá-lo em prática em sua vida?


O templismo é um mal presente nessa geração moderna de cristãos.


Infelizmente, muitos estão apegados aos símbolos da religião e não ao Deus Santo que invocamos, que se revelou na vida e na morte de Jesus Cristo e que nos conclama ao arrependimento e conversão.


  • Ah, mas eu sou crente! O diabo também é!

  • Eu sou evangélico da igreja do pastor Sérgio. Me perdoe, mas eu não posso salvar você no dia do juízo! Nem eu e nem o "pastor Raposo da Assembleia de Deus".

  • Mas eu sou pentecostal. E como pode viver uma vida incompatível com o Espírito Santo que você afirma encher você?

  • Eu sou reformado! Vivendo essa vida deformada, que reforma é essa?

  • Ah, mas eu amo Jesus! Demonstre isso obedecendo os seus mandamentos!


Nosso discurso é bonito, nossa vida, aparentemente, repleta de credenciais. Mas até que ponto somos fieis e leais a Cristo?


O templismo moderno pode aparecer de diversas maneiras!


  • Hipocrisia religiosa, participando de cultos e atividades da igreja regularmente, mas envolver-se em comportamentos imorais ou antiéticos fora da igreja, usando a religião como uma fachada para uma vida que não reflete os ensinamentos de Cristo.


"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia." Mateus 23:27

  • Legalismo, insistir em práticas religiosas superficiais, como dieta específica, vestimenta, ou frequência aos cultos, enquanto negligencia a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Pode acontecer também quando julgamos outros cristãos com base em sua observância de tradições humanas, ao invés de focar no coração e na fé.


"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, a justiça, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas." Mateus 23:23

  • Falsa segurança espiritual, Pensar que ser membro de uma igreja ou frequentar os cultos regularmente é suficiente para ser aceito por Deus, ignorando a necessidade de arrependimento e transformação pessoal.


"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade." Mateus 7:21-23

Infelizmente, muitos escondem seu egoísmo exarcebado atrás de uma carteirinha de membro, ignorando a ordem de "fazer tudo para a glória de Deus".


Quantos tem oferecido a Deus sacrifícios sem valor, sem fé, sem custo de discipulado, tudo em busca de próprio bem-estar, enquanto a obra de Deus sofre.


Quantas possibilidades de ministrarmos ao mundo tem sido destruídas porque "a nossa série favorita do Netflix, nossa carreira, nossos sonhos não podem esperar". Não é e nunca foi sobre nós! É sobre Ele! Se o cristianismo que você vive não te custa nada, não é o que foi pregado por Cristo.


'Então Jesus disse a seus discípulos: “Se alguém quer ser meu seguidor, negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Se tentar se apegar à sua vida, a perderá. Mas, se abrir mão de sua vida por minha causa, a encontrará. Mateus 16:24-25


CONCLUSÃO


Jeremias denunciou o templismo de Israel, mas também proclamou promessas de restauração. Ao longo de sua profecia, as advertências proféticas eram acompanhadas de esperançosas promessas àqueles que se arrependessem e voltassem ao Senhor.


Portanto, vá e proclame esta mensagem a Israel. Assim diz o Senhor: “Ó Israel, meu povo infiel, volte para mim, pois sou misericordioso; não ficarei irado com você para sempre. Reconheça sua culpa; admita que se rebelou contra o Senhor, seu Deus, e cometeu adultério contra ele ao adorar ídolos debaixo de toda árvore verdejante. Confesse que não quis ouvir minha voz. Eu, o Senhor falei!”. Jeremias 3.12,13

O caminho de restauração passa pelo reconhecimento dos pecados, dentre eles, o pior: ignorar a graça e a misericórdia de Deus.


"Se voltares, ó Israel, diz o Senhor, volta para mim; e se tirares as tuas abominações de diante de mim, não andarás mais vagueando, e jurarás: Vive o Senhor, na verdade, no juízo e na justiça; e nele se bendirão as nações, e nele se gloriarão." Jeremias 4.1,2

Deus, como um Pai bondoso, chamou de volta para casa seus filhos rebeldes!


Hoje, conosco, não é diferente.


Jeremias profetizou um tempo onde Deus firmaria uma Nova Aliança com seu povo!


'“Está chegando o dia”, diz o Senhor , “em que farei uma nova aliança com o povo de Israel e de Judá. Não será como a aliança que fiz com seus antepassados, quando os tomei pela mão e os tirei da terra do Egito. Embora eu os amasse como o marido ama a esposa, eles quebraram a aliança”, diz o Senhor . “E esta é a nova aliança que farei com o povo de Israel depois daqueles dias”, diz o Senhor . “Porei minhas leis em sua mente e as escreverei em seu coração. Serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. E não será necessário ensinarem a seus vizinhos e parentes, dizendo: ‘Você precisa conhecer o Senhor ’. Pois todos, desde o mais humilde até o mais importante, me conhecerão”, diz o Senhor . “E eu perdoarei sua maldade e nunca mais me lembrarei de seus pecados.” Jeremias 31:31-34

Embora tenhamos pecado contra o Senhor (Rm 3.23) e como pecadores obstinados mereçamos a morte (Rm 6.23), Ele enviou Seu Filho a nós! Jesus desceu do céu e foi gerado pelo Espírito no ventre da virgem Maria.


Ele nasceu como homem e viveu uma vida sem pecado. Foi oferecido na cruz como um sacrifício substitutivo em favor do povo de Deus. O Pai Celestial aceitou a sua paixão, ressuscitando-o ao terceiro dia e prometendo perdoar os pecados de todos que o confessam como Salvador.


No sangue de Jesus há uma nova aliança (Lc 22.20). No seu sacrifício, uma promessa real de perdão e salvação!


O sangue de Jesus vertido em nosso favor elimina a necessidade de nos apegarmos com símbolos, edifícios, crendices. O sangue de Jesus é suficiente, porque representa a realidade da presença de Deus Conosco na Pessoa do Filho.


Hoje, nós viemos ao templo mas não precisamos dele! Jesus é a nossa vida, nossa segurança, nossa garantia plena de salvação!


Por isso, apegue-se com firmeza cada vez maior à graça que nos foi oferecida.


Deus está de olho em nós e espera de nós uma atitude compatível com o amor que Ele nos demosntrou.


Nada, em toda a criação, está escondido de Deus. Tudo está descoberto e exposto diante de seus olhos, e é a ele que prestamos contas. Hb 4.13

Que Deus, por graça, não nos encontre inertes no pecado do templismo, mas em amplo processo de santificação, vivendo vidas repletas de graça e alegria em Cristo.


Por que nunca será sobre o lugar onde estamos, mas a quem adoramos e obedecemos!



Pastor Sérgio Fernandes

Pastor Titular da IPR

53 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page