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A identidade Cristã do marido e da esposa

Atualizado: 19 de fev. de 2022



Mulheres, sujeitem-se a seus maridos, como ao Senhor, pois o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, que é o seu corpo, do qual ele é o Salvador. Assim como a igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos. Maridos, amem suas mulheres, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se a si mesmo por ela para santificá-la, tendo-a purificado pelo lavar da água mediante a palavra, e apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e inculpável. Efésios 5:22-27

introdução


Por vivermos em uma sociedade em constante transformação e em meio a um projeto globalista de reformatação social, sentimos uma certa tensão sempre que procuramos aplicar as verdades eternas da Palavra de Deus em nossas vidas. Isso se dá, primeiro, porque somos bombardeados dia após dia com valores que vão na contramão daquilo que o Senhor espera de nós. Segundo, porque muitas vezes na própria comunidade cristã podemos encontrar resistência em aplicar as verdades da Bíblia Sagrada na vida cotidiana de nossos membros.


Por isso, senti um desejo no coração de recorrer ao texto bíblico de Efésios 5 e meditar com os irmãos à respeito da identidade espiritual do marido e da esposa cristã. Falo na condição de um aprendiz, porque ainda me sinto em aprendizado, uma vez que completarei neste ano quatorze anos de casado com a pentecostal reformada mais bonita do Brasil. Mas posso afirmar com convicção que a aplicação desses princípios em nossa vida causará um impacto transformador na experiência e harmonia do lar, uma vez que todas as vezes que obedecemos às Escrituras somos recompensados com as bençãos que ela promete.


Que o Espírito nos ajude a abrirmos o coração para essa verdade e aplicarmos ela em nossa família.


relembrando a história bíblica


Todos os desafios que um lar cristão enfrenta residem na causa primária de todos os males que existem em nosso mundo: a queda do homem no Éden. Quando Deus criou a raça humana, esta era a coroa de sua criação, a detentora de sua imagem e a administradora do mundo e de todos os seus recursos (Gn 1.26-28). O homem deveria exercer o seu mandato cultural protegendo e cuidando de toda a criação, que envolvia, obviamente, seu mundo imediato (o jardim), sua família (esposa) e a sua comunhão com o Seu Criador. Nós sabemos a luz da Escritura que nossos pais fracassaram (Gn 3) e que uma das mazelas produzidas pelo pecado foi uma desordem social que afetou o modo como o casal se relacionava. Vejamos o que a Bíblia diz:


Mas o Senhor Deus chamou o homem, perguntando: "Onde está você", E ele respondeu: "Ouvi teus passos no jardim e fiquei com medo, porque estava nu; por isso me escondi". E Deus perguntou: "Quem lhe disse que você estava nu? Você comeu do fruto da árvore da qual lhe proibi comer? " Disse o homem: "Foi a mulher que me deste por companheira que me deu do fruto da árvore, e eu comi". Gênesis 3:9-12

O pecado afetou profundamente a relação social entre o marido e a sua esposa. O homem no estado do pecado perdeu a sua afetividade, passando a tratar a mulher como um objeto, um mero troféu no seu universo de aventuras e a mulher, sabendo da sua capacidade de atração e manipulação, passou a usar o desejo do homem contra ele próprio, a fim de obter as vantagens que ela necessita para a sua própria satisfação. Ao longo do texto bíblico, percebemos esse contexto onde o homem busca suas aventuras como uma forma de autoafirmação e as mulheres usam sua capacidade de atração para atingirem seus objetivos, sejam eles legítimos ou não. Sansão e Dalila, Acabe e Jezabel, Herodes e Herodias, Davi e Mical são apenas alguns exemplos onde esses emblemas apareceram.


Por isso, quando Cristo morre na cruz do Calvário a fim de resgatar o povo de Deus dos seus pecados, nós percebemos que há uma obra de restauração que visa levar homens e mulheres perdoados a viverem o projeto original de Deus, resgatando com isso sua identidade em Cristo Jesus. E nessa obra, Nosso Senhor deseja transformar homens aventureiros em maridos com amor sacrificial, e mulheres manipuladoras em companheiras inspiradoras que aceitam com amor a liderança de seus maridos. Paulo falou sobre isso no texto base desse sermão. Vamos analisar o que a Escritura afirma sobre nossa identidade como maridos e esposas cristãos.



de manipuladora a companheira inspiradora


Mulheres, sujeitem-se a seus maridos, como ao Senhor, Efésios 5:22

Quando nos recordamos dos eventos da queda da raça humana, um aspecto fica bastante patente no texto bíblico: a mulher sucumbiu à tentação antes do homem. Paulo captou isso em sua doutrina e nos deixou essa verdade como um lembrete.


E Adão não foi enganado, mas sim a mulher, que, tendo sido enganada, tornou-se transgressora. 1 Timóteo 2:14

Satanás sabia com clareza que como Adão ouviu o mandamento de não comer do fruto da árvore da boca do próprio Deus, dificilmente ele sucumbiria à tentação. Ele também sabia que se a mulher o convencesse de que a desobediência seria recompensada, ele cederia, afinal, foi o próprio Deus quem deu a mulher como um presente ao homem e certamente esse presente não se viraria contra ele. Enganada com o veneno da serpente, a mulher levou Adão à desobedecer ao Criador e, com isso, toda a nossa raça caiu juntamente com ele. Embora a mulher tenha sucumbido primeiro a tentação, foi em Adão que nós caímos. O mesmo Paulo deixa isso bastante claro em sua doutrina:


Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram; Romanos 5:12

Deste modo, uma mulher resgatada por Cristo e lavada de seus pecados deve assumir o papel de não ser uma "Eva" para seu esposo. Ela deve renunciar sua identidade naturalmente manipuladora e aceitar seu papel de ser submissa ao marido, que biblicamente significa estar unida com ele em uma mesma missão.


Ao reconhecer que em Cristo a ordem original deve ser reconstruída, a mulher deve aceitar ser a complementação necessária (a perfeita adjutora) para que o marido tenha êxito na liderança do lar. Essa decisão independe do grau de instrução, das habilidades, talentos e dons espirituais que a mulher possui.


Nos dias hodiernos, onde muitas mulheres superam seus maridos em formação acadêmica e capacitação intelectual, viver o ensinamento bíblico exige dedicação, temor de Deus e muita disciplina. Mas quando uma mulher sacrifica seus instintos de dominação e controle em prol de uma unidade espiritual profunda com seu esposo, ela experimenta a benção de Deus de uma forma tenra e especial.


Mas as mulheres serão salvas dando à luz filhos, desde que continuem a viver na fé, no amor e na santidade, com discrição. 1 Timóteo 2:15

Essa sujeição não é escravidão, é complementaridade. Não se trata de balançar a cabeça para tudo o que o marido diz, mas em somar com ele na construção das decisões, de modo que ele possa contar com o olhar mais apurado da mulher e sua melhor organização. Se trata também de oferecer no ambiente do lar seus talentos naturais e sua capacidade natural de educar, instigar valores e capacitar, a fim de que a tarefa do esposo de prover e cuidar seja realizada com maior tranquilidade e segurança.


Como eu aprendi com um querido pastor, o homem é o cabeça, mas a mulher é o pescoço. A mulher cristã deve orar ao Senhor pedindo direção espiritual para proteger o esposo dos ataques espirituais, estar disponivel para que ele tenha satisfação emocional, psicológica e afetiva e ser uma voz de consciência sempre que os valores do homem afrouxarem diante dos desafios da vida.


pois o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, que é o seu corpo, do qual ele é o Salvador. Efésios 5:23

Quando uma mulher respeita e honra a liderança que Deus outorgou ao seu esposo, ela reflete a postura da Igreja para com Cristo e isso traz glória ao nome do Senhor. Uma mulher carnal, contudo, desafiará a liderança do esposo, o desmotivará com a sua teimosia, impedirá que ele exerça o papel que Deus lhe outorgou e não será capaz de reconhecer que a identidade familiar deve refletir a união mística de Cristo com a Igreja.


Alguns conselhos práticos para que a mulher cristã construa sua identidade em Cristo:


  • Trate seu esposo com deferência, elogiando suas virtudes e o ajudando com seus desafios. Não o deixe se sentir só por um segundo. O nosso adversário é astuto: se você não cuidar do seu esposo, ele colocará no caminho dele alguém que irá cuidar por você.

  • Lembre-se que todas as vezes que seu esposo sai de casa, ele enfrenta uma batalha espiritual invisível e diversas tentações que testam os seus limites espirituais e morais. Faça com que seu marido sinta prazer em voltar para casa e não seja você mais uma voz tentando destruí-lo.

  • Não exija do seu marido o que ele não pode lhe oferecer. Respeite os limites financeiros dele, seu esgotamento emocional e a sua necessidade de ficar calado a fim de colocar a cabeça no lugar.

  • Inspire sempre seu marido para que a melhor versão dele apareça. Motive ele para estar nos cultos, para orar em casa, para ler a Bíblia com você. Se você e seu marido forem cheis do Espírito, vocês entenderão seus papéis e os viverão, para a glória de Deus.


de aventureiro a cuidador e provedor


Maridos, amem suas mulheres, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se a si mesmo por ela, Efésios 5:25

Diferente das mulheres, os homens no estado do pecado tem uma tendência a não se responsabilizarem por nada. Sua alma, sedenta por aventuras, quer experimentar "o novo" a todo instante. Perceba que as mulheres amadurecem muito mais rápido que os homens e que muitos casais sofrem porque o homem parece não querer assumir os papéis que recebeu, ou sendo ausente na vida da esposa ou na vida dos filhos.


Além disso, uma má compreensão da missão recebida por Deus pode tornar o homem opressor e arrogante. Estamos vivendo dias em que homens vivem uma adolescência tardia, mais preocupados em jogar bola com os amigos do que em passar tempo com sua família. Tempos trabalhosos.


Por isso, a ordem de Paulo é penetrante, vai no cerne do problema masculino: "Maridos, AMEM suas mulheres" e ele nos dá um parâmetro: "assim como Cristo amou a igreja e entregou-se por ela". A ordem para AMAR é um convite à responsabilidade; é Paulo ordenando aos maridos cristãos que voltem ao Jardim e vivam o que Deus ordenou a Adão: "proteja e cuide daquilo que eu te dei". É uma ordem para que o mandato cultural seja obedecido dentro de casa. É o resgate da identidade de marido planejada por Deus.


O marido cristão deve proteger sua esposa (e consequentemente, aquilo que ambos estão construindo). Essa proteção fala de fazer com que sua esposa se sinta confiante naquilo que ele é, nos planos que ele tem para o lar e na fé e compromisso que ele tem com Deus. Quando um homem é trabalhador, esforçado, previdente e compromissado com Deus, a sua esposa sente confiança em sua liderança e deseja somar com ele em sua missão. Agora, quando a esposa sente que o esposo é o elo fraco da família, ela será tentada a reassumir sua tendência manipuladora para obter a liderança e o governo do lar, as vezes até com boas intenções, mas sempre com resultados catastróficos.


O marido cristão também deve cuidar da sua esposa. Ele deve suprir sua companheira de amor, afirmação, atenção, recursos, encorajamento, vestimenta e sempre que possível, mimos e presentes. Assim como um jardineiro rega seus jardim, a fim de vê-lo florescer, nós maridos devemos regar nossas flores para que elas floresçam a melhor versão de si mesmas. Esse cuidado deve ser regular e sacrificial. Sua esposa deve ter roupas melhores que as suas e em situações de emergência, elas tem prioridade de atenção e cuidado. Para que o homem seja inspirado em cuidar, a Escritura o orienta a ser para a sua esposa o que Cristo é para a igreja.


Obviamente, o marido cristão não precisará abrir mão das suas próprias necessidades de conquistar, ser reconhecido, de ter tempo para seus hobbies e de ficar em silêncio, mas isso deve ser colocado como objetivos secundários e terciários. Nosso ministério é nossa família e nesse projeto, nossas esposas devem receber atenção redobrada, para que não desanimem em sua fé em Jesus. Você percebe que nossa liderança não deve ser encarada como privilégio, mas como fardo vocacional. Ser o cabeça do lar não é mandar, é servir. Mas por amor de nossa família, não podemos abrir mão desse chamado, pelo contrário, devemos cumpri-lo com fervor e alegria no Senhor.


Alguns conselhos práticos para que o esposo cristão construa sua identidade em Cristo:


  • Trate sua esposa com carinho, fazendo com que ela se sinta parte de cada uma de suas conquistas. Não se exalte à parte dela e não deixe que ela sinta, em momento algum, que não faz parte dos seus planos e ambições.

  • Regue o jardim frequentemente. Sua esposa precisa ser ouvida, elogiada e mimada. Alegre sua esposa ao acordar e até o final do dia, para que ela alegre você na hora de dormir.

  • Honre a sua esposa pelo seu empenho na dupla jornada que ela tem (trabalhando fora e em casa), arregace essas mangas para lavar a louça e compre ou faça você o jantar ao menos uma vez por semana. Organize-se também para cuidar dos filhos e dar a ela um tempo de "respiro" semanal. Mulheres descansadas costumam ter menos dores de cabeça e indisposição. Quem tem ouvidos, ouça!

  • Lidere pelo serviço e pela autoridade espiritual. Seja um homem cheio do Espírito. Reserve momentos para falar com seu Deus! Organize o culto doméstico na sua casa. Permita que seus filhos testemunhem você lendo e ensinando a Escritura. Pregue o evangelho em sua casa, pela palavra e pelo exemplo. Quanto mais cheio do Espírito você estiver, mais prazer terá em servir!


Maridos, amem suas mulheres e não as tratem com amargura. Colossenses 3:19


conclusão


Eu desejo de coração que essa instrução, conquanto seja uma breve e singela introdução, possa encorajar você, marido e esposa cristã, a encontrarem em Cristo suas verdadeiras identidades e vocação, a fim de cumprir com o plano que Ele de antemão preparou para vocês. O amor sacrifical de Cristo, que derramou seu sangue na cruz para salvar a Sua Igreja da condenação do inferno, e a disposição da Igreja em servir Seu Senhor Amado, devem ser o modelo vocacional que casais cristãos abraçam para viverem uma vida cheia do Espírito Santoeque glorifica ao Senhor! Que Ele vos abençoe!



Pastor Sérgio Fernandes

Pastor Titular da IPR



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