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A GERAÇÃO ELEITA - Sermão de 04/02/2024

Atualizado: 14 de fev.





Eu, Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, escrevo esta carta aos eleitos que vivem como estrangeiros nas províncias de Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia. Deus, o Pai, os conhecia de antemão e os escolheu, e o Espírito os santificou para a obediência e a purificação pelo sangue de Jesus Cristo. Que vocês tenham cada vez mais graça e paz. 1 Pedro 1.1,2


Introdução


No mês de janeiro, pela graça de Deus, revisamos e reformamos a nossa percepção a respeito daquilo que a Escritura fala sobre a Igreja de Jesus Cristo. Refletimos sobre a visão bíblica da igreja, as deformidades que podem surgir em igrejas locais e rememoramos a missão do povo de Deus.


Neste mês, dedicaremos nossos esforços para estudarmos a respeito da natureza da Igreja de Jesus Cristo pela perspectiva do apóstolo Pedro. A sua visão do povo de Deus, apresentada na primeira carta de sua autoria amplifica a nossa compreensão de quem nós somos e de qual o propósito que o Senhor reservou para o seu povo eleito.


Espero que essas reflexões nos façam mergulhar profundamente no bom plano que Ele tem para nós!






O CONTEXTO DE 1 PEDRO


A primeira epístola de Pedro é uma carta universal, que foi escrita com o propósito de circular em diversas igrejas locais, levando o encorajamento apostólico a cristãos que enfrentavam oposição e perseguição nos primeiros anos do cristianismo.


Percebemos ao longo da carta diversas pistas de que os nossos irmãos estavam suportando com ousadia o fogo da provação nos primórdios do cristianismo. Um dos versos que aponta esse contexto é 1 Pedro 4.12,13, que referencio abaixo.


"Amados, não se surpreendam com o fogo que surge entre vocês para os provar, como se algo estranho estivesse acontecendo. Pelo contrário, alegrem-se à medida que participam dos sofrimentos de Cristo, para que também, quando a sua glória for revelada, vocês exultem com grande alegria." 1 Pedro 4.12,13

É notável que Pedro não observa a perseguição como uma surpresa. Como observamos no texto, Pedro reconhece que os cristãos irão 'participar dos sofrimentos de Cristo'.


É parte natural de nossa vocação sofrermos por causa do evangelho.


"Contudo, se sofre como cristão, não se envergonhe, mas glorifique a Deus por meio desse nome." 1 Pedro 4.16

Além disso, Pedro não fica alarmado com a perseguição: ele enxerga com fé a Igreja triunfando na manifestação futura da glória de Cristo.


Essa segurança completa que ele possuía a respeito do triunfo do povo de Deus residia na sua compreensão da soberania de Deus. Pedro não enxergava a Igreja como um projeto passível de falência, mas numa obra que seguiria triunfando.


Por exemplo, na perspectiva deste apóstolo, a Igreja seria permanentemente protegida e preservada, mesmo diante das piores perseguições:


"que por meio da fé são protegidos pelo poder de Deus para a salvação que está preparada para ser revelada no último tempo". 1 Pedro 1.5

Além disso, ele prossegue declarando a sua certeza da firmeza dos fiéis, que seriam colocados por Deus em firmes alicerces:


"O Deus de toda a graça, que os chamou para a sua glória eterna em Cristo Jesus, depois de terem sofrido por pouco de tempo, os restaurará, os confirmará, os fortalecerá e os porá sobre firmes alicerces." 1 Pedro 5.10

O cristianismo é, por natureza, uma fé suscetível à perseguição. As afirmações absolutistas de Cristo costumam causar um impacto negativo em uma sociedade mergulhada no pecado.


Mas Pedro nos encoraja a enxergar esse contexto desafiador com coragem.

Estamos do lado vencedor!


O Deus Soberano triunfará sobre seus inimigos e conduzirá Seu povo a um porto seguro!



a igreja como GERAÇÃO ELEITA


A compreensão da soberania de Deus leva o cristão, naturalmente, ao vislumbre da doutrina bíblica da eleição. Neste ponto, preciso provocar vocês em alguns pontos para elucidar ao tema:


  • Deus pode falhar em Seu plano de redenção?

  • Haveria alguma possibilidade de a cruz de Cristo não salvar nem um único pecador sequer?

  • Se Deus deseja fazer alguma coisa, Ele pode ser impedido nesse plano?


Se você humildemente respondeu "não" nas três perguntas, você acredita que a soberania de Deus abrange a salvação do Seu povo.


A doutrina bíblica da eleição é a única resposta plausível à compreensão de quem Deus É e de quem nós somos.


A fé reformada afirma a soberania de Deus na salvação dos pecadores. Na explicação que oferecemos sobre o assunto, chamamos essa doutrina de eleição incondicional.


Na verdade, não é uma afirmação meramente reformada, é uma percepção apostólica da doutrina da salvação.


Pedro pode encorajar com confiança seus leitores porque ele reconhece que a salvação é uma obra de Deus que eficazmente levará os eleitos aos pés de Jesus Cristo e, por fim, à glória eterna.


Vejamos o tema na perspectiva de Pedro. Vamos lá:


1.Pedro chama os fiéis espalhados pelo mundo de "eleitos de Deus" segundo a presciência divina, isto é, Deus conhece os que pertencem a Ele desde a eternidade pretérita e já os escolheu para salvação.


Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos de Deus, peregrinos dispersos no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia, escolhidos segundo a presciência de Deus Pai, 1 Pedro 1.1,2

2. Pedro também chama a Igreja de geração eleita. A expressão "geração" é uma forma de tratar os cristãos eleitos como uma nova humanidade, uma nova natureza de seres humanos, que regenerados pela fé no evangelho (1 Pedro 1.3), aguardam a sua futura glorificação;


Vocês, porém, são geração eleita, 1 Pedro 2.9a

3. Pedro também associa a eleição de Cristo para Salvador com a eleição dos seus fiéis para salvação. Cristo é reconhecido pelo apóstolo como a pedra angular, eleita e preciosa e nós, como suas pedras vivas, que compõe o grande edifício da igreja.


Jesus é o Salvador Eleito e nós, os pecadores eleitos. Glória a Deus!


Pois isso está na Escritura: “Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será envergonhado.” 1 Pedro 2.6

4. Pedro não apenas afirma a salvação dos crentes eleitos como também reconhece a própria reprovação daqueles que não chegarão a fé. Segundo ele, os que permanecem descrentes são desobedientes e foram destinados a esse estado ao serem reprovados pelo Senhor.


Portanto, para vocês, os que creem, esta pedra é preciosa. Mas, para os descrentes, “A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a pedra angular.” E: “Pedra de tropeço e rocha de ofensa.” São estes os que tropeçam na palavra, sendo desobedientes, para o que também foram destinados. 1 Pedro 2.7,8

Para Pedro, a única resposta possível ao fato dos cristãos dos seus dias estarem suportando as provações é a realidade imutável de sua eleição para salvação.


A doutrina bíblica da eleição nos dá a garantia necessária para reconhecermos que, com Cristo, suportaremos as piores provações!




A IMPORTÂNCIA DA FÉ NA ELEIÇÃO NA VIDA DO CRISTÃO



Eu tenho consciência de que a doutrina da eleição pode, num primeiro momento, ser assustadora. Contudo, os apóstolos viam nesta doutrina a realidade mais consoladora de toda a Escritura.


Por uma perspectiva pastoral, costumo afirmar que só questiona a realidade da doutrina da eleição aqueles que se julgam bons o bastante para alcançarem o céu pelo próprio merecimento.


Decididamente não é o meu caso. Sei o grande pecador que sou. Por isso, a doutrina da eleição não me agita, ela me conforta.


Ao compreender que cheguei a fé pela decisão de Deus e não pela minha 'suposta' livre escolha, sei que quem me escolheu não está suscetível às mesmas fraquezas que eu e não desistirá de mim! Ele não muda!


A Bíblia afirma que os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis. Se Ele deu, está dado!


porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis. Rm 11.29

Minhas escolhas podem mudar, a de Deus não!


— Porque eu, o Senhor , não mudo; por isso, vocês, filhos de Jacó, não foram destruídos. Malaquias 3.6

Pecadores perdoados por Cristo, conscientes de seu estado, se agarram a realidade da eleição como a suprema segurança de que Cristo os conduzirá seguros à futura glorificação.


Se Deus me predestinou para salvação, eu serei certamente glorificado na ocasião da vinda de Cristo. Nada pode romper essa declaração a meu respeito!


Pois aqueles que Deus de antemão conheceu ele também predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou. Romanos 8.29,30

Por reconhecermos nossa eleição, permanecemos perseguindo nossa santificação e vocação, sabendo que nada nesse universo será capaz de nos separar do amor de Deus a nosso respeito, que está em Jesus Cristo, Nosso Senhor!


Salvo uma vez, salvo para sempre! Quem pertence a Cristo permanecerá até o fim com Ele.


Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. Romanos 8.38,39


A ELEIÇÃO POTENCIALIZA NOSSA VOCAÇÃO



Até compreender a doutrina bíblica da eleição, eu vivi um cristianismo amedrontado, infrutífero, onde minha relação com Deus baseava-se em medo e não em esperança.


Quando me vi um pecador destituído da glória de Deus e aceitei humildemente que a salvação era uma obra de Deus e que o mérito dessa obra era todo dEle, eu encontrei um verdadeiro descanso em Cristo, que mudou minha relação com Deus, com as pessoas e comigo mesmo.


Por causa da doutrina da eleição:


  • Posso desenvolver a minha santificação com temor e tremor, sem medo de ser rejeitado por Cristo, João 6.37;

  • Posso evangelizar com confiança, sabendo que as ovelhas de Cristo ouvirão a voz do Bom Pastor e crerão nEle para salvação, João 10.27

  • Posso amar outros pecadores eleitos reconhecendo que foi o mesmo Senhor que nos escolheu graciosamente, o que me liberta da necessidade humana de querer ser melhor que os outros. Basta para mim ser um eleito de Deus, Romanos 14.4



CONCLUSÃO


Termino essa reflexão afirmando que não devemos tratar a eleição como fatalismo, mas como a garantia de que os salvos em Cristo foram pessoalmente escolhidos por Ele para serem Seu povo.


O evangelho é proclamado a toda a criatura, indistintamente. Os salvos serão salvos porque Deus os escolheu! Os réprobos serão condenados porque amaram mais a vida de pecados do que o próprio Deus!


A condenação é esta: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. João 3.19

Por isso, convido você a abandonar a futilidade de uma vida sem Deus e a ilusão do pecado, para se unir com o povo que herdará a promessa da vida eterna.


Você pode estar se perguntando: como saber se essa promessa é para mim? Não é Deus que escolhe Seu povo?


Eu te respondo com firmeza: sim, é Deus quem escolhe. Mas a prova da escolha é feita pelo desejo de seguir o Bom Pastor Jesus Cristo.


Mas vocês não creem, porque não são das minhas ovelhas. As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo, e da mão do Pai ninguém pode arrebatar. João 10.27-29.

Essa voz, que te chama no íntimo a abandonar o pecado e seguir a Cristo, é o testemunho vivo de que essa promessa é para você! Só chegará aos pés de Cristo aqueles que o Pai amorosamente atrair até Ele.


Cristo chama você! Não se preocupe em ter as palavras bonitas e a atitude certa. Apenas venha!


O evangelho não é sobre a nossa escolha sobre Deus, é sobre a escolha de Deus à nosso respeito. Jesus sangrou na cruz para satisfazer a justiça divina e perdoar você! Ele ressuscitou ao terceiro dia para te declarar justo diante de Deus!


Pesa sobre nós a glória de uma escolha soberana a nosso respeito! E por causa dela, dedicaremos nossas vidas ao Cordeiro até o fim!


Nós somos a geração eleita!



Pastor Sérgio Fernandes

Pastor Titular da IPR

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